O "Diário do Centro do Mundo" publica dois textos que, na realidade, são libelos contra aquela que seria a Corte Constitucional no Brasil e se tornou coautora de golpe e razão de achincalhe da Justiça.
Eis os textos:
O responsável pela degradação moral do STF é Gilmar Mendes.
O responsável pela degradação do STF é Gilmar Mendes, uma das heranças malditas de FHC.
Não que outros ministros não tenham dado sua cota. Mas nenhum juiz
fez tanto quanto Gilmar para transformar a maior corte do país num
grotesco, despudorado palco político.
É por conta sobretudo de Gilmar que é absolutamente crível a afirmação de Jucá sobre a participação do STF no golpe.
Num mundo menos imperfeito, Gilmar já teria sido enxotado do STF há muitos anos. Mas o Brasil é o que é.
Em algum momento Gilmar simplesmente perdeu a noção, o pudor, o senso do ridículo. E começou a fazer política abertamente.
Ele contou com o silêncio de seus colegas de Supremo, que jamais
manifestaram publicamente nenhum desconforto com seu comportamento
patológico e indecente.
Contou, também, com o apoio da mídia, que jamais produziu um só editorial que lembrasse aos leitores que em nenhuma sociedade avançada é tolerado um juiz tão descaradamente partidário e parcial quanto ele.
A imprensa, na verdade, se mancomunou com ele. É conhecido o episódio
em que, numa reunião de pauta do Jornal Nacional, Bonner fala ao
telefone com Gilmar para combinarem pautas.
A reunião estava sendo acompanhada por convidados de fora, e um deles
registrou a abjeta parceria entre a Globo, por Bonner, e Gilmar. Não é à
toa que Glenn Greenwald escreveu nestes dias no Twitter que já via
piadas jornalísticas, mas nenhuma como o Jornal Nacional.
A relação promíscua de Gilmar com a imprensa vem de longe. Você vê no
Google fotos dele abraçado, em eventos festivos, a jornalistas
patronais como Merval Pereira e Reinaldo Azevedo. Foi Gilmar quem
liberou a funcionária da Receita Federal que fora presa depois de ser
flagrada tentando fazer sumir o processo que provava a fraude e
sonegação da Globo na compra dos direitos de transmissão da Copa de
2002.
Em países não dominados pela plutocracia, a imprensa e a justiça são poderes que se fiscalizam um ao outro. Na pátria de Gilmar e da Globo, os dois poderes se complementam e protegem um ao outro.
Nas sessões do STF relativas ao impeachment, Gilmar jamais perdeu a chance de proferir estridentes discursos contra o PT, mesmo quando eles eram impertinentes.
Por que o PT nunca reivindicou o impeachment de Gilmar diante de seus repetidos descalabros e desafios à lei da magistratura que prevê equidistância pelo menos aparente dos juízes, é um mistério que caberá à posteridade decifrar.
O que desde já se pode dizer é que no futuro, quando o Brasil já não for controlado pela plutocracia predadora de hoje, Gilmar vai servir de exemplo daquilo que não deve ser um juiz.
Com seu palavreado pomposo e envenenado, com seu semblante cínico e debochado de quem confia na impunidade, Gilmar arrastou a imagem do STF para o lodaçal em que ela está enterrada hoje.
Não é um juiz: é uma vergonha nacional.
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O absurdo silêncio do STF sobre Jucá explicita ainda mais o papel da corte no golpe.
A bomba de Romero Jucá repercute mundialmente, expondo a conspiração
que levou ao poder a gangue de Michel Temer e Cunha — e o STF se junta
ao PSDB e a Sergio Moro num silêncio cúmplice e eloquente.
Nenhum pio dos onze ministros, nenhuma nota dura ou mole para contar
que eles nunca estiveram abertos a pacto para barrar a Lava Jato, como
afirmou Jucá. A conclusão, por enquanto, é de que, sim, eles estavam
fechados em torno de um acordo político.
Na gravação a que a Folha teve acesso, Jucá diz a Sérgio Machado,
ex-líder tucano no Senado, que conversou “com alguns ministros do
Supremo”.
“Os caras dizem ‘ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu?”
Mais adiante, o diálogo é o seguinte:
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto. […]
O golpe se escancara com os dois pesos e duas medidas do Judiciário.
Quando Lula chamou a corte de “acovardada” nos famosos grampos — o que é
um chamego perto do estupro constitucional em que Jucá a envolveu —,
Celso de Mello partiu para cima com virulência no mesmo dia.
“Foi uma reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e
arrogantes”, acusou o decano, acrescentando que a manifestação de Lula
merecia “repulsa”.
“Ninguém, absolutamente ninguém está acima da autoridade das
leis e da Constituição de nosso país, a significar que condutas
criminosas perpetradas à sombra do poder jamais serão toleradas”.
Ricardo Lewandowski se posicionou com igual rapidez: “Os
constituintes atribuíram a essa corte a elevada missão de manter a
supremacia da Constituição e a manutenção do Estado Democrático de
Direito. Tenho certeza de que os juízes desta casa não faltarão aos
cidadãos brasileiros no dever.
Há poucos dias, o falastrão Gilmar Mendes fez questão de, como
sempre, responder a Dilma depois que ela afirmou “estranhar” a suspensão
das diligências no inquérito que investiga o senador Aécio Neves, que
estão sob os cuidados do amigo.
“Posso fazer uma ironia sobre a presidente Dilma? Só vou falar sobre a presidente Dilma nos autos”, ironizou, horas depois.
Ainda que Jucá tenha blefado sobre sua influência no Supremo, o fato é
que o que ele prometeu a Machado se concretizou. E o fato de que nenhum
dos juízes tenha negado qualquer coisa até agora é mais um sinal de que
estava tudo combinado, inclusive com os russos.