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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A eleição e a fábula...

Do Luís Nassif Online: 

A cenoura e o eleitor

Por Johnnygo

Há uma tentativa de golpe em andamento com as investigações na Petrobras. Os oligopólios da mídia, articulados com setores do Judiciário e do Ministério Público no Paraná, exploram vazamentos de acusações sem provas. As denúncias foram feitas por um ex-diretor da Petrobras. Funcionário de carreira, Paulo Roberto Costa iníciou sua trajetória em altos escalões públicos no período FHC. Foi demitido pela presidente Dilma no segundo ano de seu governo. O novo herói da Globo é um corrupto confesso e delator premiado.

O golpismo branco não é novidade histórica. É manjadíssimo quando militares ficam na moita. Já tentaram aplicá-lo várias vezes. Em algumas deu certo, outras não. Apenas para citar um caso emblemático, o mensalão do PT foi transmitido com estardalhaço pela TV às vésperas do pleito de 2010. Se antes o herói dos moralistas era Roberto Jefferson, gente fina, hoje tempos Paulo Roberto Costa, ilibado cidadão. A mídia oposicionista usa criminosos para fazer jogo sujo eleitoral. Os criminosos, que não são bobos, aproveitam a chance de ouro, o palco oferecido, e conseguem reduzir suas penas. Ganham até credibilidade.

O PSDB enveredou novamente pelo caminho do falso moralismo. Aécio faz pose de estarrecido, impávido. É a natureza. O moralismo é o último refúgio dos que não possuem propostas de governo a apresentar. Pior ainda, o moralismo tem servido de cortina de fumaça para esconder propostas incofessáveis. O truque do golpe moralista é manjadíssimo e não deve dar certo, nem deveria assustar. Por quê?

1. Há corruptos em todos os partidos, todo mundo sabe disso.

2. Há mais corruptos no PSDB. Quem duvida disso deve consultar os rankings divulgados pelo TSE sobre políticos cassados e fichas-sujas barrados nas eleições.

http://jornalggn.com.br/blog/johnnygo/medidas-da-corrupcao-no-brasil
3. Aécio tem telhado de vidro. Aqui, pouparei o leitor para não cair no debate estéril.

4. O governo petista foi o único que cortou na própria carne, com figurões presos (José Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha). Também pouparei o leitor em relação ao mérito da AP 470.

5. Enquanto isso, o mensalão mineiro prescreve nas instâncias inferiores da Justiça, o caso do aecioporto foi rejeitado pelo MP, a máfia dos trilhos em SP só é investigada na Suíça, e assim por diante, num reforpo à impunidade.

6. Os brasileiros querem, no seu pragmatismo aparentemente desordenado, ver as propostas de governo que impliquem melhorias concretas em suas vidas (salário, emprego, inflação, serviços públicos). Começam a desconfiar de factoides políticos. Nas redes sociais, qualquer mito vira farrapo em dias.

Apenas indignação e discurso hidrofóbico não botam comida na mesa.

Talvez a maioria ainda não tenha chegado à conclusão mais óbvia: a única saída para o problema da corrupção se dá pela via institucional. Para combater a corrupção de forma corajosa, é preciso fortalecer Polícia Federal, controladorias, corregedorias, tribunais de contas e Ministério Público. Dar-lhes transparência e autonomia. Mas isso é proposta de Dilma, não do PSDB. O PSDB apenas critica. Ficamos assim, no ambiente eleitoral: um campeonato de acusações, uma briga de bêbados.

O reforço institucional no combate à roubalheira é proposta e, ao mesmo tempo, prática em curso do governo Dilma. De fato, isso é o que interessa: proposta com demostrações práticas de ação. É por isso que vemos hoje tantos processos contra o colarinho branco. E até com gente presa. Mas ainda é pouco, tem que botar pra quebrar, no bom sentido, tudo com o devido rito legal. E sem moralismo de ocasião, por favor, para não cair na história do burro e a cenoura. A história de um golpe. O burro avança, como se avançasse no vazio, a cenoura está sempre lá adiante, fora do  alcance, desviando-o do melhor caminho.