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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A insistência e o sabujo...

Há duas historinhas sobre a Bolívia que me veem à monte quando leio determinados textos. A primeira lembra o Barão do Rio Branco nas primeiras décadas do século vinte quando informado de que a Bolívia havia nomeado embaixador no Brasil o diplomata Dom Jose de Porras y Porras teria afirmado num rompante: "nesse caso do boliviano, o que irrita é a insistência". 

A outra diz dos tempos da ditadura que, providencialmente, adaptamos aos dias de hoje. Conta ela que um diplomata brasileiro chegando a La Paz estranhava o fato de ser a Bolívia um país interior e ter um Ministro da Marinha. Questionando colega boliviano dele ouviu a seguinte frase: sí..la Bolívia tiene um ministro de Mariña e el Brasil lo tine un ministro de Justicia, Dom  Jose Cardozo...

Pois é isso...

Invertendo o raciocínio, após ler o texto abaixo eu me pergunto: afinal para que serve José Eduardo Cardoso no Ministério da Justiça? 

Eis o texto do Fernando Brito no "Tijolaço": 



          As instituições de

“brincadeirinha” do Brasil.

 Autor: Fernando Brito
zed

Estamos sabendo, desde ontem , pela Folha, que  ” a Polícia Federal tenta há sete meses ouvir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas investigações instauradas a partir de novos depoimentos dados em 2012 pelo operador condenado no mensalão, o empresário Marcos Valério de Souza”.

Os repórteres da Folha esclarecem que  ”não é uma intimação”,  mas “um convite”.

Ou seja, nada, coisa alguma.

Não tem sentido “bater um papo” sobre acusações a sua honra. Ou há acusações com um mínimo de evidências que justifiquem um depoimento ou não se leva ninguém – menos ainda um ex-presidente da república – a depor numa delegacia, na base do “ouvi dizer”.

Quer ver como isso é obvio?

O que a imprensa diria se Fernando Henrique Cardoso fosse “convidado” para um “papinho” sobre as acusações de compra de votos para a releeição, denúncia que está feita, documentada e publicada? Ou sobre o que seria a “bomba atômica” referida por André Lara Resende, chefe econômico da campanha de Marina Silva, sobre a tentativa de favorecimento do grupo de Daniel Dantas na  privatização das teles?

Afinal, uma acusação da Veja deve ter mais ou menos a credibilidade de um Marcos Valério, não é?

Mas a Folha passou todo o dia de ontem sustentando a história, plantada por “fontes” da Polícia Federal.

Mesmo depois de o próprio Lula dizer  que “nunca fui convidado, notificado, nem pela Polícia Federal, nem pelos meus advogados”, o jornal não dá o braço a torcer.

Insiste na armação, dizendo que o convite tem sido reiterado desde fevereiro e que Lula não o atende por achar que se trata de exploração eleitoral.
O que, aliás, é obvio.

Marcos Valério prestou declarações acusatórias em setembro de 2012. Porque se teria esperado um ano e meio, até a véspera da eleição, para “convidar” Lula, se é que convidaram?

Se a Polícia Federal está com este ânimo de “Vamos Conversar?” bem que poderia chamar o senhor Apolo Santana Vieira, que responde a um processo por contrabando,  e perguntar-lhe como e porque comprou um jato para Eduardo Campos e Marina Silva.

Assim, sei lá, só por curiosidade...

Mas isso não é “republicano” na visão sabuja do Ministro da Justiça do Brasil.