Páginas

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O golpe e o ditado chinês

Há um velho ditado chinês que vem bem a propósito de matéria hoje publicada no Blog "Tijolaço" do Fernando Brito, evocando matéria assinada por Mário Magalhães: não há coincidência quando um fato se repete reiteradamente. 

Diz a velha sabedoria oriental que: "Se um cavalo ganha uma corrida é sorte. Quando o mesmo cavalo ganha a segunda corrida, é coincidência. Mas, se esse cavalo ganha a terceira corrida, jogue no cavalo..."

Isso, somado à frase de Rui Barbosa que postamos abaixo e que diz que "a pior ditadura é a do judiciário, pois com ela ficamos sem ter a quem recorrer", mostra com evidente clareza que já vivemos uma ditadura judicial com apoio parlamentar e midiático. 

E triste a sina do Brasil submetido a esse tipo de golpe contra democracia. 

Eis o texto do Tijolaço: 

O calendário da cumplicidade. Do blog de Mário Magalhães

aroeira2016
Mário Magalhães, em seu blog, faz, detalhadamente, o que precisava há tempos ser feito.
A sincronia – e sintonia – entre o movimento de impeachment e as ações espetaculosas da Justiça, a esta altura instituição que está a merecer o uso de aspas.
Não é preciso um compêndio de Direito, basta uma destas folhinhas de farmácia, veja só neste trecho que reproduzo aqui:

Ações da Lava Jato coincidem com
vésperas de eventos políticos decisivos

Mário Magalhães (trecho)
Daqui a dez, vinte, trinta anos, quem sabe na pena de um brasilianista, alguém há de cotejar obsessivamente a cronologia da Operação Lava Jato com a de eventos políticos relevantes e decisivos.
E constatar que, quando a coincidência é demasiada, deixa de ser coincidência.
Em 4 de março de 2016, na 24ª fase da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro determinou a condução coercitiva de Lula para prestar depoimento à Polícia Federal. Tremendo barulho.
Manifestações pró-impeachment estavam marcadas para menos de dez dias depois. O ambiente mudou. Bombaram. Em dezembro, haviam sido modestas.
Três dias mais tarde, Moro liberou a divulgação de gravações telefônicas de Lula, inclusive de conversa com a presidente.
Em abril de 2015, ocorrera sincronia semelhante.
O ato pela deposição de Dilma seria no dia 12.
Na antevéspera, deu-se a 11ª fase da Lava Jato, e o clima esquentou.
Cinco dias antes da votação na Câmara que autorizaria o impeachment, desencadearam a 28ª fase.
A nove dias da data provável para o Senado se pronunciar sobre o afastamento provisório da presidente constitucional, o procurador-geral da República denunciou Lula e pediu investigação de Dilma.
Ainda que sem querer _será?_, a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça aumentaram a temperatura às vésperas de acontecimentos políticos de envergadura.
Algum dia um scholar estudará tudo isso e muita gente reagirá com ares de surpresa, falsos ou verdadeiros, às conclusões tão óbvias.