Este texto dispensa comentário além da nossa própria titulação, pois acreditar-se que o jornal "O Estado de S. Paulo" e o Estádio do Mineirão lotado são "o submundo da WEB" é conversa pra mineiro nenhum acreditar...
Aécio e a cocaína no Roda Viva
Aécio tem um problema.
Mesmo num ambiente superprotegido como foi o Roda Viva ontem, a questão da cocaína o assombrou.
O editor da Piauí, Fernando Barros e Silva, fez a pergunta fatal. O desconforto jorrou em golfadas de Aécio.
Me ocorreu a reação histórica de FHC quando, como candidato a
prefeito de São Paulo, ouviu de Boris Casoy num debate pela tevê o
seguinte: “O senhor acredita em Deus?”
Naquela época, FHC não acreditava.
“Mas Boris: nós tínhamos combinado antes que você não faria essa pergunta”, respondeu ele.
Fernando Barros – o único dos entrevistadores que fez ontem algo parecido com jornalismo – perguntou.
A resposta de Aécio – disse, perturbado e irritado, que nunca usou
cocaína – não foi a mais convincente que ele deu na vida, com certeza.
Aécio, numa demonstração de que Minas não o acostumou a lidar com
perguntas embaraçosas de jornalistas, acusou Fernando Barros de já ter
candidato.
Depois, ele confiou na desinformação das pessoas. Afirmou que os elos que o unem à cocaína são fruto do “submundo” da internet.
Temos aí uma visão ampla do “submundo da internet”, então. Incluí o
Mineirão lotado. Em 2008, num amistoso da seleção contra a Argentina, a
torcida gritou: “Ei Maradona, vai se fxxx, o Aécio cheira mais do que
você.”
Pausa para rir.
Bem, o editor da Piauí fez menção ao coro do Mineirão.
Serra também teria que ser incluído no “submundo da internet”. Um
jornalista ligado a Serra publicou no Estadão, quando este e Aécio
disputavam a indicação do PSDB para a eleição presidencial de 2010, um
artigo cujo título era: “Pó pará, governador.” (Aécio era governador de
Minas.)
Serra, pelas costas de Aécio, sempre trouxe a cocaína à cena para boicotá-lo em disputas internas tucanas.
Barros lembrou um artigo de Serra que, do nada, quando mais uma vez
se avizinhava uma competição entre ele e Aécio pela nomeação à eleição
presidencial, anunciava logo na primeira frase que o “consumo de
cocaína” seria debatido no Brasil.
Aécio claramente não está preparado para discutir a cocaína. Ele
parece não ter feito nenhum treinamento com especialistas para se safar
deste tipo de pergunta. Ou, se fez, o treinamento foi inútil, pelo menos
a julgar por ontem.
Houve momentos cômicos no Roda Viva. Num deles, Aécio falou, como um
Catão, do “aparelhamento do Estado” pelo PT. Isso numa emissora pública,
bancada pelo contribuinte paulista e completamente aparelhada pelo PSDB
de Aécio. Até um tuiteiro recrutado ontem pelo Roda Viva para cobrir a
entrevista no Twitter era, conforme alguém descobriu na internet,
militante tucano.
Aécio, desde o início, era uma candidatura de alto risco para o PSDB
pela fama de festeiro inveterado. Ou o partido subestimou o risco, ou
simplesmente não tinha alternativa. Podia terminar em Serra, mais uma
vez.
Para Aécio se livrar do assunto, a única solução é ele fazer um exame
toxicológico. Mas, pelo menos até aqui, ele não mostrou nenhuma
disposição para fazer isso.
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