Do Rodrigo Vianna, o "Escrevinhador" no Portal Fórum:
Dilma consolida vantagem; a turma do pessimismo com Economia perdeu o jogo
por Rodrigo Vianna
Enquanto o IBOPE esconde suas pesquisas encomendadas pela Globo (isso
bem na semana em que Dilma vira o jogo), DataFolha publica mais um
levantamento que mostra dois fatos:
1) Dilma consolida vantagem sobre Aécio Neves, que agora chega a 47% x 43%, com 6% de brancos/nulos e 4% de indecisos;
2) é o otimismo com a Economia parece puxar a virada de Dilma.
Impressionante constatar que pessimismo com a Economia brasileira
foi “construído” numa perversa tabelinha entre os grupos financeiros
(que querem derrotar Dilma, pra ter de volta um governo favorável aos
bancos) e os grupos midiáticos – com a Globo à frente.
Os comentários diários de Miriam Leitão e de Sardenberg, único
locutor gago do rádio e da TV brasileira (eles falam na Globo, CBN,no
jornal, na internet – um bombardeio impressionante), somados às
entrevistas com as mesmas fontes (“especialistas”) que pregam sempre a
mesma receita de “corta, esfola e demite”: tudo isso foi criando um
cenário de pessimismo. Parecido com o que se criou com a Copa do Mundo.
Na Copa, quando a bola rolou, o Brasil viu que o terrorismo era só
isso: terrorismo eleitoral mesmo; tudo funcionou bem fora de campo. Na
Economia, dá-se o mesmo: Dilma – só agora – teve tempo na TV e no rádio
para oferecer um contrapeso aos pessimistas. Durante 2 meses apenas!
Bastou isso pra reverter o pessimismo.
O DataFolha da véspera da eleição mostra que a maioria acredita que
inflação vai cair ou ficar como está, e que a Economia vai bem. Ou seja:
o terrorismo midiático – construído pra levar Aécio ao poder – parece
estar perdendo o jogo.
Maior demonstração de que Dilma – se ganhar – precisa enfrentar a
mídia. Deve propor a regulação, deve esquartejar a Globo; e precisa
fazer também o embate diário, com entrevistas, presença permanente, com
disputa do imaginário e do terreno simbólico.
Governo “técnico” é governo derrotado, acuado pelos locutores gagos a pela agenda neoliberal.
Quanto às intenções de voto, note-se que é entre as mulheres –
principalmente – que Aécio sai derrotado. Dilma já possuía ampla
vantagem entre os mais pobres (quem ganha menos de 2 salários mínimos).
Agora, empatou com Aécio na segunda camada (2 a 5 salários mínimos).
Dilma consolida vantagem, pode até abrir um pouco mais: 53% a 47%, quem sabe, nos votos válidos. Isso na pesquisa.
Acredito que, na urna, as abstenções podem fazer com que o resultado seja mais apertado.
Minha previsão – ao início do segundo turno – era de uma diferença na
casa de 1 milhão de votos (a favor de Dilma). A crise da água – que não
pode ser comemorada, vai provocar a desgraça de milhões de paulistas –
deve fazer com que Aécio ganhe por uma diferençar menor em São Paulo.
Com isso, Dilma (que terá vitória estrondosa no Norte e Nordeste)
pode abrir vantagem um pouco maior no quadro nacional. Mas resultado
final será apertado. E a vitória não está garantida.
Aécio e seus aliados na Globo seguirão batendo até domingo. Há
pequenos golpes e contratempos no meio do caminho, e há um debate
mediado por Willian Bonner e comandado por Ali Kamel.
Eleição não se ganha de véspera, ainda mais com diferença tão pequena.
E ainda mais e mais: com a Globo, a Bolsa, os bancos e os Estados Unidos apostando tudo no candidato tucano.
A batalha é dura, e não acabou.