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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Denúncia

Empresa pública patrocina propaganda política

Por Carlos Alberto L. Andrade

 
Carlos Alberto Sardenberg - GloboNews

É bem sabido por todos os telespectadores que os jornais e informativos da GloboNews, emissora de TV paga das Organizações Globo têm uma posição crítica exacerbada em relação ao governo federal e aos partidos de esquerda em uma linha editorial criticável, embora não ilegal.

Um fato no entanto começa a mudar essa tendência com a aproximação da campanha eleitoral para a Presidência da República em 2014: a emissora muda o viés de seu noticiário e dá os primeiros passos para transformar seus informativos, ditos jornalísticos, em espaço de propaganda política. E mais: um desses noticiários, o "Jornal das Dez", apresentado por Mariana Godoy é a ponta de lança desse processo de envolvimento político direto da emissora na campanha eleitoral e o faz com patrocínio de uma empresa pública, a Petrobras.

Na edição desta quinta feira, dia 26, o comentarista de economia da emissora, Carlos Alberto Sardenberg com o pretexto de comentar jornalisticamente a publicação da revista britânica "The Economist" com capa e matéria questionando a economia brasileira, afirmou textualmente que a matéria da revista inglesa mostra que o Brasil só estará melhor "com outro governo" seguindo-se com diatribes contra o atual governo e fazendo clara apologia de troca de titulares da Presidência.

Até onde entendo, a fala do comentarista se insere não em análise econômica, mas em clara referência política com partidarismo assumido abertamente contrário à atual Presidente, em distorção jornalística que fere os mais singelos princípios do exercício da profissão. E fere também diretamente a Lei elitoral ao antecipar campanha política em período vedado a isso.

E o pior dessa evidente campanha eleitoral é o fato de a Petrobras, uma empresa pública, patrocinar propaganda política antecipada em época não permitida por lei, favorecendo assim a prática de uma ilegalidade que tem sido severamente punida pelos nossos tribunais até mesmo com perda de mandato para alguns políticos eleitos que fixzeram uso desse expediente. 

Não importa se a propaganda é a favor de A ou B ou contra C ou D. O que não é admissível é que uma empresa que pertence, pelo menos teoricamente, ao povo brasileiro patrocine - seguramente com alto custo e generosas verbas - propaganda eleitoral de quem quer que seja, não importa se Dilma Rousseff, Aécio Neves, Marina Silva ou até mesmo do pernambucano neto de Arraes.

Com a palavra a Sra. Graça Foster, atual presidente da Empresa, de quem esperamos não as costumeiras lenga-lengas de "liberdade de expressão" e coisas tais. Por brasileiro que já foi acionista da Petrobras, protesto contra esse uso de verbas da companhia para patrocinar candidaturas à Presidência da República, mesmo aquelas travestidas de pseudo análises jornalísticas dos notórios "comentaristas " e "especialistas" que se utilizam dos "jornais das dez" e dos demais noticiários da emissora para levar campanha eleitoral às ruas e aos desavisados telespectadores que não se dão conta da manipulação a que são submetidos por tais "jornalistas econômicos" e seus colegas.

Com a palavra também a Sra. Ministra Carmem Lúcia, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a quem também levo a denúncia de estar a GloboNews a fazer propaganda político-eleitoral antecipada em seus telejornais.