O assunto está na rede com muitas e muitas menções e comentários. Se tornou "viral" pelo conteúdo de polêmica que envolve. Os blogs também comentam. Pessoalmente, para falar o mínimo, acho injusta a campanha contra a ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos que desmentiu uma pretensa defesa do bandido e que gerou uma série de comentários na rede.
Esta análise - com atualização e correção às 23h59 de 16.10, é bem mais realista:
Esta análise - com atualização e correção às 23h59 de 16.10, é bem mais realista:
O PM que atirou no homem que roubou uma moto é bandido ou mocinho?
A ocorrência em si já teria força suficiente para gerar
burburinho. Sendo acompanhada de imagens então, ganhou as proporções
virais que a internet proporciona e imediatamente causou polêmica, com
reações de aprovação e também contrárias à atuação do PM.
A ação é digna de um game nos moldes do GTA-5 e sonhada por
muitos. O mundo perfeito: uma atuação da polícia “just in time”. O
“perdeu playboy” seguido de um “vai roubar no inferno, maluco”.
Mas o PM agiu correta ou equivocadamente?
Tudo correu dentro do script que se espera de uma atitude
de um policial: presenciou o assalto e realizou a abordagem. Não daria
tempo de ordenar o fantasioso “mãos ao alto”. Essa rendição só acontece
em filmes, o bandido atiraria e não havia outra saída a não ser disparar
primeiro. Em nota, a corporação disse que o policial “demonstrou
preparo e compromisso com a causa pública, defendendo a sociedade de
criminosos violentos”. É sob esse aspecto que a maioria julgou correta a
proatividade do PM e as reações possuem a mesma alegria e entusiasmo
dos comentários futebolísticos da segunda-feira. O popular “bandido bom,
é bandido morto” seguido de aplausos.
Virando o disco, não foram poucas as pessoas que sentiram-se também desconfortáveis com a realidade e a crueldade da violência.
O tipo de produto que estava sendo roubado indica o tipo de
ladrão que protagonizava a cena. Ele não estava roubando comida, não
estava roubando sabonete, ou remédios. Estava roubando uma motocicleta,
uma moto bacana, aliás, que demonstra claramente o “tipo” de criminoso
que é o jovem Leonardo Escarante Santos. Ele não estava roubando um
livro, nada de primeira necessidade. Seu foco são bens de ostentação.
Qual a defesa de um ato desses?
A ação pode ser avaliada como um tanto arriscada e talvez
até desnecessária. O roubo já havia sido concluído, o bem já estava em
poder do ladrão, foi entregue sem resistência e a vítima não corria mais
nenhum tipo de risco. Era necessário atirar? No meio da rua? O veículo
de trás do carro do policial era uma perua escolar! E se algo saísse
errado? Não é a própria polícia que dissemina a escola do “não reaja”?
Ou esta só vale para manter a população sob um clima de temor?
Como no Brasil nada é tão simples quanto parece, talvez devêssemos somar ao debate polarizado algumas perguntas inquietantes.
Por que não sabemos nome do policial até hoje? Não deseja
ser visto como herói ou passaria a correr riscos? Quem é o paisano que
surge de arma em punho após os tiros e parece repreender a ação do PM?
Esses detalhes podem dizer muito mais sobre o quanto a
questão mocinho versus bandido tornou-se complexa. Mas uma coisa é
certa: o anônimo PM fez o que se esperava dele.