Para abrir a semana....
Transcrito do site "Conversa Afiada"
Blog do Comendador Phyntias - Notas, comentários e crítica sobre o Brasil de hoje
domingo, 31 de março de 2013
Nova pesquisa, velhas frustrações
Dilma deve
enfrentar eleição mais
tranquila que em
2010.
Foto: Evaristo
Sá/AFP
|
Marcos Coimbra, CartaCapital
“Nada dá certo para as oposições faz tempo.
Elas tentam, se esforçam, mobilizam seus vastos recursos e as coisas não
acontecem. Seu pior pesadelo parece prestes a se materializar.
A tomar pelo que dizem os eleitores, quando
perguntados sobre como pretendem votar na próxima eleição, Dilma Rousseff se
reelegerá sem grandes problemas. Prognosticar sua vitória não é difícil
para quem conhece um mínimo da sociedade brasileira.
Ela tem tudo para vencer:
a) A
“inércia reeleitoral”, que beneficia até governantes mal avaliados (quem não se
lembra dos muitos governadores e prefeitos que, apesar de enfrentarem sérias
dificuldades, terminaram vencendo?).
c) Tem uma imagem pessoal muito positiva, é querida pela ampla maioria dos eleitores, que gostam de seu jeito de ser e se portar como presidenta (algum de seus possíveis adversários chega sequer perto do que ela alcança no julgamento da atuação pessoal?).
d) É conhecida e aprovada pela quase totalidade do eleitorado, não precisa perder tempo para se apresentar ao País (qual de seus oponentes em potencial pode dizer o mesmo, uma vez que todos existem em nichos regionais ou ideológicos?).
Confirmado o favoritismo, Dilma será a quarta chefe de governo eleita pelo PT em sequência. Ao cabo de seu segundo mandato, chegaremos a 16 anos de hegemonia petista na política brasileira.
O que será da atual geração de lideranças oposicionistas em 2018? Quantas estarão ainda em condições de atrair a atenção dos eleitores? Quantos de seus jovens terão envelhecido? Quantos dos atuais “formadores de opinião”, na mídia conservadora, estarão ainda na ativa? (A maioria é tão velha que, entre aposentados e falecidos, é possível que restem poucos).
A gravidade do quadro que as oposições enfrentam voltou a ser confirmada na semana passada, quando uma nova pesquisa do Datafolha a respeito da sucessão presidencial foi divulgada. Ela não trouxe novidade em relação ao que se sabia desde o início de 2012. Exatamente por isso, foi uma ducha de água fria no ânimo dos partidos da oposição e nos segmentos “antilulopetistas” da opinião pública.
Apesar dos esforços diários e da militância radicalizada da mídia de direita, Dilma fica cada vez melhor na corrida eleitoral. Enquanto isso, seus adversários patinam ou retrocedem. Entre dezembro de 2012 e março deste ano, ela foi de 54% a 58%, na vizinhança dos 60%, patamar onde outras pesquisas já a haviam colocado. Marina Silva (sem partido) e Aécio Neves (PSDB-MG) perderam 2% cada um, ela de 18% para 16% e ele de 12% para 10%.
Mais frustrante para a mídia foi, no entanto, o modesto crescimento do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Depois de “bombado” incessantemente na mídia, foi de escassos 4% a escassos 6%.
Uma simples aritmética mostra que os três não mudaram seu tamanho total: somavam 34%, em dezembro, e foram a 32%, em março. No máximo, o que teria ocorrido seria uma pequena reacomodação no terço do eleitorado que não pretende votar na presidenta: Campos tirou uma lasquinha de Marina e de Aécio.
Em votos válidos (a conta relevante para
especular sobre vitórias em primeiro turno), Dilma teria, hoje, perto de 64%. Muito
próximo de alcançar, sozinha, o dobro da soma dos demais.
Significa que “já ganhou”, que vencerá no
primeiro turno? Claro que não, e seria um equívoco se sua assessoria
interpretasse assim a pesquisa. Mas que os resultados do Datafolha foram uma
decepção para as oposições, disso não há dúvida.
O que lhes resta fazer?
O circo armado em torno do julgamento do
“mensalão” foi inútil do ponto de vista eleitoral. O PT não perdeu espaço em
2012 e nada indica que será afetado em 2014.
A tese da incompetência gerencial da
presidenta, à qual se dedicaram assim que perceberam o insucesso anterior, não
tem adeptos na maioria da opinião pública. Ao contrário, os brasileiros se mostram
cada vez mais satisfeitos com o desempenho do governo.
A valorização dos possíveis adversários não
comove os eleitores de Dilma. Campos, seu mais dileto produto na atualidade, permanece
com números de nanico.
Quando pesquisas como essa são publicadas,
ficam tristes e devem pensar no “povinho” que Deus pôs no Brasil. O problema é
que não podem trocá-lo. Ou será que vão procurar prescindir dele na hora de
decidir quem vai mandar?”
Jornalismo do golpe:
Os grandes jornais brasileiros a quem a mídia alternativa, especialmente na Internet, apelidou PIG - Partyido da Imprensa Golpista - não perde a oportunidade de se pocionar contra o governo. Hoje, Domingo de Páscoa, o mais expressivo desses jornalões de oposição, a Folha de S. Paulo, publica em seu site seis chamadas (manchetes). Delas, três são contra o governo. As notícias a que se referem são manipuladas e as manchetes só para fazer oposição.
Dá para se confiar nesse tipo de jornal?
Relatório contraria Dilma e diz que raio
Conclusão contradiz declaração de Dilma ao comentar blecaute em 15 de dezembro
Crise econômica faz europeus
Os grandes jornais brasileiros a quem a mídia alternativa, especialmente na Internet, apelidou PIG - Partyido da Imprensa Golpista - não perde a oportunidade de se pocionar contra o governo. Hoje, Domingo de Páscoa, o mais expressivo desses jornalões de oposição, a Folha de S. Paulo, publica em seu site seis chamadas (manchetes). Delas, três são contra o governo. As notícias a que se referem são manipuladas e as manchetes só para fazer oposição.
Dá para se confiar nesse tipo de jornal?
Relatório contraria Dilma e diz que raio
foi causa de apagão
Conclusão contradiz declaração de Dilma ao comentar blecaute em 15 de dezembro
pec das domésticas
Novos direitos já abalam rotina de patrões e empregados domésticos
tensão na ásia
Coreia do Sul anuncia manobras militares com os EUA em abril
de novo, a crise
Crise econômica faz europeus
aumentarem cerco a imigrantes
sábado, 30 de março de 2013
Enquanto isso, na Ilha da Fantasia...
Câmara elimina limite para gasto médico de deputados
O
presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN),
decidiu eliminar o limite de reembolso que existia para a assistência
médica aos deputados federais.
Comentário de um leitor:
E nós, pobres mortais que sequer temos plano de saúde, somos obrigados a enfrentar fila de atendimento pelo SUS sobrecarregado enquanto esses manganos, privilegiados, inoperantes e safados têm atendimento de saúde em que o céu é o limite... Pena é que nós é que votamos nesses verdadeiros sangue-sugas!!!!!!!!!!
Isso é que é espírito cristão:
30/03/2013 - 02h29
30/03/2013 - 02h29
Aécio ataca Dilma em procissão da Sexta-Feira Santa em São João Del Rey
No momento em que os cristão se reunem para celebrar o martírio de Cristo o ex-governador de Minas, o carioca Aebrio Neves exercita bem o seu "espírito" misturando alhos com bugalhos... Será que ele estava sóbrio???
sexta-feira, 29 de março de 2013
A imagem do feriadão...
Fonte: Blog "O Esquerdopata"
Eu copiei do Meme consciente, suponho que seja ele o autor.
Fonte: Blog "O Esquerdopata"
Dilma enfrenta a pátria rentista: mídia uiva
Uma dia de estupefação e revolta no circuito formado pelos professores banqueiros, os consultores e a mídia que os vocaliza.
Na reunião dos Brics, na África do Sul, nesta 4ª feira, a presidenta Dilma afirmou que não elevará a ração dos juros reivindicada pelos batalhões rentistas, a pretexto de combater a inflação.
A reação instantânea das sirenes evidencia a cepa de origem a unir o conjunto à afinada ciranda de interesses que arrasta US$ 600 trilhões em derivativos pelo planeta.
Equivale a dez voltas seguidas no PIB da Terra.
Trinta e cinco vezes o movimento das bolsas mundiais.
Os anéis soturnos desse garrote reúnem – e exercem – um poder de extorsão planetária, capaz de paralisar governos e asfixiar nações.
Gente que prefere blindar automóveis a investir em infraestrutura. O Brasil tem a maior frota de carros blindados do mundo.
E uns R$ 500 bi estocados em fundos de curto prazo; fora o saldo em paraísos fiscais.
Carros blindados, dinheiro parado, paraísos fiscais e urgências de investimento formam a determinação mais geral da luta política em nosso tempo.
Em Chipre, como lembra o correspondente de Carta Maior em Londres, Marcelo Justo, o capital a juros compunha uma bocarra equivalente a 67 bilhões de euros, uns US$ 90 bilhões de dólares.
Três vezes o PIB. De um país com população menor que a de Campinas.
A fome pantagruélica desse organismo requeria rações diárias indisponíveis no ambiente retraído da crise mundial.
A gula que quebrou Chipre é a mesma que já havia quebrado a Espanha, Portugal, Irlanda, Islândia e alquebrado o mercado financeiro dos EUA.
A falência cipriota assusta o mundo do dinheiro não por suas dimensões.
Mas porque ressoa o uivo cavernoso de uma bancarrota, só anestesiada a um custo insustentável na UTI mundial das finanças desreguladas.
No Brasil o mesmo uivo assume o idioma eleitoral ao gosto do dinheiro graúdo: ‘dá para fazer mais’.
O governo Dilma acha que sim.
Mas com a expansão do investimento produtivo. Não com arrocho e choque de juros.
O país ampliado por 12 anos de políticas progressistas na esfera da renda e do combate à pobreza, não cabe mais na infraestrutura concebida para 30% de sua gente.
A desproporção terá que ser ajustada em algum momento.
Como o foi, com viés progressista e investimento pesado, durante o ciclo Vargas.
Sobretudo no segundo Getúlio, nos anos 50.
Mas também o foi em 64.
Em versão regressiva feita de arrocho e repressão contra as reformas de base de Jango, no golpe que completa 49 anos neste 31 de março.
O que se assiste hoje guarda uma diferença política importante em relação ao passado.
Nos episódios anteriores, o conflito de classe entre as concepções antagônicas de desenvolvimento seria camuflado pela vulnerabilidade externa da economia.
Um Brasil estrangulado pelo desencontro entre a anemia das exportações e o financiamento das importações colidia precocemente com o seu teto de crescimento.
O gargalo do investimento se realimentava no funil das contas externas. E vice versa.
Era um prato cheio para o monetarismo posar de arauto dos interesses da Nação. E golpeá-la, com as ferramentas recessivas destinadas a congelar o baile.
'Quem está fora não entra; quem está dentro não sai'.
Durante séculos, essa foi a regra do clube capitalista brasileiro.
Hoje, embora a pauta exportadora se ressinta de temerária concentração em commodities, não vem daí o principal obstáculo ao investimento.
O país dispõe de reservas recordes (US$ 370 bi). Tem crédito farto no mercado internacional. O relógio econômico intertemporal é favorável ao financiamento de um ciclo pesado de investimentos em infraestrutura.
Quem, afinal, veria risco em financiar a sétima economia do planeta, que, em menos de uma década, estará refinando a pleno vapor as maiores descobertas de petróleo do século 21?
O desencontro entre o Brasil que somos e aquele que podemos ser deslocou-se do gargalo externo, dos anos 50/60/80 para o conflito aberto entre os interesses da maioria da sociedade e os dos detentores do capital a juro.
Assim como em Chipre, na Espanha, nos EUA ou em Paris, o rentismo aqui prefere repousar num colchão de juros reais generosos, blindado por esférico monetarismo ortodoxo.
Migrar para a esfera do investimento produtivo, sobretudo de longo prazo, como requer o país agora, não integra o seu repertório de escolhas espontâneas.
Cabe ao Estado induzi-lo.
Dilma começou a fazê-lo cortando as taxas de juros.
A pátria rentista reclama:no primeiro trimestre deste ano, praticamente todas as aplicações financeiras perderam para a inflação. Ficou difícil multiplicar lucros e bônus sem botar a mão na massa da economia produtiva.
É essa prerrogativa estéril que os professores banqueiros do PSDB cobram pela boca e pelo teclado do jornalismo econômico, escandalizado com a assertiva defesa do desenvolvimento feita pela presidenta Dilma.
Presidenciáveis risonhos que se oferecem untados em molhos palatáveis às papilas monetaristas e plutocráticas vão aderir ao jogral.
“Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença está datado; é uma política superada", fuzilou Dilma.
Previsível, o dispositivo midiático tentou desqualificar o revés como se fora uma demonstração de ‘negligência com a inflação’.
Um governo que trouxe 50 milhões de pessoas para o mercado de consumo minimizaria a vigilância sobre a inflação?
Sacaria contra o futuro do seu maior patrimônio político?
A sofreguidão conservadora esmurra a própria coerência de sua análise sobre a força eleitoral do governo.
O governo Dilma optou por abortar as pressões inflacionárias imediatas com desonerações. E enfrentar o desequilíbrio estrutural com um robusto ciclo de investimentos.
Entende que o desafio da produtividade, indispensável à progressão dos ganhos reais de salários, deve ser vencido com infraestrutura e inovação. Não com arrocho, como se fez nos anos tucanos.
São lógicas dissociadas da receita rentista.
Aqui e alhures, a obsessão mórbida pela liquidez descolou-se da esfera patrimonial para a dos rendimentos financeiros. Não importa a que custo social ou político.
Sua característica fundamental é a preferência parasitária pelo acúmulo de direitos sobre a riqueza, sem o ônus do investimento físico na economia.
A maximização de ganhos se faz à base da velocidade e da mobilidade dos capitais, sendo incompatível com o empenho fixo em projetos de longa maturação em ferrovias, hidrelétricas ou portos.
Durante a década de 90, as mesmas vozes que hoje disparam contra o que classificam como ‘intervencionismo da Dilma’, colocaram o Estado brasileiro a serviço dessa engrenagem.
A ração dos juros oferecida no altar da rendição nacional chegou a 45%, em 1999.
Um jornalismo rudimentar no conteúdo, ressalvadas as exceções de praxe, mas prestativo na abordagem, impermeabilizou essa receita de Estado mínimo com uma camada de verniz naval de legitimidade incontrastável.
A supremacia dos acionistas e dos dividendos sobre o investimento –e a sociedade-- tornou-se a regra de ouro do noticiário econômico.
Ainda é.
A crise mundial instaurou a hora da verdade nessa endogamia entre o circuito do dinheiro e o da notícia.
Trata-se de uma crise dos próprios fundamentos daquilo que o conservadorismo entende como sendo ‘os interesses dos mercados’. Que a mídia equipara aos de toda a sociedade.
Dilma, de forma elegante, classificou essa ilação como uma fraude datada e vencida. De um mundo que trincou e aderna, desde setembro de 2008.
A pátria rentista uiva, range e ruge diante de tamanha indiscrição.
http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1215
quinta-feira, 28 de março de 2013
TEMPOS MODERNOS
A era da não-notícia
Por Luciano Martins Costa
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 28/3/2013
Na quinta-feira (28/3), que para muitos brasileiros já é feriado, os
chamados jornais de circulação nacional oferecem aos leitores mais um
exemplo do seu trivial variado, que se torna ainda mais trivial nos
períodos em que o país sai em folgas prolongadas, quando milhões de seus
habitantes trocam de lugar.
Teoricamente, a imprensa poderia acompanhar essas migrações periódicas, e alguns diários tentam da maneira tradicional, com as assinaturas móveis, que permitem mandar exemplares para casas de praia nos fins de semana. Além disso, todos eles já contam com sistemas multiplataforma de edição, o que lhes dá o condão de colocar seus conteúdos em telefones celulares e outros aparelhos portáteis de comunicação.
Ainda teoricamente, essa seria uma forma de manter os leitores informados, pela possibilidade de lhes enviar as notícias a qualquer momento, no formato tradicional de texto, fotografia e legenda que caracteriza os jornais de papel.
Aparentemente, esse esforço seria suficiente para a imprensa cumprir sua missão, a de levar notícias e manter informado o distinto cliente. Acontece que não acontece, ou seja, os jornais já não trazem notícias e é de se duvidar que mantenham a capacidade de informaro leitor. O máximo que os jornais fazem, a partir de suas matrizes enraizadas no tempo, é institucionalizar uma informação conhecida, acrescentando a ela uma opinião específica, explícita ou dissimulada.
Vejamos, por exemplo, o “noticiário” sobre suposta declaração da presidente da República a respeito da política econômica. Os jornais pegaram uma frase, que já circulava nas redes sociais por iniciativa da própria assessoria de imprensa do Executivo, e acrescentaram a ela opiniões de economistas, entre os quais alguns notoriamente comprometidos com o mercado financeiro. O resultado foi que, ao dizer que não pretende adotar medidas pontuais contra a inflação a ponto de sacrificar o crescimento econômico, ela deu espaço para o desvio de intenção de sua manifestação.
O que a presidente disse foi, textualmente: “Não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico, até porque nós temos uma contraprova dada pela realidade. Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença, ele é complicado, você entende? Eu vou acabar com o crescimento do país? Isso daí está datado. Isso eu acho que é uma política superada”, completou.
Mas sua declaração foi picotada e distorcida pela imprensa.
Curto-circuito no mercado
Os principais jornais do país apanharam a primeira parte da declaração e foram fazer a costumeira “repercussão” com as fontes de sempre. O resultado foi uma reação do mercado financeiro, produzindo uma baixa no valor projetado dos juros futuros.
Nas edições de quinta-feira (28), o tema é manchete no Estadão e na Folha de S. Paulo e um dos destaques na primeira página do Globo, com a imprensa reproduzindo nova fala da presidente, na qual ela afirma que suas palavras foram manipuladas. Na versão oficial, “agentes do mercado financeiro estavam interpretando erroneamente seus comentários”, dando a entender que o governo não iria combater a inflação. Segundo o Globo, houve um “curto-circuito no mercado”.
O estrago poderia ter sido grande, se a economia nacional estivesse mais vulnerável, como ocorria com frequência em outras épocas, quando boatos e interpretações distorcidas de declarações oficiais faziam a alegria dos especuladores. No caso, o que houve foi apenas uma onda que nasce e morre no lago restrito da própria imprensa, cujas águas parecem já não se misturar ao oceano da realidade.
No entanto, o episódio serve de exemplo para o que se quer aqui discutir: o que é notícia, neste caso? Claramente, a notícia que a imprensa traz é a não-notícia, ou seja, o desmentido da interpretação de um fato específico que a própria imprensa havia criado.
Agora, o leitor atento dá uma olhada no resto do jornal.
Onde está a notícia?
Com exceção de um ou outro fato menor, são raríssimos os exemplos daquilo que em latim se chamava notitia, exposição de um fato que é novo para o receptor.
Mesmo em trabalhos jornalísticos de maior relevância, o comum é que o conteúdo da imprensa venha a ser apenas uma confirmação, detalhamento ou uma nova versão de uma realidade, que o indivíduo imerso no ambiente público já experimentou ou do qual já tomou conhecimento por outros meios.
A discussão sobre um possível descolamento entre a sociedade brasileira e a mídia tradicional, iniciada neste Observatório na quarta-feira (27/3) [ver “A sociedade se descola”] e anteriormente pelo observador Carlos Castilho, quando tratou de um sentimento de orfandade dos leitores de jornais [ver “A orfandade informativa dos leitores de jornais”], pode se estender a partir dessa percepção: aquilo que nos acostumamos a chamar de imprensa entrou na era da não-notícia.
O que vem a seguir?
Teoricamente, a imprensa poderia acompanhar essas migrações periódicas, e alguns diários tentam da maneira tradicional, com as assinaturas móveis, que permitem mandar exemplares para casas de praia nos fins de semana. Além disso, todos eles já contam com sistemas multiplataforma de edição, o que lhes dá o condão de colocar seus conteúdos em telefones celulares e outros aparelhos portáteis de comunicação.
Ainda teoricamente, essa seria uma forma de manter os leitores informados, pela possibilidade de lhes enviar as notícias a qualquer momento, no formato tradicional de texto, fotografia e legenda que caracteriza os jornais de papel.
Aparentemente, esse esforço seria suficiente para a imprensa cumprir sua missão, a de levar notícias e manter informado o distinto cliente. Acontece que não acontece, ou seja, os jornais já não trazem notícias e é de se duvidar que mantenham a capacidade de informaro leitor. O máximo que os jornais fazem, a partir de suas matrizes enraizadas no tempo, é institucionalizar uma informação conhecida, acrescentando a ela uma opinião específica, explícita ou dissimulada.
Vejamos, por exemplo, o “noticiário” sobre suposta declaração da presidente da República a respeito da política econômica. Os jornais pegaram uma frase, que já circulava nas redes sociais por iniciativa da própria assessoria de imprensa do Executivo, e acrescentaram a ela opiniões de economistas, entre os quais alguns notoriamente comprometidos com o mercado financeiro. O resultado foi que, ao dizer que não pretende adotar medidas pontuais contra a inflação a ponto de sacrificar o crescimento econômico, ela deu espaço para o desvio de intenção de sua manifestação.
O que a presidente disse foi, textualmente: “Não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico, até porque nós temos uma contraprova dada pela realidade. Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença, ele é complicado, você entende? Eu vou acabar com o crescimento do país? Isso daí está datado. Isso eu acho que é uma política superada”, completou.
Mas sua declaração foi picotada e distorcida pela imprensa.
Curto-circuito no mercado
Os principais jornais do país apanharam a primeira parte da declaração e foram fazer a costumeira “repercussão” com as fontes de sempre. O resultado foi uma reação do mercado financeiro, produzindo uma baixa no valor projetado dos juros futuros.
Nas edições de quinta-feira (28), o tema é manchete no Estadão e na Folha de S. Paulo e um dos destaques na primeira página do Globo, com a imprensa reproduzindo nova fala da presidente, na qual ela afirma que suas palavras foram manipuladas. Na versão oficial, “agentes do mercado financeiro estavam interpretando erroneamente seus comentários”, dando a entender que o governo não iria combater a inflação. Segundo o Globo, houve um “curto-circuito no mercado”.
O estrago poderia ter sido grande, se a economia nacional estivesse mais vulnerável, como ocorria com frequência em outras épocas, quando boatos e interpretações distorcidas de declarações oficiais faziam a alegria dos especuladores. No caso, o que houve foi apenas uma onda que nasce e morre no lago restrito da própria imprensa, cujas águas parecem já não se misturar ao oceano da realidade.
No entanto, o episódio serve de exemplo para o que se quer aqui discutir: o que é notícia, neste caso? Claramente, a notícia que a imprensa traz é a não-notícia, ou seja, o desmentido da interpretação de um fato específico que a própria imprensa havia criado.
Agora, o leitor atento dá uma olhada no resto do jornal.
Onde está a notícia?
Com exceção de um ou outro fato menor, são raríssimos os exemplos daquilo que em latim se chamava notitia, exposição de um fato que é novo para o receptor.
Mesmo em trabalhos jornalísticos de maior relevância, o comum é que o conteúdo da imprensa venha a ser apenas uma confirmação, detalhamento ou uma nova versão de uma realidade, que o indivíduo imerso no ambiente público já experimentou ou do qual já tomou conhecimento por outros meios.
A discussão sobre um possível descolamento entre a sociedade brasileira e a mídia tradicional, iniciada neste Observatório na quarta-feira (27/3) [ver “A sociedade se descola”] e anteriormente pelo observador Carlos Castilho, quando tratou de um sentimento de orfandade dos leitores de jornais [ver “A orfandade informativa dos leitores de jornais”], pode se estender a partir dessa percepção: aquilo que nos acostumamos a chamar de imprensa entrou na era da não-notícia.
O que vem a seguir?
Uma lição de política...
"Quando as coisas são feitas de muito baixo nível, quando parecem mais um jogo rasteiro, eu não me dou nem ao luxo de ler nem de responder. Porque tudo o que o Maquiavel quer é que ele plante uma sacanagem e você morda a sacanagem. É que nem apelido: se eu coloco um apelido na pessoa e a pessoa fica nervosa e começa a xingar, pegou o apelido. Se ela não liga, não pegou o apelido. Tenho 67 anos de idade. Já fiz tudo o que um ser humano poderia fazer nesse país. O que faz um presidente da República? Como é que viaja um Clinton? A serviço de quem? Pago por quem? Fernando Henrique Cardoso? Ou você acha que alguém viaja de graça para fazer palestra para empresários lá fora? Algumas pessoas são mais bem remuneradas do que outras. E eu falo sinceramente: nunca pensei que eu fosse tão bem remunerado para fazer palestra. Sou um debatedor caro. E tem pouca gente com autoridade de ganhar dinheiro como eu, em função do governo bem-sucedido que fiz neste país. Contam-se nos dedos quantos presidentes podem falar das boas experiências administrativas como eu. Quando era presidente, fazia questão de viajar para qualquer país do mundo e levar empresários, porque achava que o presidente pode fazer protocolos, assinar acordo de intenções, mas quem executa a concretude daquilo são os empresários. Viajo para vender confiança. Adoro fazer debate para mostrar que o Brasil vai dar certo. Compre no Brasil porque o país pode fazer as coisas. Esse é o meu lema. Se alguém tiver um produto brasileiro e tiver vergonha de vender, me dê que eu vendo. Não tenho nenhuma vergonha de continuar fazendo isso. Se for preciso vender carne, linguiça, carvão, faço com maior prazer. Só não me peça para falar mal do Brasil que eu não faço isso. Esse é o papel de um político que tem credibilidade. Foi assim que ganhei a Olimpíada, a Copa do Mundo. Quando Bush veio para cá e fomos a Guarulhos, disse a ele que era para tirarmos fotografia enchendo um carro de etanol. Tinham dois carros, um da Ford e um da GM, e ele falou: "Eu não posso fazer merchandising". Eu disse: "Pois eu faço das duas". Da Ford e da GM. E o Bush tirou foto com chapéu da Petrobras. Sem querer ele fez merchandising da Petrobras. Você sabe que eu fico com pena de ver uma figura de 82 anos como o Fernando Henrique Cardoso viajar falando que o Brasil não vai dar certo. Fico com pena."
Luiz Inácio Lula da Silva
ex-presidente da República
no jornal "Valor"
"Quando as coisas são feitas de muito baixo nível, quando parecem mais um jogo rasteiro, eu não me dou nem ao luxo de ler nem de responder. Porque tudo o que o Maquiavel quer é que ele plante uma sacanagem e você morda a sacanagem. É que nem apelido: se eu coloco um apelido na pessoa e a pessoa fica nervosa e começa a xingar, pegou o apelido. Se ela não liga, não pegou o apelido. Tenho 67 anos de idade. Já fiz tudo o que um ser humano poderia fazer nesse país. O que faz um presidente da República? Como é que viaja um Clinton? A serviço de quem? Pago por quem? Fernando Henrique Cardoso? Ou você acha que alguém viaja de graça para fazer palestra para empresários lá fora? Algumas pessoas são mais bem remuneradas do que outras. E eu falo sinceramente: nunca pensei que eu fosse tão bem remunerado para fazer palestra. Sou um debatedor caro. E tem pouca gente com autoridade de ganhar dinheiro como eu, em função do governo bem-sucedido que fiz neste país. Contam-se nos dedos quantos presidentes podem falar das boas experiências administrativas como eu. Quando era presidente, fazia questão de viajar para qualquer país do mundo e levar empresários, porque achava que o presidente pode fazer protocolos, assinar acordo de intenções, mas quem executa a concretude daquilo são os empresários. Viajo para vender confiança. Adoro fazer debate para mostrar que o Brasil vai dar certo. Compre no Brasil porque o país pode fazer as coisas. Esse é o meu lema. Se alguém tiver um produto brasileiro e tiver vergonha de vender, me dê que eu vendo. Não tenho nenhuma vergonha de continuar fazendo isso. Se for preciso vender carne, linguiça, carvão, faço com maior prazer. Só não me peça para falar mal do Brasil que eu não faço isso. Esse é o papel de um político que tem credibilidade. Foi assim que ganhei a Olimpíada, a Copa do Mundo. Quando Bush veio para cá e fomos a Guarulhos, disse a ele que era para tirarmos fotografia enchendo um carro de etanol. Tinham dois carros, um da Ford e um da GM, e ele falou: "Eu não posso fazer merchandising". Eu disse: "Pois eu faço das duas". Da Ford e da GM. E o Bush tirou foto com chapéu da Petrobras. Sem querer ele fez merchandising da Petrobras. Você sabe que eu fico com pena de ver uma figura de 82 anos como o Fernando Henrique Cardoso viajar falando que o Brasil não vai dar certo. Fico com pena."
Luiz Inácio Lula da Silva
ex-presidente da República
no jornal "Valor"
quarta-feira, 27 de março de 2013
Trocando
letras por dinossauros...
Na
vanguarda das mudanças que o mundo moderno nos oferece, a Academia Brasileira
de Letras (ABL), a vetusta Casa de Machado de Assis e por onde passaram algumas
das figuras mais notáveis das letras e do pensamento nacionais vai mudar de
nome e rumo com novos horizontes para a chamada “inteligenzia” brasileira.
Depois
da escolha do folhetinista Nerval Pereira e numa recaída na volta aos tempos em
que um general – Aurélio Lira Tavares – foi eleito “imortal” pelos bordados de
suas dragonas a Academia se prepara para mudar seu nome para Academia Brasileira de Arqueologia com
a entrada de outro dos considerados dinossauros do pensamento nacional: o
ociólogo e especialista em falar mal do Brasil no exterior, o viúvo de dona
Ruth Cardoso, Fernando Henrique Cardoso, “o insuperável”.
Com
figuras do porte do já mencionado Nerval e agora FHC, cria-se no Rio de
Janeiro, o maior e mais aberto território de pesquisa de fósseis da vida
brasileira em todos os tempos.
Já
se esperam no meio acadêmico as candidaturas do atual senador Avaro Dias, do
Paraná; do ex-governador Aébrio Neves; do eterno candidato Joseph Serra e até
do ex-comunista Rouberto Freire para ocupar cadeiras que antes foram dadas a
nomes de autores consagrados da literatura brasileira.
A Fifa e seus golpes...
A coluna "Panorama Político" de Ilimar Franco, no jornal "O Globo", publica hoje a seguinte notinha:
Bebida da discórdiaO
setor vitivinícola nacional está furioso com a Fifa, que escolheu um
champanhe francês como bebida oficial da Copa do Mundo de 2014. A
decisão da FIFA deixa de fora o espumante brasileiro das cerimônias
oficiais que serão realizadas durante o evento esportivo. Os empresários
querem que a federação volte atrás e opte por um espumante produzido no
Brasil.
Pelo andar da carruagem o Brasil vai acabar tendo que engolir tudo que essa verdadeira quadrilha tenta impor ao país sem qualquer respeito a sua soberania e autonomia.
Aos poucos a Copa do Mundo vai deixando de ser uma boa coisa para o Brasil para virar um negócio "da China" dos senhores Marim, Blatter e asseclas...
terça-feira, 26 de março de 2013
Fina ironia...
Olha só o que me aprontou o Senado Federal com esses novos direitos para empregados domésticos: vou botar 16 na rua.
Vão ser despedidos minhas três cozinheiras; duas arrumadeiras; duas passadeiras; o chofer; o mordomo; tres jardineiros e cinco moleques que ajudavam no dia a dia da mansão do Comendador aqui na Campanha da Princesa...
A coisa tá braba pra nós que temos saudade do tempo em que éramos barões e nobres e tinhamos criadagem e escravaria à disposição. Depois veio a tal de Princesa Isabel e agora esse Senado do Sarney e do Renam...
Isso é perseguição com os homens de benz no Brazil...
Socorro São Bráulio que o mundo tá acabando!!!!
Olha só o que me aprontou o Senado Federal com esses novos direitos para empregados domésticos: vou botar 16 na rua.
Vão ser despedidos minhas três cozinheiras; duas arrumadeiras; duas passadeiras; o chofer; o mordomo; tres jardineiros e cinco moleques que ajudavam no dia a dia da mansão do Comendador aqui na Campanha da Princesa...
A coisa tá braba pra nós que temos saudade do tempo em que éramos barões e nobres e tinhamos criadagem e escravaria à disposição. Depois veio a tal de Princesa Isabel e agora esse Senado do Sarney e do Renam...
Isso é perseguição com os homens de benz no Brazil...
Socorro São Bráulio que o mundo tá acabando!!!!
Era só que faltava...
Na noite desta terça feira, no Jornal das Dez da GloboNews, o comentarista Nerval Pereira, o "imortal", coadjuvado pela "jornalista" Renata La Peste, culparam o governo Dilma Roussef pela eleição do tal pastor Feliciano ou coisa que o valha, para a Presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, sem mencionar que a indicação é de exclusiva responsabilidade do PSC, partido do tal deputado.
A sanha oposicionista do principal jornal do canal pago da Rede Globo, pelo andar da carruagem, não deve demorar a atrubuir a Dilma, Lula e ao PT a culpa pelo enforcamento de Tiradentes; pela queda do II Império; pela Procalamação da República; pela Revolta da Chibata; pela Revolução de 1930; pelo suicídio de Vargas e até pelo golpe de 1964... Isso para não chegar ao desastre do desgoverno de FHC entre 1994 e 2002.
A isso se chama de imprensa isenta e fiel aos fatos!!!!!!!
segunda-feira, 25 de março de 2013
As viagens de Lula, FHC e Aécio
Por Altamiro Borges - No Blog "Sintonia Fina"
Otavinho
Frias, dono da Folha, nunca tolerou Lula – “o presidente que não fala
inglês”. Com tamanho ódio de classe, seu jornal sempre produz factoides
para detonar a imagem do ex-líder operário. Na sexta-feira, o diário
acusou o ex-presidente de promover lobby em suas palestras
internacionais. Segundo a manchete, “quase metade das viagens de Lula é
paga por empreiteiras”. O próprio jornal admite que não há nada de
ilegal nestas caravanas. Mas insiste em fustigar Lula, que mantém alta
popularidade junto à população!
Desde
2011, quando deixou o Palácio do Planalto, Lula visitou 30 países – 20
deles na América Latina e na África. Com estardalhaço, a Folha informa
que o giro africano da semana passada foi patrocinado pela Odebrecht. O
Instituto Lula explicou que estas viagens visam reforçar as relações
entre os dois continentes e consolidar a “imagem e os interesses da
nação brasileira”. Mesmo assim, o jornalão deixou no ar, com a sua
manchete escandalosa, que elas serviriam para propositivos ilícitos –
das empresas e do próprio PT.
Os cães sarnentos da mídia
A
Folha chega a insinuar que o ex-presidente usa o seu prestígio para
interferir nos rumos do governo. “No exterior, Lula participou de
encontros privados entre políticos locais e empresários brasileiros,
além de prometer levar pedidos a Dilma Rousseff”. Diante de mais esta
tentativa de estimular a cizânia, a própria presidenta reagiu: “Eu me
recuso a entrar nesse tipo de ilação. O presidente Lula tem o respeito
de todos os Chefes de Estado da África e deu grande contribuição ao país
nessa área”, disse ao Estadão, rival da Folha.
Amestrado
pela mídia, o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), já
saiu atirando: “Se ele quer fazer lobby, que receba honorários para
isso. Feito por baixo dos panos é indecoroso”. Álvaro Dias (PR) também
usou o factoide da Folha. “É importante que o ex-presidente esclareça
isso. Fica a impressão de benefícios governamentais retribuídos com
vantagens posteriores”. Já Sérgio Guerra, jagunço do PSDB, atacou: "O
Brasil aguarda que o ex-presidente revele qual a remuneração que recebeu
para fazer lobby”.
Sabesp, Itaú e FHC
Já
que a mídia e seus teleguiados tucanos estão tão interessados na
“transparência”, eles deveriam cobrar explicações também do
ex-presidente FHC e do senador Aécio Neves, o cambaleante presidenciável
da legenda. A imprensa deveria deixar de ser hipócrita na sua
escandalização seletiva. Ele poderia pedir esclarecimentos à estatal
paulista Sabesp, comandada pelos tucanos, que doou R$ 500 mil para o
Instituto FHC. Ou solicitar informações ao Banco Itaú, que já patrocinou
várias viagens do ex-presidente.
Como
lembra Hugo Carvalho, em texto postado no blog de Luis Nassif, “nas
asas do Itaú, seu patrocinador máster, Fernando Henrique esteve no
Paraguai em 2010, no dia em que o banco inaugurou a operação para tomar o
mercado no país vizinho. O Itaú também o levou a Doha e aos Emirados
Árabes ano passado, com a intenção de morder parte dos 100 milhões de
dólares que o Barwa Bank tem para investir no mercado imobiliário
brasileiro. A Folha estava lá (mas não diz quem pagou a viagem da
colunista Maria Cristina Frias)”.
O
articulista lembra que “Fernando Henrique ainda era presidente da
República, em 2002, quando chamou ao Palácio da Alvorada os donos de
meia dúzia empresas para alavancar o instituto que ainda ia criar:
Odebrecht, Camargo Corrêa, Bradesco, Itaú, CSN, Klabin e Suzano. A elas
se juntaria a Ambev. Juntas, pingaram R$ 7 milhões no chapéu de FH...
FHC e seu instituto prosperaram. No primeiro ano como ex-presidente ele
faturou R$ 3 milhões em palestras... Todas as empresas citadas neste
relato são anunciantes da Folha de São Paulo e estão acima de qualquer
suspeita enquanto anunciantes. Apodrecem, aos olhos do jornal, quando se
aproximam de Lula”.
As viagens de Aécio ao Rio de Janeiro
Outra
pauta para o “jornalismo investigativo” (na verdade, seletivo) da
Folha: as viagens (ou baladas?) de Aécio Neves. Segundo matéria do
Estadão, fervoroso serrista, o tucano mineiro torrou 63% da sua cota de
passagens no Senado para visitar o Rio de Janeiro. O uso do dinheiro
público nestas viagens não gerou manchetes ou qualquer alarde na mídia
tucana. Em Minas Gerais, segundo o sítio “Minas sem Censura”, esta
denúncia inclusive foi retirada das páginas dos jornalões locais, que
blindam o presidenciável do PSDB.
Um homem pra chamar de seu
Rodolpho Motta Lima - Advogado
No "Direto da Redação"
Penso que um dos grandes embrulhos ideológicos do pessoal da direita
passa pela sua absoluta convicção de que o individual vale mais do que o
social. Essa tese despreza o coletivo como agente, mas adora vê-lo como
paciente - alienado e inerte. A direita cultua personalidades,
valorizando os “que se fazem por si mesmos”, os “empreendedores”, os
“que fazem diferença”. Ela precisa disso para justificar os bilionários,
os especuladores, os banqueiros e todos os que, no mundo do capital,
são apresentados como pessoas únicas, diferenciadas, até beneméritas.
Afinal, o que seria desse bando de empregados sem essa elite de
empregadores?
Na ânsia de se promover o sucesso individual a uma categoria
paradisíaca, não raro se elevam nulidades à condição de mitos,
privilegiando – bem ao gosto dos tempos que correm – narcisismos e
egocentrismos, que fogem do social como o diabo, se existisse, fugiria
da cruz...
Acontece que os ídolos, esses super-heróis que povoam os
noticiários do cotidiano, podem ter – e não raro têm , porque sua
natureza é humana – momentos de “pés de barro”. Aí, é preciso um
esforço incrível da turma para desconstruir o que construiu, às vezes
com sofismas, meias verdades, manipulações e omissões.
Quem conhece bem
a história recente da terra do Super-Homem, do Batman, do
Homem-Aranha, do Homem de Ferro, do Indiana Jones, do Rambo, do Rocky e
similares sabe das alianças que o império estadunidense manteve , ao
sabor de conveniências econômicas, com diversos ditadores que, não mais
que de repente, de grandes líderes mitificados foram transformados em
agentes do mal. Para ficar apenas em dois exemplos marcantes, é só
estudar a trajetória de um Saddam Hussein , de um Bin Laden, e suas
ligações com os EUA.
Quando estava pensando nesse tema, me veio à lembrança uma canção
entoada pela Marina (a cantora, não a Silva) e de autoria do Erasmo
Carlos, chamada “Mesmo que seja eu” ( Veja o vídeo )
O contexto da letra da composição nada tem a ver com meu assunto aqui,
mas um dos seus versos (“Um homem pra chamar de seu”) me pareceu um bom
título para este artigo. A direita, nacional ou planetária, precisa
sempre de um homem – às vezes uma mulher – para chamar de seu (sua). E é
tal essa sua “crença”, que mitifica a torto e a direito. A ironia é que
faz isso até para denegrir.
Entre nós, ela quer que se acredite que o
Brasil recente só trilhou os caminhos que trilhou porque um homem cheio
de defeitos , mas “carismático”, conduziu os brasileiros. Não acredita
em forças sociais. Por isso, atribuiu à Dilma (que não tinha “carisma”) a
condição de “poste”, e está se dando mal, pois o que o povo valoriza
hoje no país, queiram ou não, é muito mais uma política voltada para o
combate às injustiças , mesmo com eventuais desacertos, do que esta ou
aquela personalidade.
Os índices de popularidade da Presidenta vêm de
um continuado trabalho de muitos e que atende a anseios coletivos, mas
nunca do exercício solitário de um comando.
A direita repete, agora, esse mantra do “poste” no caso da Venezuela.
Convenientemente cega diante dos índices de redução das desigualdades
naquele país, atribui o “bolivarismo” ao fato de um “populista demagogo”
ter empalmado o poder. Para ela, não há conquistas a garantir, o povo é
uma abstração, e como Maduro não é um Chávez, será fácil à turma do
capital recuperar o comando. Será? É o que vamos ver. Nada como os fatos
para contrariar os desejos...
A “metodologia do endeusamento” adora criar falsos heróis,
amplificados pela mídia, para esconder o sistema que os cerca ou que
eles representam. É por isso que as eleições na pátria do
individualismo, por exemplo, não se definem pelas ideias , mas pelas
pessoas. Uma cara simpática, uma família bonita e aparentemente bem
constituída, coisas assim elegem presidentes... E aí está Obama - cheio
de aparentes boas intenções, mas imobilizado por forças bem superiores
às de um indivíduo - que até agora não foi para frente nem pra trás,
muito pelo contrário...
O caso da eleição do Papa é emblemático. Como não consegue , ou não
quer conseguir, enxergar o estrutural, o coletivo, a mídia que
representa esse pensamento repercute, amplia e supervaloriza os mais
simples atos do novo mito, para muitos um jogo para a plateia alienada,
como ensina a boa e velha demagogia. É como se quisessem impregnar nas
mentes a ideia de que, agora sim, temos (?) Papa...
Mas será que um
homem (falível ou infalível, não entro nessa) conseguirá, com suas
quebras de protocolo, reverter os tortuosos caminhos de uma Igreja que
tem, hoje, muitos de seus mais altos representantes envolvidos em
diversos pecados capitais? Implantará a “ficha limpa” no Vaticano?
Estão aí, nesse festival de “malfeitos” que hoje não dá mais para
esconder, escândalos de luxúria (pedofilia), ganância (Banco do
vaticano), inveja (disputas pelo poder), etc.
A direita assanhada já tenta emplacar o novo Papa como “um homem pra
chamar de seu”. Imagina-o como contraponto ao que chama de “governos
populistas”. Acho que, para variar, está dando um tiro no pé. O ídolo
pode ter os pés de barro. Outros, que ocuparam o seu posto, já
tiveram...
Muitas mudanças já se fizeram na Igreja...para deixar tudo
igual. E aí se desconstruirá mais um mito. Mas, por outro lado, pode
ser que o simpático Papa resolva efetivamente fazer com que a Igreja se
volte para os pobres do mundo. Se isso acontecer, ele não poderá jamais
trilhar o mesmo caminho dos adoradores do mercado, dos especuladores,
dos exploradores do povo.
E a direita terá que buscar, mais uma vez, um
representante para chamar de seu...
domingo, 24 de março de 2013
Seca pimenteira...
Chego
para o almoço dominical da família e o assunto não é outro senão o mais novo “frisson”
no Facebook: “o ex-presidente Lula foi internado ontem no Sírio Libanês em São Paulo com recidiva
do câncer que agora lhe atacou os pulmões”...
Fiquei,
como não poderia deixar de ser, encucado e espantado com a notícia. Foi hora de
pensar com meus botões porque não vira eu tal matéria nos sites que visito
todas as manhãs em sites dos mais ferrenhos adversários do ex-presidente? E olha
que são os sites do Terra, do UOL (grupo Folha), do IG, dos jornais Folha de S.
Paulo, Estadão e o Globo. E isso sem falar no escandaloso Brasil 247...
Na
hora veio-me à cabeça matéria divulgada pelo Eduardo Guimarães nesta semana
comentando o ridículo e a histeria da direita brasileira de querer apagar da
história e “derrubar” um ex-presidente.
Passei
por todo o almoço pensando no fato. Será mesmo verdade que o câncer ressurgiu
em Lula dessa forma? Isso é estranho, pois o câncer é um mal insidoso que
ataca devagar e nesta semana vi fotos de Lula na África, todas mostrando um
homem bem disposto, alegre, atuante...
Sei
não...
Volto
para casa e de novo busco notícias nos mesmos sites e amplio minha procura que agora
inclui Veja, Reinaldo Azevedo, Noblat e mais uns outros tantos que odeiam Lula
de carteirinha... e nada!!!
Vou
ao site do Instituto Lula e lá também, nada...
Aí
me dou conta de que o que muitos têm por vontade, se torna notícia no Facebook
com viral de rede e desejo transformado em verdade. E nisso a
prova maior de que além de odiosa e cruel, a direita é burra!
Será
que os que propagam tais mentiras não se dão conta de que o prestígio de Lula
vivo é menor e muito menor que seria se ele morresse? Será que essa gente não
aprende nem mesmo com a recente morte de Hugo Chaves que líderes populares
quando morrem assomam a um patamar ainda mais alto no imaginário de seus
admiradores?
Por
Deus, burrice também tem limites, minha gente!
E
a direita brasileira espalhada nos escaninhos do ódio de classes e no
preconceito contra o retirante nordestino que conseguiu ser Presidente, vai
cada vez mais fundo nessa caminhada de semear boatos e malquerências apenas
para se satisfazer numa espécie de masturbação ideológica e política na qual
sonham com Lula estirado num caixão e sua presença afastada da vida brasileira.
Graças
a esse mesmo Deus que ainda me dá forças, isso fica apenas na vontade e no
desejo dessa gente que nunca aprende que povo não são os 3% que ocupam o topo da
pirâmide social.
Povo
somos nós que nos obrigamos a ouvir tanta insanidade.
Carlos Alberto Lemes de Andrade
Jornalista
Campanha - MG
Post Scriptum: Vejo agora às 16h48 no site do Terra a foto de Lula visitando ontem o Hospital do Câncer em Barretos (SP). Acho que aí está a origem de toda a celeuma direitista: juntar meia verdade com Lula + Hospital do Câncer e transformar em "meme" no Facebook... Era só o que faltava...
Post Scriptum: Vejo agora às 16h48 no site do Terra a foto de Lula visitando ontem o Hospital do Câncer em Barretos (SP). Acho que aí está a origem de toda a celeuma direitista: juntar meia verdade com Lula + Hospital do Câncer e transformar em "meme" no Facebook... Era só o que faltava...
ENCONTRAMOS A EXPLICAÇÃO PARA OS ERROS GROTESCOS NAS REDAÇÕES DO ENEM
Do: Luis Nassif Online - Fora da Pauta
O Brasil assistiu, estarrecido, à ribombante revelação de O Globo, publicada na edição de 18/3, de que alguns estudantes receberam a nota máxima na prova de redação do Enem, mesmo depois de cometer erros grosseiros de português. Como sói acontecer quando se trata de usar qualquer motivo para esculhambar qualquer governo do PT, a imprensa golpista "repercutiu" imediatamente o furo do jornalão carioca.
Portais noticiosos e edições digitais dos principais veículos dosconglomerados mafiomidiáticos esbaldaram-se com as besteiras dos adolescentes, pinçadas com esmero de algumas redações. Que governo incompetente é esse, que confere nota 1.000 a tamanha ignorância? - era o que estava nas entrelinhas, ou no subtexto, dos editoriais indignados.
Pois, este Cloaca News, perplexo com tamanha afronta à língua-mater, resolveu investigar o problema em sua origem.
Após apurar que boa parte das escolas - públicas e privadas - adotou a prática de indicar textos "jornalísticos" como referência aos estudantes, descobrimos que estavam ali as fontes inspiradoras da juventude. Constatamos ainda que, não por acaso, o governo tucano paulista comprou milhares de assinaturas de algumas porcarias impressas para “instruir” os alunos da rede pública.
A sequência de imagens a seguir é parte de nosso singelo acervo, colecionado ao longo dos últimos quatro anos, dedicado à contribuição da gloriosa "grande imprensa" brasileira à formação intelectual e moral de nossos jovens.
G1 obteve nota máxima em estupidez.
Rosane de Oliveira, de Zero Hora: Hors Concours
do Troféu Muar de Gramática Normativa.
Revista Veja: jornalismo indecente.
RBS: na vanguarda da ignorância.
Folha: não dá pra não rir.
Analfabetismo em dose cavalar.
Zero Hora cria serviço de submarinos em Porto Alegre.
ZH: burrice gritante.
Ainda bem que não computaram as transmissíveis....
Texto de ZH. Alguma dúvida?.
Curioso mesmo é que, ao reproduzir a reporcagem doJornal Nacional sobre as bobagens das redações do último Enem, o portal G1, das Organizações Globo, demonstrou que se trata, na verdade, de uma feroz batalha entre os
rotos e os descosidos....
Clique aqui para conferir na fonte
Se quiser ver tudo o que já publicamos com o marcador "Analfabetismo", clique aqui.
PS - Não se convenceu ainda? Experimente este acepipeaqui, do Zé do Armarinho. Ou este outro aqui, do Café & Aspirinas. POSTADO POR CLhttp://cloacanews.blogspot.com.br/
Do: Luis Nassif Online - Fora da Pauta
O Brasil assistiu, estarrecido, à ribombante revelação de O Globo, publicada na edição de 18/3, de que alguns estudantes receberam a nota máxima na prova de redação do Enem, mesmo depois de cometer erros grosseiros de português. Como sói acontecer quando se trata de usar qualquer motivo para esculhambar qualquer governo do PT, a imprensa golpista "repercutiu" imediatamente o furo do jornalão carioca.
Portais noticiosos e edições digitais dos principais veículos dosconglomerados mafiomidiáticos esbaldaram-se com as besteiras dos adolescentes, pinçadas com esmero de algumas redações. Que governo incompetente é esse, que confere nota 1.000 a tamanha ignorância? - era o que estava nas entrelinhas, ou no subtexto, dos editoriais indignados.
Pois, este Cloaca News, perplexo com tamanha afronta à língua-mater, resolveu investigar o problema em sua origem.
Após apurar que boa parte das escolas - públicas e privadas - adotou a prática de indicar textos "jornalísticos" como referência aos estudantes, descobrimos que estavam ali as fontes inspiradoras da juventude. Constatamos ainda que, não por acaso, o governo tucano paulista comprou milhares de assinaturas de algumas porcarias impressas para “instruir” os alunos da rede pública.
A sequência de imagens a seguir é parte de nosso singelo acervo, colecionado ao longo dos últimos quatro anos, dedicado à contribuição da gloriosa "grande imprensa" brasileira à formação intelectual e moral de nossos jovens.
G1 obteve nota máxima em estupidez.
Rosane de Oliveira, de Zero Hora: Hors Concours
do Troféu Muar de Gramática Normativa.
Revista Veja: jornalismo indecente.
RBS: na vanguarda da ignorância.
Folha: não dá pra não rir.
Analfabetismo em dose cavalar.
Zero Hora cria serviço de submarinos em Porto Alegre.
ZH: burrice gritante.
Ainda bem que não computaram as transmissíveis....
Texto de ZH. Alguma dúvida?.
Curioso mesmo é que, ao reproduzir a reporcagem doJornal Nacional sobre as bobagens das redações do último Enem, o portal G1, das Organizações Globo, demonstrou que se trata, na verdade, de uma feroz batalha entre os
rotos e os descosidos....
Clique aqui para conferir na fonte
Se quiser ver tudo o que já publicamos com o marcador "Analfabetismo", clique aqui.
PS - Não se convenceu ainda? Experimente este acepipeaqui, do Zé do Armarinho. Ou este outro aqui, do Café & Aspirinas. POSTADO POR CLhttp://cloacanews.blogspot.com.br/
Inspiração ideológica
Por Roberto Amaral
Não se discute o reacionarismo da ‘grande imprensa’ no Brasil (eu havia escrito ‘da imprensa brasileira’, mas pensei melhor); a questão é seu entranhado entreguismo, pois, para ser de direita não precisa ser entreguista. A imprensa dos EUA, por exemplo, embora conservadora, é nacionalista… É este, aliás, o único ponto em que a imprensa aqui instalada se afasta de sua congênere norte-americana: vive de costas para os interesses nacionais.
A explicação, porém, é fácil: no reverso, para atender aos interesses dos EUA (mais precisamente da dupla Pentágono-Departamento de Estado, e, logo, Departamento de Comércio), ela, essa imprensa, precisa ser antinacional. Por isso, em seu viés, o Brasil pode até crescer, desde que jamais ouse deixar de ser ‘quintal’ do grande ‘irmão do Norte’. Pode até ser rico, o Brasil, para poder ser bom comprador; contanto que jamais ouse qualquer arroubo de autonomia.
Nossas ‘elites’, ideologicamente colonizadas, não entendem que um país mestiço possa ter política externa, mormente ditada pelos seus próprios interesses.
Não é de hoje. Não é anti-lulismo, embora tenha encontrado nessa paixão política terreno fértil para se desenvolver. A grande imprensa, que ainda hoje odeia a Petrobras (que deslocou a Esso de nosso território), foi sempre contra a exploração brasileira do petróleo brasileiro. Chegou mesmo a defender a tese de que não devíamos gastar dinheiro procurando um ‘óleo que não tínhamos’, se podíamos comprá-lo das ‘sete irmãs’. Foi contra a triticultura brasileira, pois deveríamos comprar o trigo subsidiado do Ponto IV, quando os EUA renovavam seus estoques de Guerra. Foi contra a industri alização do país. Repercutindo as teses de Eugênio Gudin, dizia-nos que nossa vocação, de país agrícola ‘por natureza’, era a de ser, palavras de hoje, ‘a grande fazenda do Ocidente’. Jamais gostou da democracia. Foi contra a posse de JK, contra a posse de Jango, a favor do golpe de 1964 e do regime militar, cuja implantação defendeu com entusiasmo, dando-lhe sustentação, até o momento em que, como genipapo maduro, a ditadura anunciou que ia cair do galho.
O ódio a Vargas vinha daí, não da ditadura do Estado Novo, mas do Vargas do regime democrático; não fôra ele defensor dos interesses nacionais em conflito com o imperialismo (recomendo a releitura de sua ‘Carta-testamento’; está no Google). Vem, também de seu ranço anti-popular, o ranço das ‘elites’ que os meios de comunicação repercutem, pois Vargas foi o fundador do trabalhismo brasileiro.
Nossa velha imprensa nunca aceitou a ‘política externa independente’. Apoiou com denodo, e unanimidade, a aventura janista. Mas logo, comandada por Lacerda, passou a hostilizar o governo de JQ. Qual a motivação? Seus arreganhos autoritários? Seus delírios bonapartistas? Não, o inimigo era a política externa independente, elucubrada pelo presidente e exemplarmente formulada e executada por Afonso Arinos.
Anti-democrática, defendeu a tentativa de golpe contra a posse de Jango. Depois, sempre comandada ideologicamente pelo lacerdismo mais tacanho (pensei em escrever ‘abjeto’, mas…) partiu para a conspiração e a oposição mais desabrida, de que é exemplo paradigmático o famoso editorial “Fora”, do ‘liberal’ Correio da Manhã de 1º de abril de 1964 (vide: http://www.gedm.ifcs.ufrj.br/upload/documentos/44.pdf). O que a incomodava, senão a política externa independente comandada pelo gênio de San Tiago Dantas?
Dócil e cevada, bem cevada com canais de rádio e de televisão para incensar a ditadura de 64, sempre torceu o nariz para tudo que contrariasse os interesses do Departamento de Estado dos EUA. Ora, Geisel chegou a romper com o acordo militar Brasil-EUA e defender, contra a sabotagem estadunidense, o acordo nuclear com a Alemanha. Essa imprensa detestava Silveirinha, pois para ela o modelo de bom chanceler era o general Juracy Magalhães, para quem ‘o que é bom para os EUA é [era] bom para o Brasil”. Por essas mesmas razões não se cansou em render loas à diplomacia de FHC, aquela na qual nosso chanceler tirava os sapatos para ingressar no solo norte-americano; é a mesma imprensa que então e agora devotava e devota ódio à trinca Amorim-Marco Aurélio-Samuel Guimarães, que, sob o comando de Lula, recolocou nossa politica externa no campo da dignidade.
A grande imprensa, por definição, está a serviço dos interesses de classe, isto é, da classe dominante, isto é, do empresariado. No Brasil, porém, ela contraria os interesses de nosso empresariado, ou seja, do capitalismo caboclo, para quem é importante vender para a China, para quem é importante vender para a Venezuela, para quem é importante o MERCOSUL e o hemisfério Sul, em geral, e a África em particular (coisa que os chineses não ignoram). Mas, a chamada mídia (um monopólio ideológico e empresarial inaceitável numa democracia que se preze) não está comprometida, sequer, com o capitalismo brasileiro, pois se ela é fiel servidora de interesses externos, ela é servidora, antes de tudo, do capitalismo norte-americano, de seu imperialismo (vá lá a palavra detestada pelos ‘liberais’ mas sempre exata) político e econômico, ainda presa, anacronicamente, a uma Guerra Fria que ela vai recolher na leitura da concordatária Seleções.
Nosso empresariado dos meios de comunicação de massas é contra a expansão de nossos interesses na América Latina, é contra a abertura de novos mercados para além dos EUA, e é a favor, ainda hoje!, da falecida ALCA , que, ao fim e ao cabo, pretendia nossa anexação.
Essas considerações me são provocadas pela leitura do editorial ‘Inspiração ideológica’ do último dia 18 deste março, de um grande matutino brasileiro.
Começa, o editorial, curiosamente, por chamar nossa atual política externa de ideológica, para criticá-la, como se a própria crítica do jornal não fosse, em si, uma formulação ideológica…, para em seguida de fato defender nosso isolamento do sub-continente sul-americano.
Essa tese vem dos tempos coloniais! É contra a aproximação com nossos vizinhos, particularmente com a Argentina (porque é governada por uma Kirschner), contra a Bolívia (porque é governada por Evo Morales), contra o Equador (porque é governado por Rafael Correa). Porque todos eles põem acima dos interesses dos EUA os interesses de seus povos. Isto está dito com todas as letras: esses países ‘são aintiimperalistas.’ Ao imperialismo deveriam ser dóceis. Essa mesma imprensa foi contra nossa aproximação com o Paraguai quando era governado por Lugo, e agora defende nossa aproximação porque Lugo foi defenestrado por um golpe-de-Estado parlamentar. Diz que não podemos afrontar os EUA, e uma maneira de afrontá-los, é aceitar que a China venha ‘substituindo os EUA como grande parceiro comercial do Brasil’.
Reclama porque não brigamos com a Bolívia quando esta ocupou uma instalação da Petrobras. Defende a posição pusilânime dos EUA no golpe em Honduras, e acusa nossa posição ali – de firme defesa democrática – como ‘apelo ideológico’.
Quer que o Brasil se dilua no NAFTA (tratado entre os EUA o Canadá e o México, esses, dois países virtualmente sem soberania, até por uma tragédia geográfica) para, afinal, sucumbirmos na ALCA, Aliança de Livre Comércio das Américas, fazendo de nós todos a colônia que já fomos de Portugal e Espanha, agora sob outra bandeira.
É por ignorância larvar ou má-fé medular que nossas ‘elites’ não entendem a proposta estratégica de nossa presença na América Latina e na África?
O editorial do grande jornal é contra a presença da Venezuela no Mercosul, a maior reserva de petróleo do mundo, e onde estão instalados significativos interesses brasileiros.
À conta do chavismo, em que pese a partida de Chávez.
E por que o jornalão é contra o chavismo? Simplesmente porque essa ‘ideologia’ combate, nas terras venezuelanas, o imperialismo norte-americano que levou o povo daquele país riquíssimo à pobreza extrema. A Venezuela não pode integrar o MERCOSUL porque se trata de uma nação ‘inimiga do maior Mercado consumidor do mundo, os EUA’. E aí, o editorialista confunde, numa grosseira contradição ideológica, o país Venezuela, uma permanência, com o chavismo, um processo político-social datado. Mais ainda: ignora, por má fé, a profunda relação comercial que os EUA mantêm com a Venezuela.
Afinal, esse editorial é tão sintomático do reacionarismo antinacional, que deve ter sido escrito (embora corrigido formalmente pelo copydesk do jornal), por um qualquer dos nossos embaixadores de pijama, recalcados irrecuperáveis, viúvas do ‘Consenso de Washington’, alguns abrigados (salarialmente) na Fiesp, que, supunha-se, estaria a serviço dos interesses dos empresários brasileiros.
Com que Brasil sonha a velha imprensa?
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/inspiracao-ideologica/?autor=593
Por Roberto Amaral
Não se discute o reacionarismo da ‘grande imprensa’ no Brasil (eu havia escrito ‘da imprensa brasileira’, mas pensei melhor); a questão é seu entranhado entreguismo, pois, para ser de direita não precisa ser entreguista. A imprensa dos EUA, por exemplo, embora conservadora, é nacionalista… É este, aliás, o único ponto em que a imprensa aqui instalada se afasta de sua congênere norte-americana: vive de costas para os interesses nacionais.
A explicação, porém, é fácil: no reverso, para atender aos interesses dos EUA (mais precisamente da dupla Pentágono-Departamento de Estado, e, logo, Departamento de Comércio), ela, essa imprensa, precisa ser antinacional. Por isso, em seu viés, o Brasil pode até crescer, desde que jamais ouse deixar de ser ‘quintal’ do grande ‘irmão do Norte’. Pode até ser rico, o Brasil, para poder ser bom comprador; contanto que jamais ouse qualquer arroubo de autonomia.
Nossas ‘elites’, ideologicamente colonizadas, não entendem que um país mestiço possa ter política externa, mormente ditada pelos seus próprios interesses.
Não é de hoje. Não é anti-lulismo, embora tenha encontrado nessa paixão política terreno fértil para se desenvolver. A grande imprensa, que ainda hoje odeia a Petrobras (que deslocou a Esso de nosso território), foi sempre contra a exploração brasileira do petróleo brasileiro. Chegou mesmo a defender a tese de que não devíamos gastar dinheiro procurando um ‘óleo que não tínhamos’, se podíamos comprá-lo das ‘sete irmãs’. Foi contra a triticultura brasileira, pois deveríamos comprar o trigo subsidiado do Ponto IV, quando os EUA renovavam seus estoques de Guerra. Foi contra a industri alização do país. Repercutindo as teses de Eugênio Gudin, dizia-nos que nossa vocação, de país agrícola ‘por natureza’, era a de ser, palavras de hoje, ‘a grande fazenda do Ocidente’. Jamais gostou da democracia. Foi contra a posse de JK, contra a posse de Jango, a favor do golpe de 1964 e do regime militar, cuja implantação defendeu com entusiasmo, dando-lhe sustentação, até o momento em que, como genipapo maduro, a ditadura anunciou que ia cair do galho.
O ódio a Vargas vinha daí, não da ditadura do Estado Novo, mas do Vargas do regime democrático; não fôra ele defensor dos interesses nacionais em conflito com o imperialismo (recomendo a releitura de sua ‘Carta-testamento’; está no Google). Vem, também de seu ranço anti-popular, o ranço das ‘elites’ que os meios de comunicação repercutem, pois Vargas foi o fundador do trabalhismo brasileiro.
Nossa velha imprensa nunca aceitou a ‘política externa independente’. Apoiou com denodo, e unanimidade, a aventura janista. Mas logo, comandada por Lacerda, passou a hostilizar o governo de JQ. Qual a motivação? Seus arreganhos autoritários? Seus delírios bonapartistas? Não, o inimigo era a política externa independente, elucubrada pelo presidente e exemplarmente formulada e executada por Afonso Arinos.
Anti-democrática, defendeu a tentativa de golpe contra a posse de Jango. Depois, sempre comandada ideologicamente pelo lacerdismo mais tacanho (pensei em escrever ‘abjeto’, mas…) partiu para a conspiração e a oposição mais desabrida, de que é exemplo paradigmático o famoso editorial “Fora”, do ‘liberal’ Correio da Manhã de 1º de abril de 1964 (vide: http://www.gedm.ifcs.ufrj.br/upload/documentos/44.pdf). O que a incomodava, senão a política externa independente comandada pelo gênio de San Tiago Dantas?
Dócil e cevada, bem cevada com canais de rádio e de televisão para incensar a ditadura de 64, sempre torceu o nariz para tudo que contrariasse os interesses do Departamento de Estado dos EUA. Ora, Geisel chegou a romper com o acordo militar Brasil-EUA e defender, contra a sabotagem estadunidense, o acordo nuclear com a Alemanha. Essa imprensa detestava Silveirinha, pois para ela o modelo de bom chanceler era o general Juracy Magalhães, para quem ‘o que é bom para os EUA é [era] bom para o Brasil”. Por essas mesmas razões não se cansou em render loas à diplomacia de FHC, aquela na qual nosso chanceler tirava os sapatos para ingressar no solo norte-americano; é a mesma imprensa que então e agora devotava e devota ódio à trinca Amorim-Marco Aurélio-Samuel Guimarães, que, sob o comando de Lula, recolocou nossa politica externa no campo da dignidade.
A grande imprensa, por definição, está a serviço dos interesses de classe, isto é, da classe dominante, isto é, do empresariado. No Brasil, porém, ela contraria os interesses de nosso empresariado, ou seja, do capitalismo caboclo, para quem é importante vender para a China, para quem é importante vender para a Venezuela, para quem é importante o MERCOSUL e o hemisfério Sul, em geral, e a África em particular (coisa que os chineses não ignoram). Mas, a chamada mídia (um monopólio ideológico e empresarial inaceitável numa democracia que se preze) não está comprometida, sequer, com o capitalismo brasileiro, pois se ela é fiel servidora de interesses externos, ela é servidora, antes de tudo, do capitalismo norte-americano, de seu imperialismo (vá lá a palavra detestada pelos ‘liberais’ mas sempre exata) político e econômico, ainda presa, anacronicamente, a uma Guerra Fria que ela vai recolher na leitura da concordatária Seleções.
Nosso empresariado dos meios de comunicação de massas é contra a expansão de nossos interesses na América Latina, é contra a abertura de novos mercados para além dos EUA, e é a favor, ainda hoje!, da falecida ALCA , que, ao fim e ao cabo, pretendia nossa anexação.
Essas considerações me são provocadas pela leitura do editorial ‘Inspiração ideológica’ do último dia 18 deste março, de um grande matutino brasileiro.
Começa, o editorial, curiosamente, por chamar nossa atual política externa de ideológica, para criticá-la, como se a própria crítica do jornal não fosse, em si, uma formulação ideológica…, para em seguida de fato defender nosso isolamento do sub-continente sul-americano.
Essa tese vem dos tempos coloniais! É contra a aproximação com nossos vizinhos, particularmente com a Argentina (porque é governada por uma Kirschner), contra a Bolívia (porque é governada por Evo Morales), contra o Equador (porque é governado por Rafael Correa). Porque todos eles põem acima dos interesses dos EUA os interesses de seus povos. Isto está dito com todas as letras: esses países ‘são aintiimperalistas.’ Ao imperialismo deveriam ser dóceis. Essa mesma imprensa foi contra nossa aproximação com o Paraguai quando era governado por Lugo, e agora defende nossa aproximação porque Lugo foi defenestrado por um golpe-de-Estado parlamentar. Diz que não podemos afrontar os EUA, e uma maneira de afrontá-los, é aceitar que a China venha ‘substituindo os EUA como grande parceiro comercial do Brasil’.
Reclama porque não brigamos com a Bolívia quando esta ocupou uma instalação da Petrobras. Defende a posição pusilânime dos EUA no golpe em Honduras, e acusa nossa posição ali – de firme defesa democrática – como ‘apelo ideológico’.
Quer que o Brasil se dilua no NAFTA (tratado entre os EUA o Canadá e o México, esses, dois países virtualmente sem soberania, até por uma tragédia geográfica) para, afinal, sucumbirmos na ALCA, Aliança de Livre Comércio das Américas, fazendo de nós todos a colônia que já fomos de Portugal e Espanha, agora sob outra bandeira.
É por ignorância larvar ou má-fé medular que nossas ‘elites’ não entendem a proposta estratégica de nossa presença na América Latina e na África?
O editorial do grande jornal é contra a presença da Venezuela no Mercosul, a maior reserva de petróleo do mundo, e onde estão instalados significativos interesses brasileiros.
À conta do chavismo, em que pese a partida de Chávez.
E por que o jornalão é contra o chavismo? Simplesmente porque essa ‘ideologia’ combate, nas terras venezuelanas, o imperialismo norte-americano que levou o povo daquele país riquíssimo à pobreza extrema. A Venezuela não pode integrar o MERCOSUL porque se trata de uma nação ‘inimiga do maior Mercado consumidor do mundo, os EUA’. E aí, o editorialista confunde, numa grosseira contradição ideológica, o país Venezuela, uma permanência, com o chavismo, um processo político-social datado. Mais ainda: ignora, por má fé, a profunda relação comercial que os EUA mantêm com a Venezuela.
Afinal, esse editorial é tão sintomático do reacionarismo antinacional, que deve ter sido escrito (embora corrigido formalmente pelo copydesk do jornal), por um qualquer dos nossos embaixadores de pijama, recalcados irrecuperáveis, viúvas do ‘Consenso de Washington’, alguns abrigados (salarialmente) na Fiesp, que, supunha-se, estaria a serviço dos interesses dos empresários brasileiros.
Com que Brasil sonha a velha imprensa?
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/inspiracao-ideologica/?autor=593
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