O jornal "Gazeta de Alagoas", pertencente à família Collor de Mello já fez parte da mídia hegemônica que se julga "dona" do Brasil. Hoje, há mudança em sua linha editorial, talvez por conta das posições políticas do ex-presidente.
Nesta semana passada, a Gazeta publicou um editorial que vale a pena ser transcrito:
Festival de hipocrisia
que assola o Brasil
EDITORIAL - Gazeta de
Alagoas
Nas derradeiras semanas antes do primeiro turno das eleições
presidenciais, intensificam-se as pressões e a manipulação de
informações por parte dos grupos econômicos mais tradicionais e
poderosos do País perfilados, em esmagadora maioria dentre as elites
tupiniquins (eles detestam esse termo, que, em verdade, é muito injusto
com os selvícolas), contra a candidatura Dilma Rousseff.
Um dos malabarismos vernaculares mais interessantes que têm assaltado os noticiários mais badalados, especialmente nas TVs, está na dualidade do significado do termo “oscilar”. Na divulgação das pesquisas, quando Dilma ganha um ponto que seja, ela “oscila”; mas se Aécio e/ou Marina faturam seu ponto, ele e/ou ela “cresce”. No mesmo rumo do léxico elitista, se Marina/Aécio desce um ponto, ele/ela “oscila”, enquanto a mesma situação, se ocorrer, em relação a Dilma, esta “cai”. Curiosa essa nossa língua portuguesa/eleitoral, não é?
Noutro exemplo dual, se Dilma contesta alguma notícia veiculada contra ela, está praticando a “censura à imprensa”; ao mesmo tempo se Marina e Aécio entram na Justiça para tirar do ar algum site e/ou processam algum jornalista, este gesto passa a ser “legítima defesa” ou outra sandice do tipo. Ou seja, liberdade de imprensa é algo que se manifesta apenas quando se imprensa Dilma, PT e seus aliados; e se o noticiado é calúnia ou difamação, trata-se de detalhe secundário.
Nesse mesmo raciocínio, pode-se insultar Dilma, Lula, PT e seus aliados à vontade, usando termos como “mula”, “anta”, “quadrilha”, “petralha” e preciosidades semelhantes à larga. Mas ninguém pode dirigir uma palavra sequer que possa ser entendida como “ataque” contra Aécio/Marina – aí a comoção se instalada em defesa das pobres vítimas, tadinho e tadinha!
Trombeteia-se denúncias e supostas denúncias contra a Petrobras (apenas no período dos mandatos Lula e Dilma, esquecendo-se de FHC) ao mesmo tempo em que, por exemplo, são abafadas as notícias sobre o caso do transporte de meia tonelada de pasta de cocaína num helicóptero de aliados políticos do presidenciável tucano.
É esse tipo de picaretagem ideológica que se pretende instituir como parâmetro para o cerceamento real da liberdade de expressão, conferindo generosos direitos a uns e draconianos deveres para outros."
Um dos malabarismos vernaculares mais interessantes que têm assaltado os noticiários mais badalados, especialmente nas TVs, está na dualidade do significado do termo “oscilar”. Na divulgação das pesquisas, quando Dilma ganha um ponto que seja, ela “oscila”; mas se Aécio e/ou Marina faturam seu ponto, ele e/ou ela “cresce”. No mesmo rumo do léxico elitista, se Marina/Aécio desce um ponto, ele/ela “oscila”, enquanto a mesma situação, se ocorrer, em relação a Dilma, esta “cai”. Curiosa essa nossa língua portuguesa/eleitoral, não é?
Noutro exemplo dual, se Dilma contesta alguma notícia veiculada contra ela, está praticando a “censura à imprensa”; ao mesmo tempo se Marina e Aécio entram na Justiça para tirar do ar algum site e/ou processam algum jornalista, este gesto passa a ser “legítima defesa” ou outra sandice do tipo. Ou seja, liberdade de imprensa é algo que se manifesta apenas quando se imprensa Dilma, PT e seus aliados; e se o noticiado é calúnia ou difamação, trata-se de detalhe secundário.
Nesse mesmo raciocínio, pode-se insultar Dilma, Lula, PT e seus aliados à vontade, usando termos como “mula”, “anta”, “quadrilha”, “petralha” e preciosidades semelhantes à larga. Mas ninguém pode dirigir uma palavra sequer que possa ser entendida como “ataque” contra Aécio/Marina – aí a comoção se instalada em defesa das pobres vítimas, tadinho e tadinha!
Trombeteia-se denúncias e supostas denúncias contra a Petrobras (apenas no período dos mandatos Lula e Dilma, esquecendo-se de FHC) ao mesmo tempo em que, por exemplo, são abafadas as notícias sobre o caso do transporte de meia tonelada de pasta de cocaína num helicóptero de aliados políticos do presidenciável tucano.
É esse tipo de picaretagem ideológica que se pretende instituir como parâmetro para o cerceamento real da liberdade de expressão, conferindo generosos direitos a uns e draconianos deveres para outros."