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sábado, 5 de outubro de 2013

Vai uma manipulação aí???...

A matéria publicada pelo portal de "O Estado de S. Paulo" -o "Estadão" - apesar da linguagem sempre empolada do economês, mostra bem a que ponto o "deus mercado" chegou nessa globalização que pune os mais pobres e os países em desenvolvimento. 

Não será surpresa se no meio disso estiver algum figurão tucano de alta plumagem, desses que deixaram o governo e o Banco Central para montar suas tendas de camelotagem com o câmbio, coisa assim tipo dos Armìnios, Malans, Mailsons e outros do mesmo calibre...

Suíça investiga manipulação no câmbio

Denúncia é de que os valores das moedas estariam sendo manipulados em contratos de câmbio que chegam a US$ 5,3 trilhões por dia 


Jamil Chade, correspondente

GENEBRA - Bancos internacionais estariam manipulando de forma coordenada a taxa de câmbio de moedas pelo mundo, num novo escândalo que atinge o setor financeiro. As autoridades suíças anunciaram que abriram investigações em relação às suspeitas de que grandes instituições financeiras mundiais estariam se colocando de acordo sobre a taxa cobrada para cada moeda estrangeira, influenciando também os valores das moedas de países emergentes, como o real. 

Por dia, os grandes bancos vendem e compram trilhões no mercado de câmbio. A suspeita agora, porém, é de que os valores desses contratos e dessas moedas não flutuam livremente, mas seriam fixados pelos bancos em pelo menos dois momentos do dia. 

Segundo as autoridades financeiras da Suíça, país que concentra um dos maiores polos de bancos do mundo, "múltiplas instituições pelo mundo" estariam implicadas no novo escândalo. Há um ano, os bancos já foram pegos manipulando a Libor - taxa do mercado financeiro de Londres e uma das principais referências de juros no mundo -, o que resultou em condenações afetando Barclays, UBS e vários outros bancos. 

Por causa dessa fraude, o banco suíço UBS recebeu uma multa de US$ 1,5 bilhão e o britânico Barclays foi multado em US$ 450 milhões. 

Os suíços indicaram que a investigação não está ocorrendo apenas no país e que governos de várias partes do mundo estão colaborando. Por enquanto, os investigadores não revelam nem os nomes do bancos afetados nem os países. Bancos como o UBS e o Credit Suisse se recusaram a comentar o caso e se fazem parte da investigação. 

Em junho, autoridades britânicas já haviam indicado que estavam preocupadas diante de suspeitas de que funcionários de bancos estariam trocando informações entre eles e usando até mesmo ordens de clientes de compra e venda de moedas estrangeiras para manipular a taxa base do mercado de câmbio. 

Oficialmente, as taxas de câmbio são estipuladas a cada dia por meio de uma análise em momentos predeterminados do dia dos volumes de negócios envolvendo os maiores bancos do mundo. 

A suspeita recebida pelas autoridades é de que operadores (traders) de bancos estariam se coordenando não apenas para trocar informação, mas para atuar justamente nesses momentos de avaliação, comprando ou vendendo moedas e, assim, influenciando em seu valor. Em Londres, por exemplo, os horários mais importantes para fixar a taxa são às 11 horas e às 16 horas.

Guerra. Nos últimos anos, moedas passaram a estar no centro das atenções internacionais. Primeiro por causa da cruzada que o governo brasileiro lançou, acusando países ricos de promoverem uma "guerra de moedas". Nesse caso, o Palácio do Planalto não apontava o dedo para bancos, mas sim para governos que, inundando os mercados de liquidez, acabaram fortalecendo o real e prejudicando a competitividade das exportações nacionais. 

Mas o mercado de câmbio ganhou uma nova dimensão nos últimos anos diante da crise e da fuga de investidores do setor imobiliário e outros ativos para moedas. Segundo o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), organização internacional responsável pela supervisão bancária, o volume diário de contratos de câmbio pelo mundo chega hoje a US$ 5,3 trilhões. Em 2010, esse volume era de US$ 4 trilhões.

Londres é ainda o centro do comércio de moedas, com 41% do mercado. Mas centros importantes como Suíça, Hong Kong e Cingapura estariam ganhando espaço.