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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Da "Carta Capital": 


PAULO BERNARDO VAI GIRAR ESSA MAÇANETA?

 

O governador  tucano, Geraldo Alckmin, levou a tiracolo um estafeta e notório defensor da ditadura  à cerimonia de entrega dos arquivos digitalizados  do DOPS, em São Paulo. O episódio ilustra o corredor de camaradagem  que liga as portas abertas da democracia  e os socavões  escuros da ditadura  ainda existentes  na sociedade. A mais notória delas  guarda os nomes dos mortos e desaparecidos políticos e os de seus respectivos algozes. Outra, abriga a colaboração estreita entre o mundo  empresarial,  a repressão e a barbárie. 

Um lacre merecedor  da mais  prestigiada das omissões  garante  a intocabilidade do monopólio  do sistema de comunicação, setor cuja centralidade  na vida política dispensa apresentações. A presidenta Dilma experimentou na carne , em Durban, as consequências desse anacronismo, que seu ministro das Comunicações tinge de virtude democrática. 

A indignação de Dilma com o uso distorcido de suas declarações, na sua volta, provocou sugestiva mudança na postura do ministro. Paulo Bernardo concede, agora, a hipótese de  desengavetar o projeto de regulação da mídia deixado pelo antecessor. Mas exala inoxidável má vontade com a missão de faxinar um esqueleto da ditadura, que gostaria  de preservar no confortável formol da omissão. 

Resta saber por quanto tempo mais a mão do governo poderá  repousar sobre a maçaneta dessa porta. Sem risco de ser decepada pelas baionetas aquarteladas no seu interior.