A cenoura e o eleitor
Por Johnnygo
Há uma tentativa de golpe em andamento com as investigações na
Petrobras. Os oligopólios da mídia, articulados com setores do
Judiciário e do Ministério Público no Paraná, exploram vazamentos de
acusações sem provas. As denúncias foram feitas por um ex-diretor da
Petrobras. Funcionário de carreira, Paulo Roberto Costa iníciou sua
trajetória em altos escalões públicos no período FHC. Foi demitido pela
presidente Dilma no segundo ano de seu governo. O novo herói da Globo é
um corrupto confesso e delator premiado.
O golpismo branco não é novidade histórica. É manjadíssimo quando
militares ficam na moita. Já tentaram aplicá-lo várias vezes. Em algumas
deu certo, outras não. Apenas para citar um caso emblemático, o
mensalão do PT foi transmitido com estardalhaço pela TV às vésperas do
pleito de 2010. Se antes o herói dos moralistas era Roberto Jefferson,
gente fina, hoje tempos Paulo Roberto Costa, ilibado cidadão. A mídia
oposicionista usa criminosos para fazer jogo sujo eleitoral. Os
criminosos, que não são bobos, aproveitam a chance de ouro, o palco
oferecido, e conseguem reduzir suas penas. Ganham até credibilidade.
O PSDB enveredou novamente pelo caminho do falso moralismo. Aécio faz
pose de estarrecido, impávido. É a natureza. O moralismo é o último
refúgio dos que não possuem propostas de governo a apresentar. Pior
ainda, o moralismo tem servido de cortina de fumaça para esconder
propostas incofessáveis. O truque do golpe moralista é manjadíssimo e
não deve dar certo, nem deveria assustar. Por quê?
1. Há corruptos em todos os partidos, todo mundo sabe disso.
2. Há mais corruptos no PSDB. Quem duvida disso deve consultar os rankings divulgados pelo TSE sobre políticos cassados e fichas-sujas barrados nas eleições.
http://jornalggn.com.br/blog/johnnygo/medidas-da-corrupcao-no-brasil
3. Aécio tem telhado de vidro. Aqui, pouparei o leitor para não cair no debate estéril.
4. O governo petista foi o único que cortou na própria carne, com figurões presos (José Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha). Também pouparei o leitor em relação ao mérito da AP 470.
5. Enquanto isso, o mensalão mineiro prescreve nas instâncias inferiores da Justiça, o caso do aecioporto foi rejeitado pelo MP, a máfia dos trilhos em SP só é investigada na Suíça, e assim por diante, num reforpo à impunidade.
6. Os brasileiros querem, no seu pragmatismo aparentemente desordenado, ver as propostas de governo que impliquem melhorias concretas em suas vidas (salário, emprego, inflação, serviços públicos). Começam a desconfiar de factoides políticos. Nas redes sociais, qualquer mito vira farrapo em dias.
Apenas indignação e discurso hidrofóbico não botam
comida na mesa.
Talvez a maioria ainda não tenha chegado à conclusão mais óbvia: a
única saída para o problema da corrupção se dá pela via institucional.
Para combater a corrupção de forma corajosa, é preciso fortalecer
Polícia Federal, controladorias, corregedorias, tribunais de contas e
Ministério Público. Dar-lhes transparência e autonomia. Mas isso é
proposta de Dilma, não do PSDB. O PSDB apenas critica. Ficamos assim, no
ambiente eleitoral: um campeonato de acusações, uma briga de bêbados.
O reforço institucional no combate à roubalheira é proposta e, ao
mesmo tempo, prática em curso do governo Dilma. De fato, isso é o que
interessa: proposta com demostrações práticas de ação. É por isso que
vemos hoje tantos processos contra o colarinho branco. E até com gente
presa. Mas ainda é pouco, tem que botar pra quebrar, no bom sentido,
tudo com o devido rito legal. E sem moralismo de ocasião, por favor,
para não cair na história do burro e a cenoura. A história de um golpe. O
burro avança, como se avançasse no vazio, a cenoura está sempre lá
adiante, fora do alcance, desviando-o do melhor caminho.