Pitadas pós-eleição
@ O calcanhar de Aquiles do PT continua sendo o Estado de São Paulo, principal reduto tucano e do conservadorismo. Dilma terá de diminuir a diferença, de foi de 18 pontos percentuais, enorme, de Aécio. É uma tarefa dificílima. Em certas cidades do interior, Aécio conquistou mais de 80% dos votos. Só na capital, Aécio livrou mais de 1 milhão de votos de diferença. Em São Bernardo do Campo, berço do PT, Aécio também venceu, por 15 mil votos.
@ Outro ponto fundamental para que Dilma seja reeleita será ampliar a sua imensa vantagem no Norte/Nordeste, regiões em que Aécio foi muito mal. E também e fortalecer em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
@ Esta será uma campanha feroz, na qual a oposição vai se valer de todo o seu imenso arsenal econômico e midiático, de todas as baixarias possíveis e imagináveis - incluindo relatos de delatores devidamente vazados para a imprensa, inteiramente engajada no propósito de destruir os trabalhistas e eleger Aécio.
@ Para se ter uma ideia de como as coisas funcionam no mundo real: a rádio FM Cultura Municipal, de Amparo, em todo o período de propaganda eleitoral gratuita, não pôs no ar um único comercial que não fosse de Alckmin e Serra. Pelo menos durante o dia. O descumprimento da legislação eleitoral foi flagrante. E se isso ocorreu nessa rádio, é de imaginar que pode ter ocorrido em dezenas de outras pelo Brasil afora, sem que a Justiça Eleitoral tomasse nenhuma providência.
@ A inação do PT paulista é outro fator preocupante. Nas cidades do Circuito das Águas Paulista, por exemplo, a propaganda dos candidatos do partido era praticamente inexistente - foi como se ele nem participasse da eleição. E algumas das cidades da região já tiveram prefeitos petistas e recentemente receberam inúmeros profissionais do programa Mais Médicos, que, segundo a imprensa regional, são muito bem avaliados pela população.
@ O tão sonhado pela oposição voto distrital já existe na prática. Com exceção de um ou outro, os candidatos a deputado federal e estadual mais votados no Estado de São Paulo são representantes das regiões onde moram, atuam ou estabeleceram seus currais eleitorais. O inexpressivo Edmir Chedid (DEM), por exemplo, membro da família Chedid, que sustenta seus negócios controlando, direta ou indiretamente, várias prefeituras da região de Bragança Paulista e Circuito das Águas Paulista, teve, em Serra Negra, onde o prefeito Bimbo, um octogenário, é seu obediente seguidor, incríveis 65% dos votos. Em Bragança Paulista, 71%; em Socorro, 42%. No total, somou mais de 160 mil votos, se reelegendo mais uma vez com tranquilidade.
@ À predominância absoluta do voto de curral, possível graças ao poder econômico, sobre o voto ideológico se soma a apatia do eleitor em relação à eleição legislativa. O resultado é essa catástrofe que se vê: a formação de uma Câmara dos Deputados ainda pior que a atual. Sobre a próxima Assembleia Legislativa paulista, então, nem é bom falar. Nem em seus sonhos repletos de anjinhos cacheados e embalados pelas canções da Opus Dei, o governador Geraldo Alckmin esperava tanta moleza.
@ Se alguém tinha alguma dúvida sobre a motivação das tais manifestações de rua no ano passado, ela já está devidamente esclarecida. O movimento foi muito bem armado para desacreditar, primordialmente, o governo federal, e depois o PT e a política em geral. Nivelando todos os políticos por baixo fica bem mas fácil eleger os coronéis Telhada, Russsomanos, Tiriricas e que tais da vida.
@ As palavras de ordem da massa de manobra juvenil que serviu de bucha de canhão para os interesses da oligarquia, podem finalmente ser traduzidas. Os gritos contra a "corrupção" e por "mudanças" queriam simplesmente dizer "vamos mudar tudo o que incomoda a nossa elite econômica, não suportamos um Brasil socialmente mais justo". A campanha eleitoral oposicionista não começou neste ano, vem de longe, é incessante e dispõe de recursos inimagináveis por nós, simples mortais.