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terça-feira, 31 de maio de 2016

A elite brasileira ainda no século XIX...

Chocado com  matéria publicada pelo Fernando Brito, no seu "Tijolaço" fui conferir no site do jornal El País em português e encontrei lá um relato que mostra a cara e verdade sobre a elite brasileira. Por isso, republico aqui a matéria na íntegra, sem qualquer outro comentário que deixo aos leitores...


A vida de uma babá no clube mais seleto do Rio de Janeiro

Normas do exclusivo Country Clube proíbem as empregadas de usarem os banheiros dos sócios

Babá conta seu dia a dia entre a elite carioca



Babá num clube do Rio.
 

Gabriela* é babá de duas crianças de três anos e ainda não sabe como explicar para elas que os pufes onde elas sentam para assistir televisão no clube privado mais exclusivo do Rio de Janeiro não são para que ela se sente. As almofadonas coloridas da sala de brinquedos não ostentam uma placa de proibição, mas as funcionárias sabem e contam que as “normas invisíveis” que garantem a ordem no Country Clube de Ipanema têm uma função fundamental: “manter cada um no seu lugar”.

“O problema para mim não é sentar no chão, não. Para mim é complicado porque as crianças costumam dormir no meu colo enquanto assistem a TV. Aí, como eu não posso sentar, tenho que fazê-las dormir antes em outro lugar, para depois colocá-las no pufe”, descreve Gabriela. Ela, que nunca seria aceita entres os 850 nobres sócios do Country Clube pois nem poderia pagar os 1.200 reais que custa a mensalidade, passa dias inteiros no clube com os meninos há dois anos. Inclusive na última quinta, feriado ensolarado, enquanto seus patrões ficaram em casa.

A rotina invisível das dezenas de babás que frequentam o Country Clube, um lugar inspirado nas aristocráticas agremiações de cavaleiros da Inglaterra, não importaria a ninguém não fosse a expulsão de uma delas no sábado, dia 20, do banheiro local. A babá em questão estava ali ajudando a dar banho nas três filhas (de 5, 7 e 10 anos) de um dos sócios. 

O caso foi exposto na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo, e montou-se uma polêmica monumental. Enquanto o mundo do século XXI discute a criação de banheiros para transexuais, no Rio do século XIX as babás dos herdeiros dos sobrenomes mais nobres da cidade não podem se misturar com suas patroas. É norma da casa, o banheiro é “exclusivo para sócias, que deixam lá seus pertences”, justificou o clube.

Para elas, vestidas de branco de pés à cabeça, está o “banheiro das crianças até 10 anos”, pois não há lugar específico para funcionários. “Não temos muito tempo de estar indo ao banheiro, mas acaba que várias babás, em uma emergência, usam banheiros restritos. Isso não deveria ser um problema”, opina Gabriela. “Eu nunca fui impedida, mas sabemos que não podemos e acabamos respeitando. Há até quem segura [a vontade de ir ao banheiro]”. Alertado, o Ministério Público do Trabalho abriu uma investigação para apurar se o clube pode ser acusado de discriminação.

Não é a primeira vez que as babás do Country Clube, onde a compra do título de sócio depende de um estrito processo de seleção e o desembolso de cerca 400.000 reais, se sentem discriminadas. “Essa história do banheiro já vem há muito tempo, mas ninguém quis reclamar. A gente trabalha, corremos atrás da criança, damos de comer, damos remédio, brincamos, vestimos, lavamos, dormimos... É triste mas não temos tempo nem de nos sentir ofendidas. Eu tenho conta para pagar”, relata a babá que conversou com o EL PAÍS.

Gabriela tem 29 anos e dedica-se aos cuidados das crianças dos outros desde os 15 anos. Ela dorme no apartamento dos patrões e costuma voltar para a sua casa, a duas horas de ônibus dali, de 15 em 15 dias, pois trabalha feriados e alguns finais de semana. Gabriela tem uma filha de sete anos e um filho de três que, diante a ausência da mãe, são criados pela avó. Ela recebe 1.200 reais assinados na sua carteira, mais outros 1.800 que os chefes pagam por fora. Tem 13º salário e férias. 

Ela gosta dos seus patrões, sente-se bem tratada, mas reclama que muitos dos sócios do clube não dizem nem “bom dia”. “A gente é invisível, sabe? A indiferença com a gente é enorme. A gratidão só sentimos por parte das crianças”, lamenta. A mãe, a tia e a avó de Gabriela, todas babás em famílias ricas, a alertaram depois do episódio do banheiro: "Já foi bem pior. Hoje está ótimo".

“As babás são nossas amigas. A mesma babá que cuidou do meu filho cuida hoje do meu neto”, diz uma veterana sócia do clube que não quer se identificar. “Mas aqui deve ter uma ordem”. Essa ordem parece ser quebrada quando algumas babás fazem “coisas absurdas”. Entre elas, não dar descarga depois de fazer xixi, deixar a tampa do vaso aberta ou dar um grito ao perder a paciência com as crianças. Outras, inclusive, relata a senhora, pedem “a melhor comida” dizendo que é para os meninos, mas são elas que acabam comendo. “A proibição de entrar no banheiro não é para humilhar, é pela ordem para que não vire uma bagunça. Algumas babás não têm educação”, explica a sócia.

Gabriela retruca: “Tá sujo? Olha, eu não estou justificando, mas entre dar uma descarga e ver as crianças correrem e ter que sair às pressas para pegar elas, eu prefiro sair às pressas”. “Se esse for o problema por que ao invés de colocar placas no banheiro dizendo que a babá não pode entrar, não colocam outra placa para dar descarga?, questiona”.

O tom combativo, mas resignado de Gabriela, quebra-se de vez no final da conversa, quando questionada sobre o tempo que ela passa com seus filhos, longe das piscinas e das quadras de tênis. Ela chora. “Perdi o aniversário do meu filho. Era o dia das mães, e eu estava aqui no clube. Trabalhando”.

*O nome foi trocado a pedido da interessada

Um elogio comprometedor...

Este vídeo é autoexplicativo e não precisa sequer de legenda...




Nárcio, tão amigo, está na cadeia por desvio de dinheiro público...

segunda-feira, 30 de maio de 2016

O castigo vem a cavalo...

Dizem os roceiros cá de minha terra que quando a mentira é muito grande, "o castigo vem a cavalo" numa referência talvez ao tempo em que a Guarda do Imperador saia à busca dos infratores em seus vistosos cavalos e deixavam um rastro de punições como exemplo. 

Pois não é que aqui mesmo, nas Geraes, o castigo da mentira veio não a cavalo, mas como a mesma rapidez dos guardas do Imperador, desta vez pela Internet e atingiu em cheio o segundo nome da política que louvou a integridade de sua família, na famigerada sessão da Câmara que votou o impedimento da Presidente Dilma Rousseff. 

A primeira foi aquela deputada federal de Montes Claros cujo marido foi preso por desvios e falcatruas logo no dia seguinte. 

Hoje foi o deputado federal Caio Nárcio (PSDB-MG) cujo pai foi preso pela Polícia Federal por desvios de verbas públicas. 

O mesmo que corre a Rede é: 

Foto de Mídia Ninja.


O pessoal á de Uberlância deve estar é muito "P" da vida com essa figura...

O "Riquinho" existe mesmo...

Nós pensávamos que o personagem "Riquinho" que deu origem à revista do mesmo nome, era apenas criação ficcional, como nos informa o Blog do Xandro que publica o seguinte resumo sobre essa figura dos quadrinhos:  

"Riquinho é um personagem da Harvey Entertainment (a mesma do Gasparzinho) criado em 1953 por Sid Jacobson e Warren Kremer. Ele é o filho único do casal mais rico do mundo"



Mas, estávamos enganados como se vê da notícia abaixo:





Jornal GGN - Michelzinho, como é conhecido o filho do presidente interino Michel Temer, com apenas 7 anos de idade, já é proprietário de pelo menos dois imóveis em valores que ultrapassam R$ 2 milhões. Se em declaração de bens à Justiça Eleitoral, Temer avaliou dois imóveis em apenas R$ 190 mil cada, o preço real estimado pelas propriedades de 196 m² no Edifício Lugano, no Itaim Bibi, zona sul de São Paulo, é de R$ 1.024.802,00 cada, de acordo com a Prefeitura de São Paulo. 
 
Além disso, se postos à venda, os valores de mercado costumam, ainda, ser maiores do que o valor de referência usado pela prefeitura para calcular o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), chegando de 20% a 40% mais caros. Ou seja, as propriedades registradas por Temer em nome de seu único herdeiro somam de R$ 1.229.762,40 até R$ 1.434.722,80 cada, podendo atingir juntas quase os R$ 3 milhões.

O golpe: um crime contra o Brasil

O professor Aldo Fornazieri, cientista político que é responsável pelas mais acuradas análise da situação política do país, em novo artigo no site do Luís Nassif, resume em dois parágrafos toda a atual conjuntura do golpe, colocando a nu participantes, razões e objetivos da aventura antidemocrática em curso: 


"O Brasil está mergulhado numa grave crise institucional, pois além de ter um governo golpista e ilegítimo, um presidente da Câmara suspenso, um Senado eivado de denunciados e investigados e uma presidente legítima afastada, agora se sabe que a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal, que deveriam ser os guardiões maiores da Constituição, estão sob a gravíssima suspeita de terem participado do golpe ou, no mínimo, de terem se omitido criminosamente em face de informações que detinham acerca do andamento da sedição. O crime político dos sediciosos, perpetrado sob a aparência do impeachment, violou a soberania popular e a estrutura constitucional do regime político democrático. Os crimes cometidos pelos golpistas estão mais claramente tipificados na Lei de Segurança Nacional (Lei N. 7.170), herança do entulho autoritário, particularmente nos artigos 1º e 2º.

  A ordem democrática mostra-se frágil no Brasil em face dos ataques de grupos sediciosos das elites. É preciso, assim, que se busque aprovação de uma lei de defesa do Estado Democrático de Direito e da ordem constitucional. Cabe lembrar que o pai do liberalismo político, John Locke, e a Constituição alemã de 1949, defendiam o direito de rebelião popular quando a ordem legal e o Estado Democrático de Direito fossem violados, como ocorre no Brasil no presente momento."


Texto completo: http://jornalggn.com.br/noticia/a-conspiracao-e-o-golpismo-do-stf-e-da-pgr-por-aldo-fornazieri

O Golpe usa a Constituição

Em uma análise surpreendente, Marcelo Neves, professor titular de Direito Público da Universidade de Brasília, mostra a realidade o golpe é dado com a Constituição e para destruir a própria Constituição....

Do Site da Rede Brasil Atual




STF está envolvido no processo do golpe, afirma professor da UnB

Para Marcelo Neves, golpe é fundado numa ideologia, numa criação ilusória de que se está atuando de acordo com a Constituição, quando, na verdade, está se atuando para corroer a Constituição

por Marco Weissheimer 
 
Criselli Montipó/reprodução/unibrasil
marcelos.jpg
Marcelo Neves: golpe envolve parlamentares,TCU, grande mídia 
e Judiciário, incluindo o Supremo Tribunal Federal


Sul 21 – Em dezembro de 2015, Marcelo da Costa Pinto Neves, professor titular de Direito Público da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília e visiting scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Yale (EUA), divulgou um parecer classificando o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, acolhido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), como “inconsistente e frágil, baseando-se em impressões subjetivas e alegações vagas”. “Os denunciantes e o receptor da denúncia”, disse ainda o constitucionalista, “estão orientados não em argumentos jurídicos seguros e sustentáveis, mas sim em avaliações parciais, de caráter partidário ou espírito de facção”. “Denunciantes e receptor afastam-se não apenas da ética da responsabilidade, mas também de qualquer ética do juízo, atuando por impulsos da parcialidade, do partidarismo e da ideologia, em prejuízo do povo brasileiro”, acrescentou.

Passados cerca de seis meses, a abertura do processo de impeachment foi aprovada na Câmara e o mesmo encontra-se atualmente tramitando no Senado, com o afastamento da presidenta Dilma por um período de até seis meses. Enquanto isso, o vice Michel Temer assumiu o governo, trocando não só todo o ministério e escalões intermediários do governo, mas também o programa do governo eleito pelas urnas em 2014. Impeachment ou golpe? 

Em entrevista ao Sul21, Marcelo Neves não tem dúvidas em apontar a segunda opção. “É um golpe fundado numa ideologia, numa criação ilusória de que se está atuando de acordo com a Constituição, quando, na verdade, está se atuando para corroer a Constituição, prejudicando o funcionamento normal da ordem constitucional”, afirma o professor da UnB. Para ele, o processo golpista envolve parlamentares, o TCU, a grande mídia e o Judiciário, incluindo o próprio Supremo Tribunal Federal que, em tese, deveria zelar pelo cumprimento da Constituição:

“Acho que o STF está envolvido neste processo, pois está muito parcial. Ele tem tomado medidas que, às vezes, são muito duras para setores do governo e muito parcimoniosas, lenientes e favoráveis a grupos pertencentes à política tradicional brasileira. Além disso, o STF tem se manifestado e prejulgado casos que ainda vai avaliar”.

O sr. é autor de um parecer, divulgado em dezembro de 2015, que classificou o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff como frágil e inconsistente. Passados quase seis meses da divulgação desse parecer e com o processo de impeachment já tramitando no Senado, como definiria a situação política que estamos vivendo hoje no país?

A situação do impeachment foi uma criação para destituir a presidente que não tem nenhum fundamento. Toda a estrutura desse processo configura o que tem se chamado de golpe, um golpe parlamentar com a ajuda do Judiciário e da grande mídia, que não tem nada a ver com a prática de crime de responsabilidade pela presidente da República. Há vários elementos que apontam no sentido oposto. 

O afastamento da presidente tem a ver, principalmente, com a tentativa de abafar as investigações para que elas não atingissem certos políticos hegemônicos da tradição brasileira. Recentes gravações mostram que a presidente vinha permitindo as investigações sem interferência, deixando o Ministério Público e a Polícia Federal com autonomia para atuar. A questão é que isso incomodava muitos grupos. Um ponto fundamental foi esse.

Outro, evidentemente, é que as políticas sociais incomodavam grupos tradicionais das elites brasileiras. Esses foram os elementos fundamentais. Crise econômica, nós já passamos mais graves no governo Sarney e no governo Fernando Henrique. Isso não justificou o impeachment desses presidentes porque, no presidencialismo, uma política econômica frágil e mal conduzida em certo momento não é suficiente para a destituição do chefe de governo. Isso ocorre no sistema parlamentarista.

As chamadas pedaladas fiscais não configuram caso de crime de responsabilidade. Já existem muitos estudos sobre isso. Além disso, essas pedaladas foram praticadas abundantemente antes pelo próprio presidente Fernando Henrique Cardoso, que abusou de decretos para a abertura de créditos suplementares. 

Na época, o Tribunal de Contas da União só encaminhava recomendações para que as contas fossem saneadas. Nunca houve sequer reprovação das contas, quanto mais um impeachment que implica crime de responsabilidade. Então, o TCU também está envolvido nesta trama, na construção deste casuísmo para enfraquecer a presidente e permitir esse impeachment que, na verdade, fere a Constituição porque a tipificação do crime de responsabilidade inexiste.

No presidencialismo, a destituição de um presidente exige que se caracterize o crime de responsabilidade ou o crime comum, que iria para o Supremo. Mas não há caracterização de crime comum nem de crime de responsabilidade. Então, o que vem se dizendo sobre o golpe justifica-se amplamente.

O sr. concorda, então, que estamos vivendo um golpe em curso ou mesmo já efetivado?

Sim, é um golpe que está em curso e que pode se consumar. Não é um golpe clássico, no sentido estrito do termo, com o emprego de violência. É um golpe fundado numa ideologia, numa criação ilusória de que se está atuando de acordo com a Constituição, quando, na verdade, está se atuando para corroer a Constituição, prejudicando o funcionamento normal da ordem constitucional.

Quais são as possíveis consequências dessa quebra da ordem constitucional para a vida do país no médio e longo prazo?

O que pode ocorrer, caso se consume um abuso desse tipo, é termos sempre um perigo pairando sobre qualquer governo contrário aos interesses das elites dominantes. Esse governo não vai conseguir se manter no poder, pois sempre se poderá recorrer a esse precedente. O grande perigo é que essa prática se torne uma rotina na nossa vida política, tendo como alvo presidentes que tenham uma postura transformadora, vinculada a movimentos populares. Isso cria mais instabilidade inconstitucional no país.

O sr. mencionou a participação do Judiciário neste processo de construção do golpe, juntamente com parlamentares e a grande mídia. O STF, que é a nossa última trincheira constitucional, também foi arrastado para essa crise ou está envolvido ativamente nela. Qual sua avaliação sobre a conduta do STF neste processo do golpe?

Acho que o STF está envolvido neste processo, pois está muito parcial. Ele tem tomado medidas que, às vezes, são muito duras para setores do governo e muito parcimoniosas, lenientes e favoráveis a grupos pertencentes à política tradicional brasileira. Além disso, o STF tem se manifestado e prejulgado casos que ainda vai avaliar. Isso tem acontecido com vários ministros, como Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cármen Lúcia, que se manifestaram dizendo que o que está acontecendo não é golpe. Estão se manifestando sobre algo que eles podem ter que vir a julgar. Isso fere todas as normas de imparcialidade. Eles não poderiam se manifestar sobre o assunto exatamente porque eles poderão ter que julgar se há vícios no processo do impeachment. Eles estão prejulgando ao falar antecipadamente. Isso poderia, em certos casos mais graves, levar até mesmo ao impeachment de um ministro do Supremo se a gente estivesse atuando, realmente, de acordo com as regras do Estado de direito.

Considerando que o STF é o guardião da Constituição, a quem a sociedade pode recorrer quando ocorre uma quebra da ordem constitucional e aquele que deveria ser o principal defensor do Estado de direito se comporta dessa maneira?

Acho que aí vamos precisar dos movimentos populares. Isso tem que vir mais de baixo. A mobilização popular pode pressionar e provocar uma modificação da situação atual e reorientar algumas posições. Como a coisa está ficando tão descarada com as recentes gravações, isso também vai aumentando o constrangimento dos poderes públicos. 

É possível que até mesmo o Supremo se veja constrangido a mudar suas posições e ser mais rigoroso com esses grupos de elites tradicionais, em relação aos quais eles não tomam nenhuma providência em processos que duram de cinco a dez anos. Políticos como Sarney e Renan têm um poder muito grande no Judiciário porque eles definem normalmente quem entra lá. Você não pode ir para o Supremo sem beijar a mão de Sarney. Isso torna muito difícil esses ministros fazerem alguma coisa contra esses políticos que controlam as nomeações para os altos postos do Judiciário.

Toda a estrutura está corrompida. O Judiciário também está corrompido, neste sentido. Agora, a natureza das gravações que estão surgindo pode aumentar o constrangimento desses poderes e, em certo momento, inverter o jogo, pois pode ficar mais difícil justificar certas decisões.

Há alguns dias, o sr. advertiu para o risco do surgimento de um Estado policial no Brasil em função do perfil de Alexandre de Moraes, novo ministro da Justiça de Michel Temer. Qual a dimensão desta ameaça, na sua opinião?

O perfil do atual ministro da Justiça é um perfil muito mais de repressão. A ligação dele com os cargos públicos sempre foi ligada à dimensão repressiva e nunca à dimensão dos direitos. Então, evidentemente, vai haver uma fragilização dessa dimensão dos direitos e uma ênfase na repressão. Isso já foi dito explicitamente e está registrado em gravações. Em uma delas, o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá disse que já tinha falado com os militares para reprimir o MST. Ou seja, há toda uma ordenação de um aparelho repressivo mais eficiente contra os movimentos sociais. Não há pessoa com perfil mais adequado à essa orientação do que o atual ministro.

Na sua avaliação, a Constituição de 1988 deixou alguma fragilidade institucional que está ajudando a desestabilizar a relação entre os poderes e a própria democracia brasileira?

Acho que o problema básico não é a Constituição como texto elaborado. A Constituição sempre deixa um campo aberto para as práticas constitucionais. O problema é a forma como ela foi construída. É claro que é possível pensar novos mecanismos de participação como, por exemplo, para a escolha de ministros do Supremo. Mas isso, me parece, não é o mais importante. O que é mais importante está ligado à prática de funcionamento das instituições. 

Em um país onde existem algumas pessoas muito privilegiadas, que eu chamo de sobrecidadãos, que estão acima da lei, e uma massa de pessoas, que eu chamo de subintegrados ou subcidadãos, que não têm acesso aos direitos básicos, é muito fácil para os primeiros manipular a Constituição. Então, eu penso que é mais o momento da realização, da prática, que acaba deformando a Constituição.

O modelo americano de escolha é muito parecido com o nosso, mas o Senado tem um papel muito sério. Quando um ministro é indicado pelo presidente para assumir a Suprema Corte americana, professores e especialistas são convidados para avaliar esse nome. Há um amplo debate público e funciona relativamente bem. No Brasil, essa indicação virou apenas um jogo particularista de esquemas políticos para colocar uma pessoa que vai corresponder não a uma determinada visão de mundo, mas sim a determinados particularismos de grupos. Aí, realmente, a deformação e a deturpação da Constituição se tornam o problema mais grave no nosso caso.

O “ativismo jurídico” tornou-se uma expressão muito repetida hoje no debate político e jurídico brasileiro. Qual sua avaliação sobre o sentido dessa expressão?

Esse ativismo judicial que seria uma tendência à judicialização da política tem sido entendido como se o Direito se ampliasse no campo político. Essa é uma interpretação um pouco infeliz porque, na verdade, em grande parte o que há é uma politização do judiciário. Não é que o Judiciário, com critérios jurídicos, se amplia e se torna forte para controlar o poder político. No caso brasileiro, há uma dimensão mais grave neste fenômeno: o Judiciário é politizado e acaba se vinculando aos interesses de grupos políticos. Isso é muito mais grave e representa uma ameaça para o próprio funcionamento da democracia. São pessoas com poder vitalício, adquirido sem eleição e sem periodicidade, podando e prejudicando o funcionamento do processo democrático.

O sr. defende a possibilidade de eleição no Poder Judiciário?

Não. Acho que isso seria problemático. O que defendo é que o Judiciário reconheça as suas funções e seus limites, ficando ligado à Constituição e aos critérios constitucionais. Em alguns países como a Suíça, em nível municipal, e os Estados Unidos, os juízes são eleitos pela comunidade. Acho que no Brasil isso seria um tanto catastrófico em função da forma pela qual o nosso sistema eleitoral é conduzido.

sábado, 28 de maio de 2016

Derrubar Dilma de qualquer maneira...

Um dos textos mais instigantes entre os publicados nos últimos dias está a análise de Jefferson Miola no site GGN neste sábado. 

E um diagnóstico do golpe da forma com que foi dado que assusta. Para ilustrá-lo usamos charge do Aroeira também publicada no mesmo site e que mostra a ação de Aécio neves e do procurador Rodrigo Janot.

Ela vai sair de qualquer maneira

Por Jefferson Miola
Que o impeachment sempre foi apenas um pretexto formal para o golpe, isso é sabido desde o imediato pós-eleição de 2014. O PSDB se assumiu como a UDN do século 21, e Aécio Neves vestiu o figurino do “corvo” Carlos Lacerda.
 
No dia seguinte à eleição de cuja derrota não se conformam até hoje, os golpistas não deixaram dúvidas de que poriam em prática o “lacerdismo” radical: não deixariam Dilma governar, desestabilizariam e incendiariam o país e encontrariam uma maneira de golpeá-la.
Com as revelações das conversas gravadas dos delinqüentes do PMDB, fica ainda mais robustecida a prova de que o impeachment foi apenas um pretexto usado pela direita fascista para aplicar um verniz de “legalidade e normalidade constitucional” ao golpe de Estado.
Aliás, baseado no discurso da “constitucionalidade e normalidade institucional” o chanceler-usurpador José Serra enviou uma circular com orientações ideológicas tucanas a todos os postos diplomáticos do Brasil no mundo. Uma tentativa de aparelhar a estrutura do Itamaraty com o objetivo inútil de neutralizar a consciência democrática mundial que associa claramente a farsa doimpeachment da Presidente Dilma a um golpe de Estado.
Em todas as conversas – as gravadas e as não gravadas – a corja golpista agiu unida na visão sintetizada na frase do ex-presidente José Sarney [também um Presidente sem-voto como o conspirador Michel Temer]: “ela vai sair de qualquer maneira!”.

A destituição da Dilma foi meticulosamente planejada. Os golpistas construíram o cenário de crise dramática e incendiaram o país para inviabilizar em definitivo o mandato da Presidente.

Poderiam ter assassinado Dilma, poderiam ter derrubado o avião presidencial, poderiam ter envenenado a comida da Presidente. Poderiam, enfim, tê-la destruído de várias maneiras, mas optaram por derrubá-la com um impeachment fraudulento, “sem sujar as mãos com sangue” de um eventual martírio dela.

Os motivos principais para derrubar Dilma “de qualquer maneira” são muitos, mas vale citar dois deles. O primeiro, para encerrar a Lava Jato. O golpe seria uma espécie de troféu. O impeachment de uma mulher inocente, sem crime de responsabilidade, seria o ápice da Operação do ponto de vista público-midiático, e então ficariam livres para viabilizar o acordo de impunidade dos bandidos que controlam esquemas de corrupção em todas estatais [e não só na Petrobrás] há décadas, desde o período da ditadura militar.

O segundo motivo: precisam usurpar o Poder para conseguirem executar o programa que dificilmente conseguiriam sufragar numa eleição. É o programa já em execução pelo governo usurpador de Michel Temer: arrocho, recessão, privatização, entrega do pré-sal e da Petrobrás às petroleiras estrangeiras, desnacionalização da economia brasileira, fim de políticas sociais, abandono da soberania nacional, destruição da engenharia nacional etc.

Romero Jucá, numa conversa típica de máfias organizadas, foi explícito: “Nós [PMDB,PSDB, DEM etc] temos que estar juntos para dar uma saída pro Brasil ... porque se não estiver, tá todo mundo fodido, entendeu? ”.

Empregando pedagogia nos argumentos criminosos, Jucá explica aos comparsas presentes no encontro mafioso – Aécio, Serra, Tasso Jereissati, Aloysio Nunes Ferreira, Cássio Cunha Lima, Eunício Oliveira e Ricardo Ferraço – porque é melhor o impeachment da Dilma do que a convocação de novas eleições: “Tu achas[pergunta a Aécio] que ganha eleição dizendo que vai reduzir aposentadoria das pessoas?”.

É muito evidente que uma quadrilha tomou de assalto o Poder no Brasil. A democracia, a Constituição brasileira é vítima de uma quadrilha que perpetrou o golpe de Estado para aplicar de maneira selvagem as medidas anti-populares e anti-nacionais que atendem aos interesses do capital internacional que, porém, representam um duro retrocesso para o povo brasileiro.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

O diagnóstico sobre o futuro...

Franklin Martins é um dos mais lúcidos jornalistas em atividade no Brasil. Responsável por muitas e boas propostas na área da comunicação social, especialmente no governo Lula, ele deu entrevista ao jornal "Bafafa" que Fernando Brito publica no seu "Tijolaço" de onde pinçamos uma frase sintomática mas que mostra as possibilidade de futuro do atual "governo interno" do sr. Michel Lulia: 


Esse governo vai sofrer uma instabilidade muito grande porque não é fruto do voto. É fruto de um golpe articulado pelas grandes corporações de mídia, pelos partidos de oposição, pelo Congresso, pelo Ministério Público, parte do judiciário que omitiu-se. O que vai sair do governo Temer? Não vai ter nenhum céu de brigadeiro não. Acho que vai tentar impor um programa de retrocesso que o povo brasileiro não aceitará.



franklin



Franklin não costuma errar em suas análises e nim do texto do qual tiramos a citação ele responde a uma pergunta do jornal em tom definitivo: 


E o Supremo continuará omisso?

Nós temos Supremo?
 

Agora vou de Veríssimo

 Luiz Fernando Veríssimo, em coluna para os jornais comenta a atual situação política no Brasil:

 Quando vamos acordar para a barbárie golpista que ameaça o Brasil?

Verissimo

 

Luiz Fernando Veríssimo


Às vezes imagino como seria ser um judeu na Alemanha dos anos vinte e trinta do século passado, pressentindo que alguma coisa que ameaçava sua paz e sua vida estava se formando mas sem saber exatamente o quê. Este judeu hipotético teria experimentado preconceito e discriminação na sua vida, mas não mais do que era comum na história dos judeus. Podia se sentir como um cidadão alemão, seguro dos seus direitos, e nem imaginar que em breve perderia seus direitos e eventualmente sua vida só por ser judeu.

Em que ponto, para ele, o inimaginável se tornaria imaginável? E a pregação nacionalista e as primeiras manifestações fascistas deixariam de ser um distúrbio passageiro na paisagem política do que era, afinal, uma sociedade em crise mas com uma forte tradição liberal, e se tornaria uma ameaça real? O ponto de reconhecimento da ameaça não era evidente (…). Muitos não o reconheceram e morreram pela sua desatenção à barbárie que chegava.
A preocupação em reconhecer o ponto pode levar a paralelos exagerados, até beirando o ridículo. Mas há algo difuso e ominoso se aproximando nos céus do Brasil, à espera que alguém se dê conta e diga “Epa” para detê-lo? Precisamos urgentemente de um “Epa” para acabar com esse clima. Pessoas trocando insultos nas redes sociais, autoridades e ex-autoridades sendo ofendidas em lugares públicos, uma pregação francamente golpista envolvendo gente que você nunca esperaria, uma discussão aberta dentro do sistema jurídico do país sobre limites constitucionais do poder dos juízes… Epa, pessoal.
Se está faltando algo para nos avisar quando chegamos ao ponto de reconhecimento irreversível, proponho um: o momento da posse do Eduardo Cunha na presidência da nação, depois do afastamento da Dilma e do Temer.

Uma pergunta incômoda...



O site Brasil 247 publica um questionamento feito pelo senador Roberto Requião - um dos mais importantes quadros do PMDB - usando a plataforma do Twiter. 


O senador Roberto Requião, do PMDB do Paraná, disparou críticas contra as últimas do governo interino na manhã desta quarta-feira 25, pelo Twitter.

 "Jucá, entrega do petróleo, cortes na saúde, educação e previdência, fim de bancos públicos, terras para estrangeiros. Nosso PMDB É ISTO?", questionou o senador, em referência a medidas anunciadas pelo governo de Michel Temer.

Em discurso na tribuna do plenário do Senado Federal, senador Roberto Requião (PMDB-PR)

 

 É um questionamento que se faz todo o Brasil mais consciente do que está acontecendo em Brasília...

Nosso vício por charges...

Pois é... Aqui no Blog nós adoramos charges e entre elas as do Aroeira  e do Bessinha sempre têm um lugar garantido, como esta que ontem o "Tijolaço" do Fernando Brito publicou ilustrando texto que fala da mais recente "operação" da Lavajato, denominada "vício" mas que parece ter errado o alvo... 


comido

Esses dois aí da charge - Aécim das Neves e Zezé Helipóptero Perrella -  são brilhantes em suas carreira, né não????

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Ô vida dura, sô...

Fazer televisão ao vivo sempre foi uma das mais difíceis tarefas do jornalismo que eu conheço. O imprevisto e o inusitado sempre cercam aqueles que se aventuram a essa prática tão necessária ao jornalismo. 

Lembro-me bastante da época da TV em preto e branco e sem os recursos do vídeo-tape e das modernas técnicas quando tudo poderia acontecer. 

Mesmo assim, hoje em dia acontecem coisas como esta do vídeo postado Canal Satélite Giratório mostrando que a edição do RJTV não teve como censurar na sua política de apoio incondicional ao "governo" usurpador e provisório... 



E dura a vida de repórter, não é???

O golpe : causa e efeito



Em texto publicado na sua página no Facebook, Luiz Carlos Bresser Pereira, cientista político que foi uma das mais expressivas figuras do antigo PSDB, faz uma análise das razões, origens e finalidade do golpe parlamentar-judiciário e midiático contra a presidente Dilma Roussef. E um texto impressionante pela sua lucidez e pela correta interpretação dos fatos e seus desdobramentos:


falou_e_disse-bresser-duas_tragédias_oposição.pngA verdadeira causa


 

 

Luiz Carlos Bresser Pereira - no Facebook

Diante do afastamento do Senador Romero Jucá, que caiu em uma armadilha preparada pelo senhor Sérgio Machado (é difícil encontrar alguém pior neste Brasil), o PT passou a afirmar paralisar a Operação Lava Jato foi a "verdadeira" causa do impeachment. Não, não foi. Foi uma das causas; é claro que o PMDB e os demais partidos querem paralisá-la, e não se conformavam com a "inação" do PT, mas a principal causa está hoje nos jornais. 

A meta fundamental dos impichadores é reduzir os direitos sociais dos trabalhadores, e o governo informa que, para isto apresentará quatro reformas constitucionais: desvinculação das despesas com educação e saúde da receita e teto para elas; autorização para que os acordos sindicais prevaleçam sobre a legislação trabalhista; desvinculação de benefícios sociais do salário mínimo; e definição da idade mínima para a previdência. 

O objetivo é beneficiar os capitalistas rentistas e financistas - os grandes vitoriosos do momento - para que paguem menos impostos. É reduzir os salários diretos e indiretos.

A justificativa é uma "crise fiscal estrutural". É a tese que a Constituição de 1988 não cabe no PIB. Ora, isto é falso. Entre 1999 e 2012 as metas fiscais foram atingidas. Agora estamos em uma crise fiscal que, de fato, exige ajuste. Mas exige medidas pontuais.
Quanto às reformas constitucionais, é realmente necessário fazer alguma coisa, mas não da forma violenta que está sendo proposta. Uma desvinculação de 20% é razoável, e realmente é necessário estabelecer uma idade mínima de 65 anos, mas com um amplo prazo de carência, porque não há problema fiscal agudo na previdência hoje. 

A desvinculação dos benefícios sociais do salário mínimo não é necessária, mas sua manutenção significa que o salário mínimo não deverá aumentar mais, em termos reais, do que a produtividade. Prevalecer acordos sobre a legislação trabalhista é péssimo para a grande maioria dos trabalhadores, que não têm sindicatos fortes a defendê-los.

A economia brasileira está semiestagnada desde 1990 - ano da abertura comercial - porque a partir de então a doença holandesa deixou de ser neutralizada e as empresas brasileiras passaram a ter uma desvantagem competitiva muito grande. Porque a taxa de juros é muito alta desde a abertura financeira de 1992. Porque essa taxa de juros muito alta implica um custo fiscal de juros para o Estado absurdo - em torno de 6% do PIB, no último ano, 8,7% do PIB. E porque a poupança pública é muito pequena, insuficiente para financiar os necessários investimentos públicos.

Golpe: a viagem...

Todo mundo sabe que Paulo Henrique Amorim e seu "Conversa Afiada" são opositores lúcidos do golpe dado pelo sr. Michel Lulia contra a presidente Dilma Rousseff. O que muitos também não sabem é que Paulo Henrique é um dos mais bem informados jornalistas brasileiros desde quando atuava nas redações de O Globo e do Jornal do Brasil... Suas informações na maioria das vezes vêm dessas fontes e mostram a realidade que poucos conseguem ver. 




A sua  "TV Afiada" é o lado visual dessa capacidade de informação...

Uma eternidade de chapa-branca

Os telespectadores que consideram as emissoras da Rede Globo de Televisão o suprassumo do entretenimento e da informação no país devem estar se perguntando o que vem acontecendo com o "Jornal Nacional o principal noticioso da emissora dos Irmãos Marinho. 

Depois de reservar praticamente uma edição inteira à "posse" do usurpador presidente-interino Michel Lulia, alongando o horário do jornal até 22 horas, ontem foi mais um dia de espetáculo explícito de jornalismo chapa-branca com 19 minutos voltados inteiramente ao sr. Temer e seus planos econômicos para entregar e estragar o Brasil. 

Depois de se firmar porta-voz oficial do PSDB, o JN agora soma o desgoverno federal em seu port-fólio...


E isso acontece quando o próprio sr. Temer acaba com a independência da Tv Brasil e demite todo o seu quadro transformando a emissora pública em extensão da NBR a TV do governo. 

No campo da comunicação, o desmanche e o aparelhamento segue os passos do que acontece em São Paulo, onde até praça os governos tucanos deram de presente à emissora e transformaram a TV Cultura em versão televisiva do Diário oficial do Estado.  

O nível do Golpe agora na educação

Não vou me socorrer do velho bordão "dizei-me com quem andar dir-te-ei quem és"... Mas uma coisa fica evidente na notícia distribuída pelo O Globo como fato relevante, capaz de dar chamada com direito a foto e texto: o "ministro" da Educação, Mendonça Filho não está dando um bom exemplo ao receber o ator e produtor de filmes pornô, Alexandre Frota e dele receber contribuições para a educação nacional. 



Será que o "ministro" pensa em estabelecer na grade do Currículo Unico da Educação Nacional alguma cadeira voltada à pornografia, sadomasoquismo, fetichismo ou coisas tais?

E o O Globo ainda tem revisor para seus textos ou está também nessa campanha pró-pornografia?

A capa















Copiada do Facebook...

O golpismo de Janot



Luís Nassif publica em sua série "Xadrez do golpe" uma frase com a conclusão que está martelando a cabeça de muita gente sobre as razões que levaram o Procurador Geral da República Rodrigo Janot a receber as gravações de Sérgio Machado em março, antes da votação do impedimento de Dilma e só divulgá-las ou permitir seu vazamento agora, depois da Presidente afastada. 




"Não há dúvidas sobre as razões da conversa de Jucá não ter sido divulgada em março: se divulgada, impediria a queda de Dilma. Deixou-se Dilma ir para o cadafalso, com o PGR sustentando que ela e Lula estariam criando obstáculos às investigações. Rodrigo Janot firmou essa convicção, mesmo tendo conhecimento do que estava por trás do golpe."


Pelo andar das interpretações, Rodrigo Janot é peça chave no golpe e isso não está nas funções do Procurador da República. E ato de golpista mesmo. A história cobrará isso do PGR que jogou no lixo uma biografia que ainda era escrita e com a qual nivelou-se aos eduardos cunhas e romeros jucá da vida...

terça-feira, 24 de maio de 2016

O meme do dia..




                                      Em "GIF" do Facebook

Golpe: dois libelos contra o Supremo

O "Diário do Centro do Mundo" publica dois textos que, na realidade, são libelos contra aquela que seria a Corte Constitucional no Brasil e se tornou coautora de golpe e razão de achincalhe da Justiça. 

Eis os textos: 

O responsável pela degradação moral do STF é Gilmar Mendes.


 
Não é uma foto, mas um crime de lesa sociedade: Gilmar com Merval
Não é uma foto, mas um crime de lesa sociedade: Gilmar com Merval

O responsável pela degradação do STF é Gilmar Mendes, uma das heranças malditas de FHC.
Não que outros ministros não tenham dado sua cota. Mas nenhum juiz fez tanto quanto Gilmar para transformar a maior corte do país num grotesco, despudorado palco político.

É por conta sobretudo de Gilmar que é absolutamente crível a afirmação de Jucá sobre a participação do STF no golpe.

Num mundo menos imperfeito, Gilmar já teria sido enxotado do STF há muitos anos. Mas o Brasil é o que é.

Em algum momento Gilmar simplesmente perdeu a noção, o pudor, o senso do ridículo. E começou a fazer política abertamente.

Ele contou com o silêncio de seus colegas de Supremo, que jamais manifestaram publicamente nenhum desconforto com seu comportamento patológico e indecente.

Contou, também, com o apoio da mídia, que jamais produziu um só editorial que lembrasse aos leitores que em nenhuma sociedade avançada é tolerado um juiz tão descaradamente partidário e parcial quanto ele.

A imprensa, na verdade, se mancomunou com ele. É conhecido o episódio em que, numa reunião de pauta do Jornal Nacional, Bonner fala ao telefone com Gilmar para combinarem pautas.

A reunião estava sendo acompanhada por convidados de fora, e um deles registrou a abjeta parceria entre a Globo, por Bonner, e Gilmar. Não é à toa que Glenn Greenwald escreveu nestes dias no Twitter que já via piadas jornalísticas, mas nenhuma como o Jornal Nacional.

A relação promíscua de Gilmar com a imprensa vem de longe. Você vê no Google fotos dele abraçado, em eventos festivos, a jornalistas patronais como Merval Pereira e Reinaldo Azevedo. Foi Gilmar quem liberou a funcionária da Receita Federal que fora presa depois de ser flagrada tentando fazer sumir o processo que provava a fraude e sonegação da Globo na compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002.

Este meme que corre na internet deve muito a Gilmar
Este meme que corre na internet deve muito a Gilmar

Em países não dominados pela plutocracia, a imprensa e a justiça são poderes que se fiscalizam um ao outro. Na pátria de Gilmar e da Globo, os dois poderes se complementam e protegem um ao outro.
Nas sessões do STF relativas ao impeachment, Gilmar jamais perdeu a chance de proferir estridentes discursos contra o PT, mesmo quando eles eram impertinentes.

Por que o PT nunca reivindicou o impeachment de Gilmar diante de seus repetidos descalabros e desafios à lei da magistratura que prevê equidistância pelo menos aparente dos juízes, é um mistério que caberá à posteridade decifrar.

O que desde já se pode dizer é que no futuro, quando o Brasil já não for controlado pela plutocracia predadora de hoje, Gilmar vai servir de exemplo daquilo que não deve ser um juiz.

Com seu palavreado pomposo e envenenado, com seu semblante cínico e debochado de quem confia na impunidade, Gilmar arrastou a imagem do STF para o lodaçal em que ela está enterrada hoje.

Não é um juiz: é uma vergonha nacional.

 *****

O absurdo silêncio do STF sobre Jucá explicita ainda mais o papel da corte no golpe.


 
 
Eles
Eles

A bomba de Romero Jucá repercute mundialmente, expondo a conspiração que levou ao poder a gangue de Michel Temer e Cunha —  e o STF se junta ao PSDB e a Sergio Moro num silêncio cúmplice e eloquente.

Nenhum pio dos onze ministros, nenhuma nota dura ou mole para contar que eles nunca estiveram abertos a pacto para barrar a Lava Jato, como afirmou Jucá. A conclusão, por enquanto, é de que, sim, eles estavam fechados em torno de um acordo político.

Na gravação a que a Folha teve acesso, Jucá diz a Sérgio Machado, ex-líder tucano no Senado, que conversou “com alguns ministros do Supremo”.

“Os caras dizem ‘ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu?”
Mais adiante, o diálogo é o seguinte:
 MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
 JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.

MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.

JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto. […]

O golpe se escancara com os dois pesos e duas medidas do Judiciário. Quando Lula chamou a corte de “acovardada” nos famosos grampos — o que é um chamego perto do estupro constitucional em que Jucá a envolveu —, Celso de Mello partiu para cima com virulência no mesmo dia.

“Foi uma reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes”, acusou o decano, acrescentando que a manifestação de Lula merecia “repulsa”.

“Ninguém, absolutamente ninguém está acima da autoridade das leis e da Constituição de nosso país, a significar que condutas criminosas perpetradas à sombra do poder jamais serão toleradas”.

Ricardo Lewandowski se posicionou com igual rapidez: “Os constituintes atribuíram a essa corte a elevada missão de manter a supremacia da Constituição e a manutenção do Estado Democrático de Direito. Tenho certeza de que os juízes desta casa não faltarão aos cidadãos brasileiros no dever.

Há poucos dias, o falastrão Gilmar Mendes fez questão de, como sempre, responder a Dilma depois que ela afirmou “estranhar” a suspensão das diligências no inquérito que investiga o senador Aécio Neves, que estão sob os cuidados do amigo.

“Posso fazer uma ironia sobre a presidente Dilma? Só vou falar sobre a presidente Dilma nos autos”, ironizou, horas depois.

Ainda que Jucá tenha blefado sobre sua influência no Supremo, o fato é que o que ele prometeu a Machado se concretizou. E o fato de que nenhum dos juízes tenha negado qualquer coisa até agora é mais um sinal de que estava tudo combinado, inclusive com os russos.

Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.