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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A choradeira do império...

A revista britânica "o economista" sempre foi a voz e a palavra do deus mercado no país que inventou a especulação e sangria de países e povos para o enriquecimento de uma minoria de magnatas na City londrina e arredores. Foi bem copiada depois, quando "o império no qual o sol nunca se põe" ruiu, pela sua antiga colônia na América. 

Pois não é que a revistinha agora deu para chorar a decadência do Reino!!!...

Não vamos perder noites e noites de sono por causa disso... O Miguel do Rosário no "O Cafezinho" e o "Tijolaço" do Fernando Brito mostram que não vale a pena perder nem meia hora de sono...


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The Economist: abatendo o Cristo que está saindo de sua órbita?

26 de setembro de 2013 | 14:36

Publico, abaixo, post de meu companheiro Miguel do Rosário, em seu blog O Cafezinho, sobre a próxima capa da revista The Economist, que – depois de um ano de catastrofismo tupiniquim – resolveu aderir ao coro dos urubus. Não sei se atrasada, não sei se mandada pelos “primos” americanos, ou mesmo por estar de “bico” pelas petroleiras inglesas terem ficado fora de Libra, a revista escolheu má hora para entrar no coral urubulino: justo quando os sinais da atividade econômica começam a dar sinais mais fortes de ascensão.
Rosário, você vai ler, desmonta a história com dados e comparações. E eu, assim que puder, volto ao tema para falar o que acho: eles não ficam muito satisfeitos quando percebem que algum cristo tem a ousadia de estar saindo de sua órbita e tomando seus rumos.

Resposta ao ataque da Economist ao Brasil

Miguel do Rosário
Parece até brincadeira, mas a menos que seja uma barriga gigante do UOL, a próxima capa da Economist representará um ataque frontal ao Brasil. A mídia tupi, que sempre escondeu os inúmeros elogios que o governo recebeu da mídia estrangeira, nos últimos dez anos, agora poderá fazer o contrário. Jornal Nacional, Fantástico, capas, a diatribe da revista britânica com certeza vai ganhar destaque em todos os meios.
Então eu voltei lá na Economist, para ver o que tinha mudado. E deparei com o artigo principal da última edição, O Ocidente Enfraquecido, um ridículo, desorientado e desonesto libelo em favor de mais intervenções militares norte-americanas no Oriente Médio, a começar pela Síria.
A Economist, que sempre foi conservadora, deu uma guinada à direita ainda mais forte nos últimos tempos. E deu fim à lua de mel com países em desenvolvimento.
Não é tão difícil entender, contudo. Segundo dados do Banco Mundial, o fluxo crescente de investimentos estrangeiros diretos para o Brasil  desvia verbas que, até então, iam apenas para as grandes potências ocidentais, a começar por EUA e Reino Unido.
Confiram o gráfico abaixo. Observem que o Reino Unido, pátria-mãe da Economist, sofreu violenta queda de seus investimentos produtivos, e agora recebe menos dinheiro que o Brasil. Ou seja, a Economist pode resmungar à vontade. Na hora de botar a mão no bolso e investir, o mundo prefere o Brasil.
Aliás, esse é um fator para o qual devemos olhar sempre, porque a crise financeira do mundo desenvolvido está forçando seus governos a adotarem medidas algo drásticas para interromperem o fluxo de recursos para países emergentes, como o Brasil.  Com o poder que eles detêm sobre a informação, há sempre o risco de incitarem desordens aqui com objetivo de fazer os investidores desistirem do Brasil e voltarem a aplicar nas praças tradicionais, como Londres e Nova York.
Segundo a consultoria ATKearney, que há anos produz um índice de investimento estrangeiro direto (em inglês, FDI, Foreign Direct Investment), o Brasil subiu várias posições nos últimos anos, e hoje está em terceiro lugar no ranking global, atrás apenas de EUA e China. A Inglaterra, por sua vez, tem perdido pontos, e está hoje em oitavo lugar, após décadas entre os três primeiros.

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A avaliação que a consultoria faz do Brasil é ultra-positiva: 40% de razões para otimismo, contra apenas 10% para pessimismo. Os investidores têm sido atraídos por nossa demografia espetacular (muitos jovens em idade produtiva) e pelo aumento da renda dos trabalhadores. Em 2012, o investimento estrangeiro direto no Brasil, segundo a empresa, foi de US$ 65,2 bilhões, só um pouquinho abaixo do recorde registrado no ano anterior, de US$ 66,7 bilhões.Nesses primeiros dois anos do governo Dilma, os investimentos estrangeiros diretos (ou seja, em produção; não em especulação) foram os maiores da história.
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A Inglaterra também não pode chorar de barriga cheia. Recebeu US$ 62,7 bilhões de investimentos estrangeiros diretos em 2012. Mas entende-se a choradeira: em 2008, recebeu quase US$ 90 bilhões. A avaliação que a ATKearney faz do Reino Unido, em matéria de atração aos investidores, é menos positiva, porém, que a do Brasil: apenas 24% de razões positivas, contra 13% negativas.
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Investimento Estrangeiro Direto – Gráfico Comparativo – Reino Unido e Brasil ScreenHunter_2610 Sep. 26 13.56 Fonte: Banco Mundial.
Alguém poderia também lembrar à Economist que o desemprego no Brasil já está bem abaixo da taxa britânica. E a renda dos trabalhadores brasileiros tem crescido regularmente, ao contrário do que acontece na Inglaterra, onde tem caído. O Brasil ainda precisa avançar muito para alcançar o nível de desenvolvimento da Inglaterra. Mas não podemos perder de vista dois fatores:
  1. As estatísticas mostram que estamos no caminho certo.
  2. A história mostra que a Inglaterra sempre jogou contra o Brasil.

Desemprego no Reino Unido:
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Desemprego no Brasil:
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E já que a revista desenhou o Cristo Redentor caindo feito um míssil sobre o Rio de Janeiro, o Cafezinho retribui com um contra-ataque semiótico: uma bela foto da cidade maravilhosa. Última informação: segundo o IBGE, o desemprego na região metropolitana do Rio, em agosto, ficou em 4,5%, o menor da história da nossa cidade!
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Por: Fernando Brito


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E para completar aí está a matéria sobre o mesmo assunto, publicada no "Diário do Centro do Mundo": 


Só os brasileiros levam a sério a Economist
 
 
 
Nem o aplauso ajudou e nem a crítica vai prejudicar
Nem o aplauso ajudou e nem a crítica vai prejudicar
Uma das primeiras coisas que aprendi ao chegar a Londres, em 2009, é que ninguém dá a menor bola para a Economist. A revista, idolatrada no Brasil, é simplesmente ignorada em sua terra.
Ninguém fala nela. Você não encontra no metrô ou no ônibus gente a lendo. Jornalistas de primeira linha não trabalham nela – mas na BBC, no Guardian, no Times, ou mesmo em tabloides como o Sun. A Economist, de certa forma, é hoje uma invenção brasileira.
Rio comigo mesmo quando vejo, como agora, a repercussão intensa de alguma reportagem da Economist sobre o Brasil.
É uma prova de imensa caipirice nacional. Lembro uma vez em que fui a Rio Claro, no interior de São Paulo, quando dirigia a Exame. Fui nota na coluna social do principal jornal da cidade, e fui tratado como um Platão. Só para minha mãe, ou talvez nem para ela, eu fazia jus a tanta deferência.
É mais ou menos o que os brasileiros fazem com a Economist, e com outros títulos como o Financial Times.
A Economist não consegue resolver seus próprios problemas, nem os da sua Inglaterra, e mesmo assim tem a pretensão de resolver os problemas da humanidade.
É professoral, como os editoriais do Estadão também são, só que não existem entre os britânicos alunos dispostos a levá-la a sério.
A revista vai minguando, e minguando, e minguando na Era Digital, para a qual não encontrou resposta, talvez por estar demasiadamente entretida em salvar o mundo. Mas, no apogeu da desimportância, não perde a pose.
O Brasil terá chegado à maturidade quando reagir às lições da Economist — e do FT, ou de quem for – da seguinte maneira: ignorando-as.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.