Um comentário do Blog "Esquerdopata" merece ser publicado pelo que contém de informação correta sobre toda esta propalada campanha dos médicos + planos de saúde + entidades médicas contra os cubanos que aqui chegam. E ele diz do nosso dia a dia nos consultórios e dos riscos que passamos na mão dessa gente sem escrúpulos:
Médicos cubanos: a revolução é outra
Embora a direita ultra conservadora esteja com medo dos médicos
cubanos reeditarem a revolução castrista no Brasil (sim, é possível que
alguém pense assim nesse mundo de Deus!), a questão é outra. Ou são
outras.
A medicina de Cuba não é ultra dependente de duas grandes máfias
industriais: a dos diagnósticos e a farmacêutica.
A discussão sobre
ideologias médicas não é nova e foi trazida para o Brasil pelo saudoso
Sérgio Arouca, a partir de Canguilhem. Nenhum dos dois está vivo, mas a
discussão continua, no meio acadêmico, na crítica severa à
medicamentação excessiva dos sujeitos, o que produz enormes lucros das
farmacêuticas.
Outra discussão em curso e que também não encontra voz no
senso comum e na mídia é a substituição da escuta e do diálogo pela
intermediação, por vezes desnecessária, pelos aparatos tecnológicos: uma
indústria que movimenta bilhões de dólares (e que alimenta gigantes da
mídia, como a Sony e a MGM, que tem braços empresariais no setor das
diagnoimagens) e é vendida sem que se esclareça sua determinação pelo
lucro.
Em artigo recente no Huffington Post, jornalistas mostraram que o
custo com diagnósticos caríssimos está solapando a saúde pública mesmo
nos EUA (que já não é grande coisa).
Há um estudo muito interessante de
Charles Rosemberg, um pesquisador americano de Harvard, publicado no
texto "The tyranny of diagnosis: specific entities and individual
experience". Ele fala não somente da "tirania" das máquinas de
diagnóstico, mas no que se transformou a febre das taxonomias médicas
(vide as discussões atuais sobre o DSM).
Discussões essas importantes
que passam ao largo da mídia, mais ainda da nossa mídia (Não temos uma
cobertura crítica da saúde! Não há preparo jornalístico para tal
infelizmente, deficiência a exigir uma reflexão de nossas
faculdades!).
A medicina cubana não tem grandes recursos. Teve que se
virar com o que tem. E o que tem é gente. Afinal, e no final das contas,
quando vamos ao médico queremos, em primeiro lugar, ser ouvidos. E
remédios não escutam. Máquinas não
confortam.
http://esquerdopata.blogspot.com.br/2013/08/medicos-cubanos-revolucao-e.html