No momento em que está em curso um golpe parlamentar para implantar no Brasil a REPÚBLICA PARAGUAIA DO BRASIL, vale a pena recordar as ocasiões em que a elite brasileira atentou contra as instituições e através do golpe - nas modalidades militar, civil-militar, palaciano e agora parlamentar - romperam a ordem constitucional e agiram de forma a assumir o poder.
Este golpe em 2016 para transformar o Brasil em um grande Paraguai - vale dizer um golpe sem motivação real e fática com objetivo de restaurar no poder a elite que há mais de 500 anos domina o país - é novo na forma pois adota prática adotada a partir do exterior como forma de conquista do poder e que foi primeiro experimentada pelos norte-americanos com sucesso em Honduras e no Paraguai.
Este é o roteiro dos atentados da elite contra o País:
1823 - O primeiro golpe - E tudo começou lá em 12 de novembro de 1823 quando dos debates da Constituinte convocada pelo Imperador D. Pedro I, ocasião em que o próprio governante, insatisfeito com os rumos tomados pelos constituintes usando forças militares dissolveu o Parlamento Constitucional impondo a vontade da elite então governante.
1889 - O segundo golpe - Militares sob a inspiração e dos oficiais republicanos Benjamim Constant e Solon Ribeiro depõem o gabinete parlamentar chefiado pelo Visconde de Ouro Preto e na sequência, proclamam na Câmara Municipal do Município Neutro - o Rio de Janeiro na época - a República transferindo ao Marechal Deodoro da Fonseca, maior autoridade militar na ativa, o comando do golpe contra o Império, expulsando do Brasil D. Pedro II e sua família. O povo assistiu a tudo "boquiaberto e incrédulo" segundo a imprensa. Era a segunda ação da elite, desta vez, militar contra as instituições.
1930 - O terceiro golpe - No bojo de um levante com origem civil e militar envolvendo forças políticas de Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba, o governador gaúcho Getúlio Vargas deflagra o que chamou de revolução liberal com apoio da elite industrial sulista e militarmente marchou contra o Rio de Janeiro dando fim à política do café-com-leite que só elegia presidentes da República paulistas e mineiros. Vargas chegou ao poder como líder civil do movimento que teve base popular no Sul, em Minas e no Nordeste.1934 - O quarto golpe - Um golpe palaciano no qual Getúlio Vargas, usando como motivação a instabilidade política surgida com a revolução consitucionalista de São Paulo em 1932, com apoio militar instaura no país uma ditadura denominada Estado Novo que inicialmente pretendia se referendar com aprovação de uma nova Constituição que só veio a ocorrer com a imposição da carta de 1937. Getúlio representava à época a elite civil-militar da antiga Aliança Liberal. A ditadura durou até 1945.1945 - O quinto golpe - Com apoio integral das Forças Armadas, com destaque ao Exército, os expedicionários que estiveram com a FEB na campanha militar da II Guerra Mundial mobilizam os oficiais superiores da força que depõem a ditadura Vargas num golpe militar típico, embora sem maior consequência contra as instituições já que para logo se convocaram eleições e uma novba Constituinte.
* Em 1954 e 1955 levantes militares com apoio da direita representada pela UDN - União Democrática Nacional e seu principal nome, Carlos Lacerda, pequenos levantes militares com revoltas em Jacareacanga e Aragarças não conseguiram cumprir a agenda da elite. Em contra-golpe, o marechal Henrique Teixeira Lott acabou por depor o vice-presidente Café Filho que assumiu com o suicídio de Vargas, mantendo a sucessão constitucional até a posse de Juscelino Kubitschek em 3 de outubro de 1955. Estes não foram golpes no sentido tradicional.
1961 - O sexto golpe - Com a renúncia do presidente Jânio Quadros, os três chefes militares - ministros da Guerra, Marinha e Aeronáutica - se levantaram contra a posse do vice-Presidente da República até então eleito diretamente pela população que se encontrava na ocasião em missão no exterior (China). De caráter tipicamente militar, o golpe foi frustrado com a oposição civil dp governador gaúcho Leonel Brizola apoiado pelo generral comendante do III Exército Machado Lopes que acabaram por conseguir o retorno de Jano ao País, embora com a imposição apressda de um parlamentarismo derrubado por plebiscito em 1962.
1964 - O sétimo golpe - Depois de longa campanha político, midiática e parlamentar contra o presidente João Goulart, líderes da elite civil, especialmente em São Paulo e da Guanabara, em conluio com militares e apoio ostensivo dos Estados Unidos deflagram um golpe militar a partir de Minas Gerais onde governava o Estado o banqueiro José de Magalhães Pinto. O movimento foi antecedido de passeatas populares financiadas do exterior que culminaram na "Marcha da Família com Deus pela Liberdade " e "Doe ouro para o bem do Brasil" levaram o presidente do Senado federal, Auro de Moura Andrade a declarar vaga a Presidência da República, empossar o presidente da Câmara, Ranieri Mazzili e depois em "eleição indireta" empossar o marechal Humberto de Alencar Castello Branco na Presidência, dando início ao mais sombrio e longo período ditatorial no Brasil. Só em 1985 o país recuperou as liberdades civis e a democracia.
2016 - O oitavo golpe - Mais uma vez, as elites civil e midiáticas do país, em campanha sistemática contra a Presidente eleita por 54 milhões de votos, foi impedida de governar ao longo de um ano e quatro meses de seu segundo mandato em crise que agravou problemas econômicos e levou o país a uma quase conflagração nas ruas. Em 2015, com a posse de um deputado carioca processado em sete inquéritos por corrupção, assume a Presidência da Câmara Federal e em combinação com o vice-presidente eleito na chama de Dilma, o apagado deputado paulista Michel Temer desenvolve-se incentivado por partidos de direita como o PSDB, o DEM e o PPS levam o país a uma crise sem precedentes objetivando a implantação no Brasil da República Paraguaia do Brazil atendendo aos interesses da mesma elite de anos passados e com apoio velado de potência estrangeira que financiou movimentos populares em passeatas e manifestações.
Pelo que se vê, uma triste história de golpes em 194 anos de existência do Brasil como pais livre, uma média de um golpe a cada 25 anos.