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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Entre o ruim e o pior...

A super-exposição que a mídia da Casa Grande concedeu de forma generosa a Marina Silva nos últimos dias nos coloca diante de uma constatação inevitável que nos vem da comparação de personalidades nesse embate que antecede a disputa presidencial. 

                                               

Os nomes levantados até agora, além da óbvia presença da Presidente Dilma, se resumem, em síntese a dois netos cuja biografia tem como ponto alto apenas o fato de serem descendentes de Tancredo e Miguel Arraes - já que as mazelas de seus governos estaduais começam a vir à tona - a ex-serigalista missionária e quase freira Marina Silva e o inefável Zé Serra que todos conhecemos desde seu passado de pseudo-esquerdista presidente da UNE até as passagens nebulosas pelo Chile e Estados Unidos durante o exílio. 

Se Zé Serra encarna hoje o mais descarado projeto neo-liberal de venda do país inteiro ao "deus mercado", Marina Silva começa a mostrar um vazio de ideias que nos leva a considerar, apenas por hipótese ou naquilo que bacharéis em direito chamam de "ad argumentandum" (apenas por argumentação), uma disputa, no campo da oposição, entre o ruim e o pior. 

Creio mesmo que com isso haverá seguro crescimento da intenção de votos em Dilma, à medida que tais mediocridades venham a público falar suas propostas e despejar um festival de besteiras a assolar o país, com a devida evocação de mestre Estanislaw Ponte Preta, o saudoso Sérgio Porto. 

De Marina, fala bem o jornalista Kiko Nogueira no "Diário do Centro do Mundo": 

Marina Silva subverteu, sequestrou e matou a palavra “pragmático”


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Marina Silva precisa devolver a palavra “pragmático” ao dicionário antes que seja tarde.
Em entrevista ao Jô Soares, Marina voltou ao seu quebra cabeça idiomático.
A conversa teve um bom momento. Como era de se supor, foi um papo à vontade, em que o apresentador só levantou a bola para a candidata do PSB cortar. Marina lembrou seus tempos com o ambientalista Chico Mendes, seu mentor, e parecia genuinamente emocionada. Até o tom de voz — alto e professoral, em geral — baixou.
A dureza é quando se entra no chamado campo das ideias. Das propostas. Aí é um deserto de mistificação. E vem sua obsessão: a “governabilidade programática”. A importância, em sua opinião, da separação entre o “pragmático” e o “programático”. É uma conversa para boi dormir, digna dos melhores momentos de Capilé.
Qual é, afinal, o grande problema em ser pragmático? Desde quando isso é uma ofensa? Por que ela quer crucificar o pobre pragmatismo?
Segundo o Houaiss, pragmático é aquele ou aquilo “que contém considerações de ordem prática (diz-se de ponto de vista, resolução, modo de pensar etc.); prático, realista, objetivo”. Na etimologia: “que concerne à ação, próprio da ação; capaz de agir, eficaz”.
Pragmatismo é o “método prático de tratar questões filosóficas, estéticas, literárias, científicas etc”.
Um dos melhores jornalistas do Brasil, JRG, era um pragmático. Sabia transformar um assunto complicado em algo simples de entender. Conseguia encaminhar soluções sem se prender a dogmas. O resultado era bom. Gente que resolve questões complexas — e isso inclui seu prefeito e seu mecânico, eventualmente — pode ser boa para o mundo.
Marina disse alguma palavra sobre mobilidade urbana? Nada. Alguma sobre violência? Nada. Qualquer coisa relevante para o país? Sem resposta. O “pragmático” é o “a nível de” de MS. Fico pensando nas aulas de história dela. Júlio César era pragmático? Napoleão? Maquiavel, certamente…
A conversa fiada de Marina é ruim em si. Mas piora quando ela faz reiteradas tentativas de subverter, sequestrar e assassinar um termo e um conceito para que eles caibam em seu discurso vazio. Se ela fosse mais pragmática, saberia disso. Desconfio, porém, que de tanto usar o pragmatismo de maneira oportunista, ela não conheça mais seu significado.

De Zé Serra não precisa falar muito, né mesmo?