Durante a ditadura militar entre 1964 e 1985, a referência aos generais golpistas e aos civis que a eles se aliaram no comando do regime de exceção, eram chamados pejorativamente de "gorilas", numa referência à brutalidade com que agiam e ao pouco discernimento intelectual que caracterizava cada um desses oficiais e civis que agiam à base da força, da violência e da tortura.
Ainda hoje é possível se ver em boa parte da oficialidade do Exército, principalmente, a presença de oficiais que mostram comportamento político típico da verdadeira lavagem cerebral a que são submetidos os alunos da AMAN - Academia Militar das Agulhas Negras, da Escola Superior de Guerra e da Escola de Comando e Estado Maior do Exército, todos voltados a defesa de regimes conservadores, de direita, antinacionais e de pura submissão do Brasil a potências externas, ao contrário do que foi a vocação da Arma em tempos idos.
A maior expressão desses oficiais "gorilas" está hoje na figura do General Sergio Westphalen Etchegoyen, Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, herdeiro e descendente de uma das mais tradicionais família de oficiais do exército em nossa História. Seu pai, Leo Etchegoyen foi atuante no período da ditadura sendo acusado de tortura e
O General ETCHEGOYEN nasceu
na cidade de Cruz Alta – RS, em 1º de fevereiro de 1952, filho do
General de Brigada LEO GUEDES ETCHEGOYEN e de LUCIA
WESTPHALEN ETCHEGOYEN.
Ingressou no Exército Brasileiro
em 1º de março de 1971, na Academia Militar das Agulhas Negras, sendo
declarado Aspirante a Oficial de Cavalaria em 17 de dezembro de 1974. Possui os cursos de Formação da
Arma de Cavalaria; Manutenção de Material Bélico; Básico de Montanhismo;
Aperfeiçoamento de Oficiais da Arma de Cavalaria; Comando e
Estado-Maior; Política, Estratégia e Alta Administração do Exército. (dados extraidos da ficha do general no GSUI, a primeira a ser atualizada no atual gabnete interino do presidente golpista Michel Temer Lulia).
A herança dos Etchegoyen segundo
a Comissão Nacional da Verdade:
Em resposta a manifestação da família de Leo Etchegoyen pela inclusão do nome do oficial, pai do atual general chefe da GSI entre os torturadores da ditadura, a Comissão Nacional da Verdade, de acordo com a Folha de S. Paulo divulgou dados sobre Leo Etchegoyen que, em resumo, dizem:
"A CNV detalha a trajetória do general e explica o motivo de ter incluído Leo na lista de responsáveis pela tortura no regime limitar.De acordo com a comissão, "após o golpe de 1964, Leo Guedes Etchegoyen assumiu a chefia da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul, período no qual recebeu Daniel Anthony Mitrione, notório especialista norte-americano em métodos de tortura contra presos políticos, para ministrar curso à Guarda Civil do Estado, realizado no período de 19 a 26 de junho."Em 28 de dezembro de 1979, afirma a comissão, Leo "na qualidade de chefe do Estado Maior e supervisor das atividades do DOI-CODI, fez calorosos elogios aos serviços prestados pelo Tenente-coronel Dalmo Lúcio Muniz Cyrillo, chefe do DOI-CODI/II Exército".Cyrillo atuou no DOI-CODI do II Exército, lembra a nota, "como chefe de equipes de interrogatório [momento em que a maior parte das torturas era feita], tendo desempenhado a função de Sub-comandante nos períodos de Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel."Depois, em 1980, quando Leo era chefe do Estado Maior do II Exército, "seu comando esteve vinculado ao planejamento da prisão coletiva de sindicalistas e lideranças dos metalúrgicos da região metropolitana de São Paulo conhecida como ABCD, bem como do sequestro de integrantes de organizações de direitos humanos que prestavam solidariedade a esses trabalhadores, como os advogados José Carlos Dias –então presidente da Comissão Justiça e Paz (CJP) da Arquidiocese de São Paulo– e Dalmo Dallari –ex-presidente da CJP–, prisões efetuadas com violência, sem mandado de prisão e sem a devida comunicação às suas famílias."Segundo a comissão, "a operação contra líderes do movimento sindical do ABCD e integrantes da Comissão Justiça e Paz foi planejada pelo comando do II Exército e executada por agentes do DOI-CODI, do DEOPS/SP, DPF/SP, ocasião em que Etchegoyen era o chefe do Estado Maior do II Exército."