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quarta-feira, 27 de abril de 2016

E os aposentados que se danem

Eu pensava em titular este texto com a frase terminando em "f....", mas em respeito aos leitores preferi usar coisa mais branda, mas a verdade é que os aposentados e quem ganha salário mínimo são os que vão pagar a conta do provável futuro governo de Michel Golpista Temer. 

E o que se pode ver em charge que ilustra publicação do Fernando Brito no "Tijolaço" reproduzindo em charge o texto do Programa "Ponte para o Futuro" que Temer e seu PMDB preparam para aplicar no governo. 

Vai ter muita gente que vai se arrepender de ter apoiado a retirada de Dilma do governo. 


danent 















O texto é o seguinte: 

Arrochar os pobres. A única coisa em que Temer é sincero


Meu colega Fernando Molica mostra-se espantado, no Facebook, com a quantidade de pessoas que se assustam com a notícia de que Temer vai reduzir o reajuste do salário mínimo e desvincular dele – para baixo, é óbvio – os proventos de aposentadoria, como publicou hoje o jornal O Dia:

A equipe que prepara medidas para um eventual governo de Michel Temer estudaproposta para desvincular benefícios — incluindo os da Previdência — dos reajustes concedidos ao salário mínimo. Hoje, a maior parte das aposentadorias tem o aumento vinculado ao do mínimo. A ideia é reduzir as despesas com esses pagamentos e evitar a elevação de impostos. Os conselheiros de Temer reconhecem que a medida é impopular, porém necessária, e afirmam que o melhor momento para executá-la é no início da gestão, quando o apoio ao governo tende a ser maior. Outro projeto estudado é eliminar as vinculações constitucionais, como gastos obrigatórios com saúde e educação, que engessam o Orçamento federal.

É que, neste caso, embora esteja sendo desumano, perverso, insensível, cruel e sádico com os mais pobres ee com os mais velhos, Michel Temer está falando o que pensa e quer fazer de verdade.  É um momento de rasgada sinceridade de alguém que é falso, dissimulado e vil.

“Verba volant, scripta manent”, como diz ele, e está escritinho.

Quem está sendo omissiva e mentirosa é a imprensa que, a fim de que a população só o descubra quando a temerária camarilha já esteja no poder, não dá a este fato o destaque e a explicitude que merece.

Explicitude, porque explícito está no documento que, preparado por Moreira Franco – que nós, aqui no Rio, sabemos bem quem é, tanto que o escorraçamos eleitoralmente – serviu como planfleto para Temer lançar sua “candidatura” ao empresariado e ao capital financeiro.

Literal, na página dez do “convite ao golpe” oficial, publicado em letra de forma:

Outro elemento para o novo orçamento tem que ser o fim de todas as indexações, seja para salários, benefícios previdenciários e tudo o mais. A cada ano o Congresso, na votação do orçamento, decidirá, em conjunto com o Executivo, os reajustes que serão concedidos. A indexação dos gastos públicos agrava o ajuste em caso de alta inflação. Nunca devemos perder de vista que a maioria da sociedade não tem suas rendas indexadas, dependendo sempre do nível de atividade econômica para preservar seu poder de consumo. A indexação das rendas pagas pelo Estado realiza uma injusta transferência de renda, na maioria das vezes prejudicando as camadas mais pobres da sociedade. Quando a indexação é pelo salário mínimo, como é o caso dos benefícios sociais, a distorção se torna mais grave, pois assegura a eles um aumento real, com prejuízo para todos os demais itens do orçamento público, que terão necessariamente que ceder espaço para este aumento. 

Está claro? Aumentar salário-mínimo e aposentadoria é uma distorção.

Mais: ganhar menos e trabalhar mais. Está na página 14, sobre a aposentadoria:  “é preciso introduzir, mesmo que progressivamente, uma idade mínima que não seja inferior a 65 anos para os homens e 60 anos para as mulheres, com previsão de nova escalada futura dependendo dos dados demográficos.”

E não pense que os serviços públicos vão suprir, ao menos em saúde e educação, as perdas de renda dos mais pobres. Porque das patas destes animais sai um promessa que vai contra tudo o que a sociedade brasileira deseja: mais verbas para escolas e hospitais. De novo, é literal, na página 9:

“(…)é necessário em primeiro lugar acabar com as vinculações constitucionais estabelecidas, como no caso dos gastos com saúde e com educação, em razão do receio de que o Executivo pudesse contingenciar, ou mesmo cortar esses gastos em caso de necessidade(…)”

Ora, se fosse para dar mais não seria necessário acabar com o mínimo obrigatório, é óbvio. Até a D. Marcela entende isso.

Agora você imagine Temer candidato a Presidente dizendo na TV que ia reduzir o reajuste do mínimo, deixar se desvalorizarem (mais) as aposentadorias, obrigas as pessoas a trabalhar mais tempo e cortar o dinheiro das escolas e hospitais. Nem os 2% do Datafolha um candidato cruel destes teria…

Mas não é preciso tanto. Cinco ou seis dias de manchetes nos jornais sobre isso já o fariam subir a rampa debaixo de tomates e ovos podres.

E porque não as temos?

O tema não merece?

É porque não temos imprensa, temos um partido único nos jornais e na TV.

E um partido, como Temer, inveteradamente golpista.