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sábado, 20 de agosto de 2016

UMA CRÍTICA PARA PENSAR...

Da página de Francisco Costa no Facebook: 

                               Não é fogo amigo


Francisco Costa

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Nas páginas dos golpistas e seus coxinhas amestrados, as postagens, comentários e fotos editadas, que é quase que só o que sabem fazer, colar figurinhas e insultar, o que se lê é que Dilma foi abandonada pelo PT, que a CUT tirou o time, que o PT já se reorganiza, para depois da deposição da Presidente, que o MST sumiu, que o PT está extinto... E que só um bando de “militontos” continua a defender Dilma e Lula.

Há exagero, mas não falta de fundamento, a passividade da esquerda, como bom boi a caminho do matadouro, está de desesperar.

Sem mobilização, sem ações explícitas e públicas não há como despertar a chamada maioria silenciosa, mais da metade do povo brasileiro, que não tem a menor noção do que está acontecendo, acreditando que Dilma está sendo “cassada” porque roubou e que Lula coleciona um monte de processos por roubo, com Temer, Renan, Serra e Aécio chegando para impor a honestidade, o que é, no mínimo, surreal.

Quando desminto, mostrando as contradições e aponto o que pretende Temer e a serviço de quem ele está, explicando o que é a Lava Jato, as pessoas se horrorizam e mudam de lado, mas poucas andorinhas não inauguram o verão, é preciso criar o fato político, ir para as ruas, fazer ocupações, obrigar a mídia a acordar os indiferentes, ainda que com ela deturpando as notícias. 

É mais fácil mudar a opinião de quem está interessado em saber das coisas do que a de alguém que é indiferente, achando que a política é um jogo sujo e que os políticos são todos iguais.

A direita está levando o país como quer, como se não houvesse uma oposição.
A militância virtual está ativa e com competência, denunciando tudo, atenta e crítica, sem a devida correspondência nas direções dos partidos de esquerda, sindicatos e centrais sindicais.

O que está acontecendo de fato?

Reduzimo-nos a militantes virtuais e meia dúzia de senadores?

Não tenho vocação para massa de manobra, esta apatia é planejada, pensada ou já se abateu sobre as nossas lideranças o espírito da derrota, a passividade do condenado em vésperas de execução, e não sei?

Dilma foi abandonada porque é simpática ao PDT? Porque fez concessões ao neoliberalismo? Porque se recusou ao jogo sujo da corrupção, para livrar petistas da Lava Jato? Isto tem nome: traição.

Ou não é isso, concluíram, equivocadamente, que, pelo quadro do que vem aí, a esquerda resolveu não impedir, na esperança de um desgaste vertiginoso dos golpistas, com o conseqüente ressurgimento forte da esquerda. Isto é usar o povo e não considerar que contra o fortalecimento da esquerda poderá vir uma ditadura cruel e fechada, pior que a de 64, porque apoiada no Judiciário, com fachada de legalidade.

Há rachas nas lideranças? Entrem em acordo ou abram para a militância, para que nos posicionemos.

Quando a liderança maior de um partido, de parte majoritária do eleitorado, tem que buscar justiça no exterior porque a sua base política não tem força bastante para exigir que se faça aqui, há alguma coisa errada.

Com a pecha de ladrões, por causa de meia dúzia de corruptos, estamos vendo uma notória quadrilha de corruptos se assenhorear do poder, para ficar impune, para impor uma pauta de desmonte do estado brasileiro, o atrelamento servil à potência hegemônica, a redução das conquistas sociais e econômicas das famílias, levando-as aos mesmos patamares de duas décadas atrás, de miséria, mortandade infantil e desemprego.

Se as lideranças perderam o fôlego, passem o bastão, há quem queira continuar na luta.

Se têm projetos que passam por momentânea passividade para acirramento posterior, que esclareçam.

O que não podemos mais é continuar reduzidos a assistir o triste espetáculo onde também somos protagonistas.

O silêncio das lideranças é ensurdecedor, a imobilidade das lideranças, desesperadora, o não saber o que fazer, um trunfo nas mãos dos adversários e inimigos.

Ocasionais declarações pouco dizem, é preciso ação.

Acorda PT, CUT, MST... Ao estuprado cabe resistir, não ceder.

Se nos tomaram uma, duas, muitas trincheiras, trincheiras outras ainda temos, e um vasto território vazio, onde trincheiras muitas, trincheiras novas, podemos construir.

Cuba começou com seis em Sierra Maestra, aqui somos milhões.
Os que subestimam isso, atrapalham.

E não estou propondo guerrilha, não sou louco, só quero que não continuemos Amélias diante de maridos cafajestes, como na canção de Mário Lago, companheiro e camarada que não calou, mesmo estando em situação muito mais adversa.

Ficar reduzido a postar protestos e incentivos de luta em grupos de esquerda e sempre para os mesmos não basta. Água represada não gera energia, é preciso pô-la em movimento.

Com a palavra os que têm sobre os seus ombros o nosso respeito e as esperanças de um povo.

Ajam, para que possamos acompanhar.
Francisco Costa
Rio, 20/08/2016.
PS: sei que o artigo ficou pesado, mas quando o despertador não basta é preciso cutucar os dorminhocos, senão não acordam, e perdem a hora da História.