E de dar náusea, isso tenho certeza.
VÃO ENGANAR O CARAI, EXCELÊNCIAS
De plantão diante do televisor, estou acompanhando atentamente a cada um dos pronunciamentos dos senadores, e vou percebendo “coincidências” que não são coincidências, mas uma linha que se repete, muito provavelmente por orientação de marqueteiros.
A primeira delas, presente em todos os discursos, é a do tirar o corpo fora, afirmando que a decisão do impeachment foi do povo nas ruas, ao qual o parlamento se submeteu.
Isso tem função dupla: a primeira é a preocupação com a história: sabem-se golpistas e isso os incomoda, então não assumem.
A segunda é a da política do convencimento: é preciso fazer o povo crer que quer isso, que o golpe não é uma manobra da elite dependurada nos tribunais, dos empresários reclamando maiores lucros, da potência hegemônica preocupada com a destinação do nosso minério e nosso petróleo, preocupada com o Brics.
Outra argumentação que se repete, e que chamarei de vaselina perfumada, é a constante afirmação de que a situação atual exigirá uma grande dose de sacrifício “de todos”, um bem planejado preparo para o estupro que vem aí.
Se um ou outro senador tivesse se referido a isso, seria uma casualidade, uma coincidência, mas todos – e eu disse todos, bateram nessas teclas, nos mostrando que há uma articulação por trás de tudo.
A demagogia campeia, sem o menor pudor: acusam a presidente Dilma de prejudicar o aposentado, sem dizer que o programa Ponte Para o Futuro desvincula o salário mínimo das pensões e aposentadorias, para que os nossos velhos voltem a receber parcelas do salário mínimo; fingem valorizar a educação e o professor, omitindo que há planos de privatizar a educação e acabar com o piso nacional dos professores; criticam a corrupção, escondendo que dos 14 ministros já escolhidos por Renan, 7 respondem a processos de corrupção...
É uma feira de hipocrisia, para todos os gostos.
O momento baixo, o mais baixo, no entanto, ficou por conta do gangster Magno Malta.
Não consigo assistir a um culto pentecostal, por muitos motivos, mas o principal deles está nos pastores, com a eloquências dos berros e gritos, para esconder o vazio de argumentos, o discorrer sobre o amor com ódio, o navegar sobre utopias com a pedagogia do que aconselha a retardados mentais, incapazes de juntar atos e fatos, as intenções mascaradas.
Pois Magno Malta foi esse momento baixo, repetindo o circo que assistimos na Câmara dos Deputados.
Há que se ter estômago, mas sou masoquista, continuarei ouvindo.Francisco Costa
Rio, 11/05/2016.