
Blog do Comendador Phyntias - Notas, comentários e crítica sobre o Brasil de hoje
terça-feira, 2 de julho de 2013
Opinião
Do "Direto da Redação"
Rui Martins - Jornalista e escritor
Roupa suja se lava em casa
Berna (Suiça) - O Brasil é uma ditadura? Não existe o
direito de protestar e de se manifestar nas ruas no Brasil? Os
eleitores brasileiros não podem eleger seus representantes no
Parlamento? Há presos políticos no Brasil? Não há eleições livres e
secretas no Brasil?
Se suas respostas a essas perguntas forem Não, por que alguns
pretensos líderes da comunidade brasileira na Suíça marcaram
manifestação diante do Palácio das Nações, em Genebra? Ignorância?
Só pode ser, pois o local escolhido, onde existe uma cadeira gigante
com um dos pés destruído por uma mina antipessoal, é o lugar onde
comunidades estrangeiras perseguidas por militares e ditadores, expulsas
de seus territórios ou vítimas de genocídio se reúnem para protestar e
para chamar a atenção da ONU e de todos os países do mundo.
...
Mas protestar contra o governo brasileiro, contra questões envolvendo
a população brasileira, contra os partidos e os parlamentares eleitos
lá do Brasil, me parece um desserviço ao nosso País. É como se
colocássemos o Brasil nu no pelourinho, para os suíços e os europeus
virem.
“Vejam, nós temos políticos corruptos, nosso sistema de saúde é uma
merda, assim como a educação e os transportes!”. Mas vamos falar
francamente, o que os suíços e os europeus têm a ver com isso? A Suíça e
seus bancos estão numa merda muito maior – induziram os milionários
americanos a colocarem suas fortunas nos bancos suíços e agora os EUA
querem não só os nomes dos fraudadores do fisco, mas os nomes dos
funcionários suíços dos bancos que não poderão ir visitar Disneyworld
sob pena de serem presos.
....
Vamos devagar com o andor. É verdade que tem muita gente querendo
tomar uma carona nas manifestações brasileiras, para dar entrevistas à
televisão e aos jornais suíços e europeus. Como é fácil dar palpite de
longe e malhar um governo, quando muitos sequer votaram nas eleições.
Se não me falha a memória, nas últimas eleições presidenciais, só
houve 300 mil votos de brasileiros vivendo no Exterior. E aqui na Suíça,
entre Zurique e Genebra, houve menos de 4 mil votos.
Se os brasileiros no exterior querem se manifestar e protestar, seria
bom se interessarem, em primeiro lugar, pelas questões ligadas à
emigração que lhes afetam diretamente. Há alguma referência a isso nos
slogans programados para Genebra ou nas manifestações já realizadas ?
Não.
Se os emigrantes querem ter parte ativa na política brasileira, não é
só colocar uma camiseta verde-amarela e sair na rua dizendo que o
Brasil é uma merda.
Não é assim, não !
É preciso pedir ao governo para criar o voto por correspondência, é tirando seu título de eleitor e fazendo pressão para os emigrantes elegerem seus representantes em Brasília, onde irão buscar solução para os problemas dos emigrantes brasileiros. E também é necessário protestar contra a tutela política do Itamaraty sobre os emigrantes, denunciando as farsas das Conferências Brasileiros no Mundo e do CRBE e das subvenções que vão para o Itamaraty em lugar de favorecer a emancipação política dos emigrantes. Enfim, é preciso pedir para os emigrantes um órgão institucional independente.
Quanto às questões internas brasileiras, elas devem ser solucionadas e
debatidas dentro do Brasil. O Brasil não é mais a ditadura dos anos 64 a
85, respeita os direitos humanos, permite manifestações nas ruas, tem
eleições livres e secretas, tem tido sucesso na política contra a
miséria e tem aberto as universidades para os negros e índios antes
marginalizados. Por que querer desmoralizar o Brasil aqui fora ?
Um conselho de gente old fashion – roupa suja se lava em casa. Deixe o
pessoal se manifestar e protestar lá no Brasil, dentro de casa. Se
sentir muita vontade de participar, pegue uma avião e vá lá também. Mas,
por favor, protestar aqui na Europa, nos EUA ou no Japão, não tem
sentido.
Imagina só se fosse...
Quando da escolha do Papa que sucederia o renunciante Cardeal Ratzinger, o Papa Benedito XVI, o nome do cardeal arcebispo de São Paulo, Cláudio Hummes surgiu como "papabile" e foi badalado pela mídia brasileira por provável sucessor do alemão.
Foi eleito o argentino Cardeal Giogio Bergoglio que assumiu a cátedra de Pedro com postura e discurso de humildade e uma ainda nem de todo explícita vocação para olhar para os mais pobres.
Agora, no entanto, nas vésperas da Jornada Mundial dos Jovens católicos, as vozes conservadoras já começam a atiçar o Papa para entrar na política brasileira e delas se destaca exatamente a do cardeal de São Paulo que quer fazer parecer ao Papa Benedito que a voz das ruas no Brasil "foi contra o governo o que não é verdade...
Daí a nossa pergunta diante de matéria publicada hoje pelo site Brasil 247: imagine-se só se Claudio Hummes fosse escolhido Papa!!!
Papa endossa protestos e turbina apoio da Igreja
Referência positiva às marchas será feita por Francisco em pronunciamento no dia 22, no Rio de Janeiro, no auge da Jornada Mundial da Juventude; ele deverá falar para mais de 1 milhão de pessoas; Papa foi informado pessoalmente por três cardeais brasileiros, em encontros distintos, em Roma, sobre acontecimentos no país; já vê os protestos como alinhados com o Evangelho; cardeal arcebispo de São Paulo, D. Cláudio Hummes disse ao Papa que marchas nada têm a ver com a presença dele no Brasil; "São contra o governo", informou
A merreca...
Depois que médicos foram às ruas, deixando o conforto de seus cada vez mais luxuosos consultórios e a cobrança de preços absurdos por uma simples anamnese e o Conselho Federal de Medicina chiar com a hipótese do Brasil importar médicos do estrangeiro - prática comum nos países como Inglaterra, França, Itália, estados Unidos e Canadá - o governo anuncia o seu programa.
Com a oferta de salário de dez mil reais o ministro Alexandre Padilha - um dos mais eficiente e sérios ministros de Dilma - espera atrair médicos para as pequenas cidades.
O que o ministro não se dá conta é que hoje, com a especialização da medicina que chegou ao absurdo de nos dar até oftalmologista de olho direito e outro de olho esquerdo e o preço médio das consultas nas grandes cidades se aproximando do salário mínimo, a oferta do governo fica em torno do valor de vinte, no máximo trinta consultas.
Aí vai ter médico falando em "merreca" oferecida pela União. E o jeito mesmo é apelar aos médicos cubanos que ainda praticam medicina social.
Da: Folha de S. Paulo.
Programa para atrair médicos ao interior do país pagará R$ 10 mil
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
O novo programa de fixação de médicos estrangeiros e brasileiros no interior do país e nas periferias vai pagar um salário de R$ 10 mil, informou ontem o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O valor do salário foi fechado durante o fim de semana. É maior que o sinalizado anteriormente pelo ministro.
No mês passado, Padilha afirmou que daria a esses médicos as mesmas condições ofertadas no Provab, programa que oferece pontos na prova de residência ao médico que se fixa em locais de carência de profissionais. A bolsa do Provab é de R$ 8.000.
O ministério diz que, por enquanto, não trabalha com a possibilidade de aumentar o valor do Provab. Mas diz que, além da bolsa, o Provab dá como benefício pontos extra na prova de residência.
A expectativa é que o polêmico programa de atração de médicos, citado pela presidente Dilma Rousseff como resposta "à voz da rua", seja lançado na próxima semana.
Ainda estão sendo fechados o desenho da proposta e as regras --provavelmente uma medida provisória será editada para definir isso e o registro provisório do médico estrangeiro.
Também não está definido o número exato de vagas, o que será fechado após consulta sobre o interesse das cidades. O ministério estima que seja um número próximo a 10 mil médicos.
Puxasaquismo explícito...
O coleguinha Ancelmo Góis, de "O Globo" - tinha que ser, né??? - por vezes erra a mão na sua pauta que sempre tem os olhos postos no andar de cima da Casa Grande.
Hoje ele exagerou. Postou nota que mostra a que ponto chegamos. É o cúmulo da babação de ovo para com a mais nefanda figura na história recente desta sofrida República que não virou "Brazil" por sorte que nos deu um retirante nordestino lá no Planalto:
Gois de papel
A coluna de hoje
Bota o retrato do velho
Acredite. O agravamento da crise política e econômica fez surgir a ideia, em certas rodas, claro, de lançar, de novo, FH, 82 anos, candidato em 2014.
***
Diante da sugestão do jornalista-colunista social, o Comendador não deixou barato:
- Deixa...deixa...
A alergia...
Há coisas que nem o mais preparado dos alergologistas do País daria conta. Uma delas é a ojeriza que une tucanos, demos e ex-comunistas em relação a essa entidade chamada "povo". É só falar de povo que eles se arrepiam inteirinhos.
A presidente Dilma caiu na besteira de ouvir as ruas e acreditou que havia senso público nessa gente. Foi o quanto bastou para que o Aécim Never, dos tucanos; o Agrepepino Maia, dos demos e aquele ex-comunista que é ou foi assessor da Sabesp, o Tal de Bob Freire, desde sempre, dissessem que com esse negócio de povo não tem conversa...
Aí a rede social reagiu, a Agência Carta Maior comenta:
e o Facebook mostra coisas boas como esta:
RESTAURAÇÃO EM MARCHA: 'A RUA JÁ DEU O QUE TINHA QUE DAR
'Dos partidos da oposição, o único que aceitou o convite da Presidenta Dilma para conversar sobre o Brasil e a reforma política foi o PSOL. Demotucanos e assemelhados declinaram. Alegam não ter sobre o que conversar. Faz sentido. Ouvir as ruas é tudo o que o credo neoliberal entende que não deva ser feito nessa hora; em qualquer hora. A democracia para esse sistema auditivo é um ornamento. O oposto do que pensa a tradição socialista: a democracia cresce justamente quando escapa aos limites liberais e se impõe como força normativa aos mercados. Volatilidade é uma prerrogativa dos capitais, replica a visão conservadora. À política cabe a tarefa de calcificar o poder. Editoriais de O Globo, Estadão e Veja, ademais de centuriões da mesma extração, uivam a rejeição à proposta de plebiscito, que Dilma enviou ao Congresso nesta 3ª feira. O que lhes interessava obter das ruas, as ruas já deram. O Datafolha, no calor da Paulista, sentenciou a chance de um 2º turno em 2014. O ‘não' ao convite de Dilma encerra a solidez de uma coerência histórica. A contrapartida cabe à esquerda. A sorte do país e o destino de sua democracia dependem, em grande parte, dos desdobramentos concretos que o diálogo simbólico entre Dilma e o PSOL tiverem na unificação da agenda progressista brasileira. Não apenas para a reforma política, mas para democratizar o crucial debate sobre o passo seguinte do desenvolvimento.
e o Facebook mostra coisas boas como esta:

segunda-feira, 1 de julho de 2013
Sem soletrar...
Direto, curto e claro, circula no Facebook um cartaz com uma das razões pela queda recorde no índice de popularidade do governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, um político que frustrou esperanças dos cariocas e fluminenses ao se aliar ao que há de pior na vida pública do País e se submeter plenamente às demandas globais:
fot Robbin Metzelaar.
A Análise
Do professor Luíz Carlos Bresser-Pereira, ex-líder tucano que,
em
texto publicado pelo site Luís Nassif Online sob o título "Eles não têm
medo da democracia"
As
impressionantes manifestações de junho alcançaram seu objetivo específico, a
revogação dos reajustes dos ônibus, mas, ao contrário das Diretas Já ou da
Primavera Árabe no Egito e na Tunísia, que tinham uma meta clara, a democracia,
os manifestantes querem a melhoria da qualidade da democracia, algo que não se
alcança em um dia.
O
risco é o de aprofundar uma desmoralização dos políticos que, nos últimos dez
anos, se agravou no Brasil, e, assim, afastar ainda mais da política os jovens
mais talentosos. Ora, não há democracia sem política e sem representação.
A
democracia participativa é um objetivo, mas longínquo: enquanto isso, não há
construção social da nação e do Estado sem a intermediação dos políticos.
A
desmoralização dos políticos é uma estratégia liberal clássica; é uma forma
pela qual as elites, que temem a democracia, buscam neutralizar aqueles que em
princípio representam esse povo. É verdade que os políticos facilitam essa
tarefa quando se deixam corromper: não representam seus eleitores, mas seus
próprios interesses e os daqueles que os financiam.
Mas
no Brasil, na última década, a campanha de desmoralização cresceu de forma
brutal. Foi se formando um "consenso" perverso: os políticos seriam
corruptos, não obstante os serviços que já prestaram ao Brasil, e não serem
eles, hoje, piores do que eram no passado.
Um
fato novo agravou o tradicional medo da democracia das elites. Há dez anos,
pela primeira vez na história, o Brasil é governado por uma coalizão de
esquerda.
É
verdade que por uma centro-esquerda social-democrata, que vem atraindo
empresários a uma política desenvolvimentista, mas, de qualquer forma, um
governo que não se deixou cooptar pelas elites liberais. Isto é inaceitável
para elas, e as leva a aumentar a violência da crítica. Esse fato novo talvez
explique a grande perda de confiança no Congresso e nos políticos nos últimos
dez anos. E ajuda a explicar a dimensão das manifestações.
Creio
que elas, afinal, ajudarão a melhorar a qualidade da democracia brasileira, mas
desde que representem uma cobrança aos políticos, e não a desmoralização das
instituições democráticas e dos próprios políticos, algo que não interessa aos
jovens manifestantes, porque eles não têm medo da democracia.
Texto
completo em: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/clipping-do-dia-1046#comments
O feiticeiro
Diz velho ditado que um feiticeiro jamais deve tentar ´proveito no feitiço que faz... Mas, o tal de Paulinho da Força, uma forma neoliberal do antigo "pelego sindical" parece desconhecer tal conceito. Para parecer e ganhar dividendos políticos atiça a matilha e pode ser devorado por ela. Ou então, no mínimo prestar um desserviço à democracia e ao país.
Diz-nos a memória que em 1962 a mobilização fascista e conservadora contra Salvador Allende, no Chile, começou de uma greve de caminhoneiros.
Que, pelo menos aqui, o feitiço vire apenas contra o próprio feiticeiro e não contra todos nós.
Força Sindical aprova greves e protestos para o dia 11; rodovias serão fechadas
A coordenação da Força Sindical divulgou nesta segunda-feira o cronograma do Dia Nacional de Luta com Greves e Manifestações, que acontecerá no dia 11 de julho. De acordo com o grupo, as manifestações ocorrem em todo o Estado de São Paulo e deverão fechar as principais rodovias paulistas, além das marginais Tietê, Pinheiros e a avenida Paulista, na capital.
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