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terça-feira, 3 de maio de 2016

Somos todos parte do golpe...

Assistindo nestes dois últimos dias aos debates na Comissão do Impeachment da Presidente Dilma no Senado Federal cheguei à conclusão de que na verdade, somos todos parte do processso de golpe contra a democracia que se tenta ou já se deu no país. 

Explico: O golpe já está dado e é inevitável o afastamento de Dilma Vana Rousseff da Presidência da República. Assistiremos na próxima semana a votação do relatório do senador Anastasia a favor do afastamento da chefe do governo pelo plenário do Senado com resultado já previsto a favor dessa medida.

Por isso, todos nós que ainda assistimos aos debates na Comissão e ainda ingenuamente acreditamos numa votação correta e justa por parte dos senadores, somos apenas parte desse processo que se transformou numa farsa e numa palhaçada que apenas depende de nossa assistência e participação pelo debate para legitimar um falso processo jurídico-parlamentar que salve as aparências dos golpistas reais. 

Durante os debates de hoje, principalmente, assistimos quando falavam os defensores da Presidente, o mais completo desinteresse dos senadores de oposição ao que ali se falava. Quatro deles, falavam ao telefone quando os imagens da TV Senado abriram a câmera para o plenário da Comissão. Contamos oito cadeiras vazias. Três desses senadores falam entre si e apenas um punhadinho de senadores do PT e do PSdoB mostravam atenção ao que se dizia.



Já se ouviu no discurso da senadora Tebet de Mato Grosso que o golpe foi aprovado por 367 deputados. Agora vai se ouvir que será aprovado pela maioria dos senadores e por nós que tolamente assistimos essa pantomima.

Uma pantomima que deixou de lado a candente fala política do jurista Marcelo Lavanère fazendo um paralelo sobre o impeachment de Fernando Collor e a história de bastidores daquele processo e o atual procedimento contra Dilma. Lavanère foi agredido por senadores, embora não lhe falte autoridade e respeito para expor suas ideias. A oposição não aceita opinião contrária. 

Eu me recuso a aceitar essa farsa. Não sou parte de golpe e não vou compactuar com esse discurso de que há "um devido processo legal" para invocar o jargão dos advogados. Vou viver o resto de meus dias a proclamar que o Brasil em maio de 2016 foi vítima de um golpe de estado de caráter parlamentar-jurídico e midiático. 

Já está tudo definido e acertado. Agora se busca apenas o apoio para se justificar o injustificável contra a democracia. Onde estão os senadores-juízes? Onde estão os julgadores isentos? Onde estão os que defendem o país e a democracia? 

Esse é o nosso triste Brasil de hoje.