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sábado, 10 de maio de 2014

O mantra...



Em matéria especial para a Agência Carta Maior, Marco Aurélio Weissheimer transcreve sua análise de obra lançada pelo economista Gérard Duménil autor de “A Crise do Neoliberalismo”, que esteve no Brasil para a edição de seu livro. Nela, duas frases definem de uma forma definiotiva o suplício a que somos submetidos diariamente com a mídia comprometida que se tornou apêndice dos partidos de oposição no Brasil com sua grita por menos emprego, menor atuação social do governo e predomínio do deus mercado sobre o País. 


Divulgação

O economista francês Gérard Dumenil, que veio ao Brasil lançar seu livro sobre a crise do neoliberalismo, fala sobre essa verdadeira religião do mercado.

Duménil previu dificuldades para o Brasil nos próximos anos, mas apontou diferenças existentes no conjunto das políticas implementadas aqui, em relação ao que ocorre hoje principalmente na Europa, onde a preocupação central é reduzir os gastos dos governos, discurso adotado pela oposição ao governo Dilma e pela maioria dos meios de comunicação. O economista francês, aliás, manifestou surpresa com a manchete da entrevista que concedeu ao jornal Zero Hora: “Na entrevista, eu falei mais de 20 minutos e na última frase levantei uma hipótese sobre as dificuldades que o Brasil pode enfrentar. Pois essa última frase virou a manchete da entrevista”. Questionado sobre o papel da mídia no sistema neoliberal, Duménil disse:  “É horrível. Eu tomo meu café da manhã na França ouvindo rádio. Não sei como meu estômago aguenta. Tento ler um pouco o Le Monde, mas está cada vez pior. É pura propaganda. Repetem o mesmo mantra: diminuir os custos do trabalho e cortar os gastos sociais. Não há alternativa, repetem à exaustão”.

“Nós precisamos sair do neoliberalismo”, concluiu Duménil. “Isso significa mudar a forma de administrar as empresas, mudar as regras do comércio exterior e controlar os movimentos de capitais. Isso exige uma luta política muito forte”. O neoliberalismo, assinalou, é resultado de uma construção de muitos anos, que começou no pós-guerra e se consolidou a partir dos anos 70. Hoje, apesar da crise, esse modelo segue forte e conta com um trabalho de propaganda diário executado pelos meios de comunicação, que se tornaram um braço ideológico e também econômico do neoliberalismo. É isso que explica que, no café da manhã que Duménil toma na França ou no café da manhã que alguém toma em Porto Alegre, escute-se o mesmo mantra no rádio, nas televisões ou nos jornais (ou na internet): diminuir os gastos do governo, cortar gastos sociais, diminuir os custos do trabalho. Aí está o resumo da disputa eleitoral deste ano no Brasil.


texto completo em: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Dumenil-e-os-mantras-neoliberais-cortar-gastos-sociais-reduzir-custos-do-trabalho/7/30891