Um voto pela Dona Valdevina Dois: o meu também
Autor: Fernando Brito
Peço desculpas por compartilhar algo que não me foi enviado, mas
postado no Facebook de um jovem, hoje paulistano, para seus amigos.
Olha, eu cresci num bairro quase rural, e nele havia um açougue feio, sujo, mas era o que tinha (ficava do lado da loja de materiais de construção Telo) e lá, muitas vezes via gente humilde pedindo osso pra por na sopa.Na sequência vinha gente rica e pedia o mesmo osso, só que pro seu cachorro.Nesse estabelecimento havia aquele sem número de placas jocosas tipo “fiado só amanhã ” e uma que (estamos falando de 1997, 1998 – por aí) dizia “De Fernando em Fernando o Brasil vai afundando” referindo-se ao combo Collor/FHC .Esse mundo existiu, não tão longe dos condomínios onde moravam as crianças que hoje acham que tem o que tem por um conceito abjeto de mérito.Do lado da minha casa, grande, sólida, com teto e paredes de concreto, vivia a família da Dona Valdevina, numa casa de pau-a-pique, telhado de lona e na frente de uma vala negra e fedorenta.Ela e a família dela não tiveram as mesmas oportunidades que eu, minha irmã e meus pais.Medir é comparar, riqueza e pobreza com relação a quem?Quem hoje desdenha de sua classificação de classe média deveria ter guardado na mente a imagem da dona Valdevina – 400km e mais de uma década depois, dedico meu voto a ela.13.
O texto é do meu filho, perdoem o orgulho paterno.
A ele não dei carro, não dei apartamento, nem mesmo dei a atenção e o
carinho que ele merecia, perdido em meio à luta política e e o duro
trabalho para sobreviver.
Exatamente como ele faz hoje, adulto.
Aliás, ele é um dos responsável por ter nascido, cinco anos atrás, este Tijolaço, aguentando um chefe implacável e duro como o que fui para ele.
Mas que todo dia descobre que tem de aprender a amar e respeitar os
jovens, que fica, com o tempo, sendo a única maneira de reter em nós a
juventude.