De minha parte,
limito-me a perguntar aos meus atentos botões: Eduardo Campos sabe avaliar os
riscos precipitados nas circunstâncias pelo inevitável apoio que uma chapa
Eduardo-Marina, ou vice-versa, receberia de jornalões e quejandos?
Governador de Pernambuco, Campos mostrou bom serviço, reelegeu-se com folga e ganhou dimensão nacional, a ponto de surgir como pretendente à Presidência, embora nas pesquisas consiga por ora porcentagens bastante modestas. A linhagem familiar o beneficia e o entendimento entre socialistas e petistas que vingou até anteontem parecia de todo impecável.
Ouço um murmúrio, aproximo o ouvido. Os botões sussurram um nome inesperado: José Serra, José Serra... Estou perplexo. Eles escalam decibéis, afirmam no tom de Hercule Poirot quando desvenda as razões de um crime e aponta o responsável: “Foi o apoio da mídia que empurrou Serra para a direita”. Sou forçado a concordar. Sublinho, entretanto: apoio buscado ardorosamente por ele próprio e que não lhe foi regateado com a certeza do retorno. Tal havia de ser, concluo, a postura que o agradava ao cabo de uma longa carreira política percorrida em boa parte sobre trilhos diferentes.
Estranhas situações vividas no país da casa-grande e da senzala, onde as ideologias tiveram significado para poucos, pouquíssimos, enquanto valia para os demais a busca do poder pelo poder. Exemplares, no pós-ditadura, os tucanos liderados por Fernando Henrique Cardoso. Para se afastar de Ulysses Guimarães, ele inventou uma nova legenda, a contar, inclusive, com a boa-fé de um ou outro companheiro. Enfim, candidato à Presidência, Antonio Carlos Magalhães apressou-se a avisar com o sorriso na ponta dos lábios: “FHC não é tão de esquerda assim...”
De fato, o príncipe dos sociólogos comandou um governo de direita, com a devida subserviência às vontades americanas e aos ditames neoliberais. Em 2002, às vésperas da campanha eleitoral, ouvi de Serra que ele faria um governo muito mais à esquerda daquele de Lula. Palavras. Como isso se daria? Seria capaz de contrariar os jornalões que o queriam presidente? De confrontar-se com Octavio Frias, o velho, ou com o doutor Roberto?
Governador de Pernambuco, Campos mostrou bom serviço, reelegeu-se com folga e ganhou dimensão nacional, a ponto de surgir como pretendente à Presidência, embora nas pesquisas consiga por ora porcentagens bastante modestas. A linhagem familiar o beneficia e o entendimento entre socialistas e petistas que vingou até anteontem parecia de todo impecável.
Ouço um murmúrio, aproximo o ouvido. Os botões sussurram um nome inesperado: José Serra, José Serra... Estou perplexo. Eles escalam decibéis, afirmam no tom de Hercule Poirot quando desvenda as razões de um crime e aponta o responsável: “Foi o apoio da mídia que empurrou Serra para a direita”. Sou forçado a concordar. Sublinho, entretanto: apoio buscado ardorosamente por ele próprio e que não lhe foi regateado com a certeza do retorno. Tal havia de ser, concluo, a postura que o agradava ao cabo de uma longa carreira política percorrida em boa parte sobre trilhos diferentes.
Estranhas situações vividas no país da casa-grande e da senzala, onde as ideologias tiveram significado para poucos, pouquíssimos, enquanto valia para os demais a busca do poder pelo poder. Exemplares, no pós-ditadura, os tucanos liderados por Fernando Henrique Cardoso. Para se afastar de Ulysses Guimarães, ele inventou uma nova legenda, a contar, inclusive, com a boa-fé de um ou outro companheiro. Enfim, candidato à Presidência, Antonio Carlos Magalhães apressou-se a avisar com o sorriso na ponta dos lábios: “FHC não é tão de esquerda assim...”
De fato, o príncipe dos sociólogos comandou um governo de direita, com a devida subserviência às vontades americanas e aos ditames neoliberais. Em 2002, às vésperas da campanha eleitoral, ouvi de Serra que ele faria um governo muito mais à esquerda daquele de Lula. Palavras. Como isso se daria? Seria capaz de contrariar os jornalões que o queriam presidente? De confrontar-se com Octavio Frias, o velho, ou com o doutor Roberto?
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Texto completo em http://www.cartacapital.com.br/revista/770/o-efeito-serra-8618.html