Parte
importantíssima, senão essencial, ao golpe parlamentar implementado no
Congresso Nacional contra a presidente Dilma Roussef, a mídia brasileira,
sempre envolvida em “tenebrosas transações” como lembra a música de Chico
Buarque de Hollanda, mantém a pressão e amplia o bombardeio contra Dilma, o
governo e a esquerda.
Nesta
segunda feira, passada a votação da primeira parte do pedido de impedimento na
Câmara, os principais órgãos de imprensa do país ampliaram sua campanha, num
movimento que certamente é combinado e planejado cuidadosamente.
Para
todos os que conhecem os meandros do jornalismo – e eu o vivo por mais de
cinquenta anos – ficou clara a tática empregada: saturar o campo bombardeado até
a total extinção de qualquer resistência, numa evocação dos melhores manuais de
guerra.
O
processo chega ao ridículo ao vermos os sites da grande mídia ampliarem espaço
negativo nas referências a Dilma e na referência a Temer como “o presidente”
para criar o efeito “caso resolvido” nos leitores. Na TV é um massacre em doses
ainda maiores do que aquelas que antecedera, ao deplorável espetáculo
proporcionado pela Câmara.
Os
site do UOL-Folha de S. Paulo; G1 – Globo e estadão, por exemplo, deram no
correr do dia destaque a Temer, Eduardo Cunha, Processo do Senado, Lula abalado
e até uma inacreditável chamada para “Câmara não reconhece mais o governo”
(UOL), seguida de outras sandices desse nível.
Na
TV, o processo de saturação chega ao seus limites máximos, sem qualquer pudor. Nas
principais emissoras da TV paga em canais noticiosos como Globo News e
BandNews, o noticiário é todo voltado para um clima de “governo Temer” e “esperança
pelo futuro”.
Na
GloboNews os comentaristas de sempre – Cristiana Loba, Renata LoPrete e Gerson
Camarotti – não conseguem esconder seus sorrisos de satisfação com o desfecho
da votação de ontem e despejam análises que beiram o preconceito mencionado até
um inexistente “desânimo” e “aparência desiludida” de Dilma em sua entrevista
após a votação quando ela se mostrava descontraída e chegou até a brincar com
repórteres.
Na
BandNews e na TV Bandeirantes o absurdo da manipulação chegou à referência das
manifestações populares do domingo com imagens mostrando os dois grupos com
evidente presença maior de pessoas nas que apoiavam o governo e menor nas que
eram a favor do impeachment e que na narrativa nas “notas cobertas” que são as
narrativas ao fundo na exibição de imagens – com inversão dos números. Para a
Band, em Brasília estavam 29 mil manifestantes a favor de Dilma e 65 mil contra
e as cenas transmitidas mostravam o oposto. Em São Paulo para a TV paga dos Saads, foram 250 mil
na Av. Paulista e 7 mil na Praça da Sé.
E
tática para ganhar guerra a qualquer custo...