Uma antiga história me vem à mente hoje, quando li o texto abaixo, no Portal Luís Nassif. É causo mineiro, dos idos de abril de 1964, lá nas pradarias perdidas de Ituiutaba, no Triângulo.
Conversávamos, o prefeito deposto da cidade, José Arsênio e eu, sobre o golpe que tirou Jango do governo quando perguntei ao político - um fazendeiro inteligente, embora com pouca instrução e agudo como poucos em seus pensamentos - quando ele se dera conta de que seu partido, o PTB getulista, havia perdido a batalha contra os golpistas.
Zé Arsênio, como o chamávamos, parou, pensou no que ia dizer e soltou esta pérola:
- Foi quando ouvindo as rádio eu vi que o Jango só tinha o apoio do Jorge Veiga, da Emilinha Borba, do Vicente Celestino enquanto "eles" tinham o cento quarenta batalhão de infantaria, o 318 regimento de artilharia, o noventa e quatro pelotão disso e daquilo. Aí eu senti que a vaca foi pro brejo....
Pois não é que neste ano da graça de dois mil e quatorze do nascimento de nosso senhor Jesus Cristo eu me deparo com uma situação curiosa, quase igual...
Um grupo de artistas se reuniu em São Paulo para prestar apoio ao Aécim das Neves e o Jornal GGN do Luís Nassif publica um texto que me lembra Zé Arsênio e me faz rir de tanta gente sem noção...
Vejam só:
Lobão e globais reeditam discurso do medo contra governo petista
Jornal GGN - O Teatro Frei Caneca, em São Paulo, recebeu na noite desta segunda (13) uma manifestação de artistas e deputados recém eleitos em prol de Aécio Neves (PSDB). Os veículos de comunicação destacaram que o encontro foi pautada pela reedição do discurso do medo usado por Regina Duarte em outras eleições. Entre brincadeiras e denúncias de perseguição, os participantes falaram que estamos vivendo uma ditadura comunista e que Lula e Dilma deveriam ser enviados para viver em Cuba.Por Renan Truffi, da CartaCapitalEra para ser uma manifestação cultural de artistas e intelectuais em favor do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves. Mas foi o discurso do medo que deu o tom no evento com o cantor Lobão e alguns artistas da Rede Globo, nesta segunda-feira 13, em São Paulo. Para uma plateia de aproximadamente 100 pessoas, o grupo defendeu a ideia de que está em curso uma perseguição por parte do governo contra adversários, uma nova ditadura à espreita, risco de morte, ameaça de golpe comunista e até uma atmosfera stalinista no Brasil. Aterrorizados com esses fantasmas, os convidados falaram em votar, inclusive, no “partido do Satanás” contra a presidenta e candidata PT à reeleição, Dilma Rousseff, e, em último caso, se mudar para Miami, nos Estados Unidos.O ato aconteceu no Teatro Frei Caneca, no shopping de mesmo nome, na região central de São Paulo. Apesar de amplo material de campanha e da presença de alguns membros do PSDB, como os deputados recém-eleitos Floriano Pesaro e Coronel Telhada, além do vereador Andrea Matarazzo, Aécio e seu vice, Aloysio Nunes, não participaram. Também não apareceram Denise Fraga, Regina Duarte, Lima Duarte e Irene Ravache, que estavam convidados. Sobrou para Fulvio Stefanini, Lucia Verissimo e Odilon Wagner “representarem a classe” dos artistas. Já Lobão ficou com os ataques mais incisivos ao PT e o governo Dilma.“Hoje em dia a gente tem uma atmosfera totalmente stalinista no Brasil. Os professores do Estado são todos comunistas”, afirmou o cantor assim que chegou ao evento, em referência ao famigerado líder da União Soviética. Para Lobão, o governo prepara um golpe comunista. “Você não vê o que é a Venezuela, o que está acontecendo na Colômbia, o que está acontecendo na Bolívia, no Equador? A Lei 8.243 institui os sovietes no Brasil”, complementou ao citar o decreto que instituiu o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), que aumenta a participação social nas decisões do Executivo.Ainda na entrada do evento, em um amplo salão no 7º andar do shopping, reservado somente para o evento do PSDB, Lobão disse que corre risco de morte. “Estou na lista negra do PT, estou ameaçado de morte. Se a coisa continuar nessa progressão sistemática, eu forçosamente tenho que sair do Brasil. O partido que está no poder está me perseguindo”, disse em tom alarmante antes de distribuir abraços, atender sorridente os militantes e tirar fotos com todos desconhecidos que pediam.Depois de se encaminharem para o teatro para o início do ato, discursaram Pesaro e Matarazzo, rapidamente, diante de um público modesto e sob uma enorme bandeira do Brasil. Os dois alegaram compromissos para deixar o ato logo em seguida. Telhada fez o mesmo. Foi então que o ator Fulvio Stefanini assumiu o microfone e resolveu contar uma preocupação que tem notado entre os brasileiros recentemente. “O povo brasileiro está descrente. Todos os dias eu vejo gente querendo mudar para Miami [nos Estados Unidos]. É impressionante. Acho que nós deveríamos ficar aqui e dar as passagens para o Lula e para a Dilma. Eles vão, a gente fica”, disse. Antes que pudesse continuar, foi alertado por senhoras de idade da terceira fila que o melhor destino para o ex-presidente seria outro: “Cuba”, gritaram. O ator concordou com a sugestão.Na sequência, Lucia Verissimo foi convidada a falar. Assim como os demais, disse que se sente perseguida, mas não especificou se pelos colegas de profissão, por militantes de outros partidos ou se pelo governo. “Antes eles usavam verde oliva e falavam que iam te matar, agora não”, disse ao comparar a ditadura civil-militar com o governo Dilma. Elogiou, então, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por quem diz ser “enlouquecida”. “Chamo ele de meu imperador”, complementou.Pouco depois, porém, Veríssimo foi modesta sobre suas análises. “Eu não entendo muito de política”. “Se eu contar para vocês tudo o que eu já passei por ser contra (o PT). Já me disseram: ‘se você votar no Aécio, ele vai privatizar até o seu c...’ E eu respondi: ‘mas ele sempre foi privado’”, acrescentou a atriz ao arrancar risos da plateia.O último a falar foi o empresário e advogado Sérgio Dantino. Conhecido por fazer o agenciamento de carreiras de famosos, ele endureceu as críticas ao governo, mas acabou criticando os próprios tucanos. “[Nós] podíamos ser em mais [aqui] se o PSDB e a pessoa que nos atendeu entendesse o espírito da coisa [evento]”, cutucou antes de dizer que o seu interesse maior é tirar o PT do poder, independentemente de por qual partido. “Não tem PSDB ou PSB, não. Nós somos anti. Somos anti-governo”, admitiu. “Se tivesse no segundo turno um partido do Satanás e o PT, eu votava no partido do Satanás”, encerrou com aplausos dos tucanos.