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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Para Marcelo Deda

  Por nossa homenagem a um homem digno que deixou o Brasil mais pobre, um texto colhido  no Luís Nassif Online:

Foto de Partido dos Trabalhadores.
 

 

 

 A morte de Deda e o exercício do ódio

Quando o delegado Romeu Tuma morreu, vetei qualquer celebração de sua morte aqui no blog. Custou-me ataques de radicais inescrupulosos.

Dá arrepio as celebrações pela morte do governador sergipano Marcelo Deda. Na última vez que estive com ele, alguns anos atrás, mostrou-se orgulhoso o filho caçula, com síndrome de Down, dizendo-me que era a alegria da casa.

Independentemente do caráter das pessoas - e Deda era um homem e político diigno - um dos poucos sentimentos que unem homens e animais é o do constrangimento em relação a morte.

Anos de luta  política inclemente, com o exercício reiterado do ódio, criaram uma geração animalesca, que se diz presente nas redes sociais celebrando a morte de um pai de família.

Por Mirane Albuquerque, pelo Facebook
há 10 minutos ·
Não me recordo qual era o ano, nem vou olhar no google. Lembro-me bem quando o filho do ACM morreu, abruptamente, de um ataque cardíaco. A despeito de todas as divergências políticas implicadas, meu sentimento foi de choque. Uma pessoa jovem, deixando a família arrasada, uma vida que não cumpriu todos o seu potencial, mesmo que uma parte significativa deste fosse radicalmente contrário aos meus ideais. Senti pena vendo aquele homem tão poderoso, de quem sempre discordei e de cujo legado discordo, despido, naquele instante doloroso, de toda sua pompa. Era somente um pai, destruído, ao lado do caixão do filho morto prematuramente.

Essa recordação hoje está muito presente, após ler os comentários mais odiosos e torpes, em alusão à morte de Marcelo Déda. Também houve inúmeros assim, quando outro dia foi a vez de Luiz Gushiken. E, infelizmente, muitos haverá, talvez em breve, se José Genoino não aguentar o tranco. Alguns anos atrás, teve gente comemorando o câncer de Lula e, depois, de Dilma.

Eu pensava que sabia o que era ódio, mas descubro que não sei. Quantas vezes eu disse "eu odeio" sem ter noção. Eu achava que odiava meu pai, quando adolescente, toda vez que ele me proibia de ir a uma festinha ou de namorar determinado garoto. Eu achava que odiava jiló. Eu achava que odiava um ou outro namorado que me decepcionou. Eu achava que odiava este ou aquele político contrário à minha ideologia. Eu achava que odiava amarelo. Eu achava que odiava o Flamengo (rs).

Amadora, isso é o que eu sou, e sempre fui, em matéria de ódio. Eu e, felizmente, "a torcida do Flamengo", como se diz, a grande maioria do povo brasileiro.