Miguel do Rosário, no seu "O Cafezinho", publica texto sob o título "Colunista da Folha chuta o pau da barraca" para comentar mais um revoltado na Faia do Otavinho:
Enviado por Miguel do Rosário
Ricardo Melo, colunista da Folha, publicou hoje
(ontem, 27) uma fortíssima denúncia contra a parcialidade da Justiça em favor do
PSDB. Eu reproduzo abaixo alguns trechos. Será que Joaquim Barbosa vai
pedir o “ostracismo” para ele?
*
Assim caminha a impunidade
(…)
Ricardo Melo
Vários pesos, várias medidas. Enquanto o chamado mensalão petista foi
julgado com celeridade (considerado o padrão nacional) e na mesma, e
única, instância suprema, o processo dos tucanos recebe tratamento
bastante diferente. Doze anos (isso mesmo, doze!) separam a ocorrência
do desvio de dinheiro para o caixa da campanha de Eduardo Azeredo (1998)
da aceitação da denúncia (2010). Com o processo desmembrado em várias
instâncias, os réus vêm sendo bafejados pelo turbilhão de recursos
judiciais.
Daí para novas prescrições de penas ou protelações intermináveis, é questão de tempo.
(…)
Se na Justiça mineira o processo caminha a passo de cágado, no
Supremo a situação não é muito animadora. A ação contra Azeredo chegou
ao STF em 2003. Está parada até agora.
(…)
Certo mesmo é o contraste gritante no tratamento destinado a
casos similares. Em todos os sentidos. Tome-se o barulho em torno de um
suposto telefonema do ex-ministro José Dirceu de dentro da cadeia.
Poucos condenam o abuso de manter encarcerado um preso com direito a
regime semiaberto. Isso parece não interessar. Importa sim reabrir uma
investigação sobre uso de celular, que aliás já havia sido arquivada.
Resultado: com a nova decisão, por pelo menos mais um mês Dirceu perde o
direito de trabalhar fora da Papuda.
Por mais que se queira, é muito difícil falar de imparcialidade
diante de tais fatos, que não são os únicos. As denúncias relativas à
roubalheira envolvendo trens, metrô e correlatos, perpetrada em
sucessivos governos do PSDB, continuam a salvo de uma investigação
séria. Isso apesar da farta documentação colocada à disposição do
público nas últimas semanas.
Vê-se apenas o jogo de empurra e muita,
muita encenação. Alguém sabe, por exemplo, que fim levou a comissão
criada pelo governo de São Paulo para supostamente investigar os crimes?
Silêncio ensurdecedor.
Mesmo assim, cabe manter alguma esperança na
Justiça -desde que seja a da Suíça.