Um bom amigo e vizinho, o Zé do Toco - seu nome civil é José e o sobrenome não o conheço - é um camponês de vasta sabedoria e pouco estudo, mas com tiradas que por vezes nos deixam de queixo caído tanto mostram a inteligência desse homem simples, negro retinto, riso rasgado e face sempre aberta a um sorriso largo e cativante.
Hoje, vendo-o assistir aos discursos dos senadores diante da TV numa "venda" de roça próxima de minha casa, perguntei-lhe se ele estava ao par do que acontece no País...
Zé respondeu de pronto:
- Craro que tô... Nunca vi nos meus setenta (anos) tanta barbaridade com uma muié como essa.. E coisa de dá dó...
Na tela da TV um momento bizarro de discurso de mais um senador que parece querer nos provar que pelo menos numa coisa o golpe armado pelo Congresso, STF e Mídia serviu para nós, eleitores e telespectadores desse circo de horrores em que as TVs transformaram as sessões da Câmara e do Senado.
Na Câmara foi aquilo que se viu, um "show de bandidos" como a classificou jornal estrangeiro. No Senado que deveria ser a casa da sabedoria na evocação de seu nome - senectus - senectude - para lembrar idade, moderação e experiência - uma sequência de agressões ao vernáculo, à História, ao bom senso e ao mínimo de conhecimento que se pediria de um senador da república.
E nós, o povo brasileiro, temos que carregar o estigma desse golpe ao longo do tempo.
E de doer...