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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Mídia: a guerra de saturação



Parte importantíssima, senão essencial, ao golpe parlamentar implementado no Congresso Nacional contra a presidente Dilma Roussef, a mídia brasileira, sempre envolvida em “tenebrosas transações” como lembra a música de Chico Buarque de Hollanda, mantém a pressão e amplia o bombardeio contra Dilma, o governo e a esquerda.

Nesta segunda feira, passada a votação da primeira parte do pedido de impedimento na Câmara, os principais órgãos de imprensa do país ampliaram sua campanha, num movimento que certamente é combinado e planejado cuidadosamente.

Para todos os que conhecem os meandros do jornalismo – e eu o vivo por mais de cinquenta anos – ficou clara a tática empregada: saturar o campo bombardeado até a total extinção de qualquer resistência, numa evocação dos melhores manuais de guerra.

O processo chega ao ridículo ao vermos os sites da grande mídia ampliarem espaço negativo nas referências a Dilma e na referência a Temer como “o presidente” para criar o efeito “caso resolvido” nos leitores. Na TV é um massacre em doses ainda maiores do que aquelas que antecedera, ao deplorável espetáculo proporcionado pela Câmara.



Os site do UOL-Folha de S. Paulo; G1 – Globo e estadão, por exemplo, deram no correr do dia destaque a Temer, Eduardo Cunha, Processo do Senado, Lula abalado e até uma inacreditável chamada para “Câmara não reconhece mais o governo” (UOL), seguida de outras sandices desse nível.

Na TV, o processo de saturação chega ao seus limites máximos, sem qualquer pudor. Nas principais emissoras da TV paga em canais noticiosos como Globo News e BandNews, o noticiário é todo voltado para um clima de “governo Temer” e “esperança pelo futuro”.  

Na GloboNews os comentaristas de sempre – Cristiana Loba, Renata LoPrete e Gerson Camarotti – não conseguem esconder seus sorrisos de satisfação com o desfecho da votação de ontem e despejam análises que beiram o preconceito mencionado até um inexistente “desânimo” e “aparência desiludida” de Dilma em sua entrevista após a votação quando ela se mostrava descontraída e chegou até a brincar com repórteres.

Na BandNews e na TV Bandeirantes o absurdo da manipulação chegou à referência das manifestações populares do domingo com imagens mostrando os dois grupos com evidente presença maior de pessoas nas que apoiavam o governo e menor nas que eram a favor do impeachment e que na narrativa nas “notas cobertas” que são as narrativas ao fundo na exibição de imagens – com inversão dos números. Para a Band, em Brasília estavam 29 mil manifestantes a favor de Dilma e 65 mil contra e as cenas transmitidas mostravam o oposto.  Em São Paulo para a TV paga dos Saads, foram 250 mil na Av. Paulista e 7 mil na Praça da Sé.

E tática para ganhar guerra a qualquer custo...