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quarta-feira, 27 de abril de 2016

Marta, a velha...


 

Num momento em que todos discutimos legitimidade no Congresso Nacional vem à tona os questionamentos sobre a representatividade dos deputados e senadores e a representação que este exercem em seus mandatos. Diante dos justificativas da lamentável votação do impeachment dia 17 de abril, com seus votos "por minha neta que vai nascer", "pelo coronel Ustra", "pelo meu suplente", "pela minha avó" e coisas tais fica a pergunta: o voto é de representação do eleitor ou pertence ao político eleito? 

Nesse raciocínio, vem a público um texto excelente de autoria de Carlos Souza, publicado pelo Jornal GGN no Luís Nassif Online. Ele fala de Marta Suplicy a senadora que deixou o PT em meio a profunda mágoa por não ter sido ela a escolhida por Lula para sucedê-lo e um ódio aberto a Dilma Rousseff por esta ter sido eleita. 




charge de Lézio Júnior


Este é o texto: 


A Marta é velha

Por Carlos Souza

Semana passada, em pequeno artigo aqui publicado, premonitoriamente afirmei que Marta Suplicy quando chamada a votar não decepcionaria ao Cunha, ao Bolsonaro, ao Temer e aos golpistas em geral e certamente se posicionaria a favor do golpe.

Essa semana o GGN perguntou aos 81 senadores como votariam a questão do impeachment e Marta, como previsto, não decepcionou aos seus aliados golpistas.

O título acima, obviamente, não se refere à idade cronólogica de Marta. A senadora tem, e aparenta, mais de 70 anos, mas ninguém é velho por causa disso. Chico Buarque, Gilberto Gil, Gal Costa e tantos outros, só para ficar no exemplo de pessoas muito conhecidas, também já viveram sete décadas ou mais, e nem por isso envelheceram.

Quando afirmo que Marta é velha, me refiro à tudo que ela hoje representa. Marta é velha por estar ao lado do que há de pior na velhaca política nacional.
Marta é velha por trair ao PT que sempre a prestigiou e sem o qual ela jamais se destacaria na política.

Marta é velha por trair seus eleitores (sinto muito Fernando Morais) que pensavam votar em alguém dígno e progressista.

Marta é velha por estar do mesmo lado de Bolsonaro que apoia a volta da ditadura e defende os torturadores.

Marta é velha por estar do mesmo lado desse e de tantos outros políticos que não respeitam as mulheres e nem querem permitir a elas avanços ou conquistas.

Marta é velha por estar do lado da bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) que é contra o aborto e a liberdade sexual, a favor do preconceito e contra os homosexuais.

Marta é velha por que trai de forma despudorada, seus próprios declarados ideais.

Marta é velha por por praticar o que há de mais velho na política, que é a infidelidade e a traição.

Marta é velha pela traição à Presidente Dilma. Foi ministra prestigiada desse governo que agora ela acusa de ter praticado crimes de responsabilidade.

Marta é velha por apoiar esse futuro governo que antes de assumir já demosntra que virá para acabar com as poucas conquistas obtidas em anos recentes.

Marta vai estar do lado daqueles que acabarão com o Bolsa Família, com o Mais Médicos, com o ProUni, com o FIES, com o Minha Casa Minha Vida e com os reajustes do salário mínimo.

Como escrevi semana passada, Marta que sempre posou de moderninha e a favor da emancipação feminina, vai votar a favor do golpe, para tirar o mandato da primeira mulher eleita presidente no Brasil. Não sei do que posará e que aparência terá daqui prá fente.

Aspectos estéticos, que são relativos e pessoais, não tem nada a ver com política. O excesso de botox pode deformar e tirar a naturalidade de um rosto, mas ainda assim não influi na honestidade e na honra de uma pessoa. Ninguém vira canalha ou fica velho pelo excesso de botox.

Mas Marta pratica a velha política, e por isso Marta é Velha.