Depois que médicos foram às ruas, deixando o conforto de seus cada vez mais luxuosos consultórios e a cobrança de preços absurdos por uma simples anamnese e o Conselho Federal de Medicina chiar com a hipótese do Brasil importar médicos do estrangeiro - prática comum nos países como Inglaterra, França, Itália, estados Unidos e Canadá - o governo anuncia o seu programa.
Com a oferta de salário de dez mil reais o ministro Alexandre Padilha - um dos mais eficiente e sérios ministros de Dilma - espera atrair médicos para as pequenas cidades.
O que o ministro não se dá conta é que hoje, com a especialização da medicina que chegou ao absurdo de nos dar até oftalmologista de olho direito e outro de olho esquerdo e o preço médio das consultas nas grandes cidades se aproximando do salário mínimo, a oferta do governo fica em torno do valor de vinte, no máximo trinta consultas.
Aí vai ter médico falando em "merreca" oferecida pela União. E o jeito mesmo é apelar aos médicos cubanos que ainda praticam medicina social.
Da: Folha de S. Paulo.
Programa para atrair médicos ao interior do país pagará R$ 10 mil
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
O novo programa de fixação de médicos estrangeiros e brasileiros no interior do país e nas periferias vai pagar um salário de R$ 10 mil, informou ontem o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O valor do salário foi fechado durante o fim de semana. É maior que o sinalizado anteriormente pelo ministro.
No mês passado, Padilha afirmou que daria a esses médicos as mesmas condições ofertadas no Provab, programa que oferece pontos na prova de residência ao médico que se fixa em locais de carência de profissionais. A bolsa do Provab é de R$ 8.000.
O ministério diz que, por enquanto, não trabalha com a possibilidade de aumentar o valor do Provab. Mas diz que, além da bolsa, o Provab dá como benefício pontos extra na prova de residência.
A expectativa é que o polêmico programa de atração de médicos, citado pela presidente Dilma Rousseff como resposta "à voz da rua", seja lançado na próxima semana.
Ainda estão sendo fechados o desenho da proposta e as regras --provavelmente uma medida provisória será editada para definir isso e o registro provisório do médico estrangeiro.
Também não está definido o número exato de vagas, o que será fechado após consulta sobre o interesse das cidades. O ministério estima que seja um número próximo a 10 mil médicos.