Neste momento em que um novo golpe se arma é importante rememorar 1964. E, por isso, deixo aqui um meu
registro de texto que publiquei no dia 31 de março de 2014 e reeditado agora na minha página na rede social.
E um pouco de nossa triste história pela qual me vejo em sobressalto por vê-la repetir-se como farsa neste ano de 2016. Mais um golpe de
Estado para nos transformar em República bananeira submissa e humilhada
diante do mundo..
Minha inquietação se dá por um dia que esteve para destruir minha família, jogar-me nos porões da ditadura ou em túmulo sem nome... Eu era líder
estudantil em Minas na época, delegado da União Colegial no Congresso
da UNE, e com 21 anos, fui indiciado no IPM da UNE e interrogado em
Uberlândia, no quartel da 3ºª Companhia do 36º Batalhão de Infantaria de
Ipameri pelo Major Heck e passei meses e anos em que o susto só acabava
quando eu sabia que não serio preso como tantos companheiros de ideal e
sonhos de um Brasil digno de seu povo, sua gente e seu futuro.
Ainda
hoje, como já afirmei em postagem que nos perguntava onde estávamos em
31 de março de 64, eu tenho muito medo de generais de pijama e
torturadores.
Naquele 31 de março de 64 eu ouvia na Rádio Mayrink Veiga
os Comandos Populares do Saulo Gomes e senti que o apoio ao Jango e à
legalidade iria por água abaixo por só vir de artistas e nenhuma
tropa...
E não deu outra... Eu que havia me manifestado pela mesma rádio
em apoio ao Comício da Central em 13 de março, não sabia que viveríamos
a escuridão de 21 anos em que o Brasil se tornou nação subalterna e
agachada diante dos poderosos que se uniram a estrangeiros que chegaram
ao cúmulo de deslocar esquadra para as costas brasileiras para aqui
ditar os rumos de um povo e uma nação.
Que não mais tenhamos a derrota dos ideais de democracia e liberdade que poderiam nos transformar como o querem os golpistas na República Paraguaia do Brasil.