Quem está por trás da ONG ‘Repórteres Sem Fronteiras’
por : Mauro Donato
Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Demétrio Magnoli, Guilherme Fiúza,
Augusto Nunes, Diogo Mainardi, Lobão, Danilo Gentili e Marcelo
Madureira.
Essa é a escalação da seleção feita por Alberto Cantalice,
vice-presidente do PT, com a qual ele não gostaria de jogar. Em recente
artigo, Cantalice afirmou que esse time não faz outra coisa a não ser
propagar o ódio.
“Diurtunamente lançam vitupérios, achincalhes e deboches contra os
avanços do país visando desgastar o governo federal e a imagem do Brasil
no exterior. Inimigos que são das políticas sociais, políticas essas
que visam efetivamente uma maior integração entre todos os brasileiros
pregam seu fim (…) são contra as cotas sociais e raciais; as reservas de
vagas para negros nos serviços públicos; as demarcações de terras
indígenas; o Bolsa Família, o Prouni e tudo o mais.”
Obviamente a mais feroz reação veio de Reinaldo Azevedo que ameaça
processar Cantalice. E contou com algum apoio do Repórteres Sem
Fronteiras. De resto, o próprio Azevedo queixou-se do silêncio dos
colegas de classe.
Nem sempre personificar é bom. Nem sempre não quer dizer nunca.
Listar quem só fomenta o pessimismo e depreciação da classe política é
até didático nesse caso. A generalização trouxe alguns efeitos
colaterais durantes as manifestações. Criticar a “grande mídia” sem dar
nome aos bois fez com que muitos repórteres e jornalistas fossem
expulsos das ruas ou mesmo agredidos. Aconteceu até com Caco Barcellos.
E como posicionou-se o Repórteres Sem Fronteiras? Emitiu uma nota
mencionando preocupação com a “tensão entre governo e jornalistas da
oposição”, como se um cerceamento da liberdade de imprensa estivesse em
marcha, fazendo coro ao discurso atualmente disseminado pela mídia entre
as classes menos informadas.
Primeiro, Cantalice não é governo, é
o vice-presidente do partido. Segundo, a Repórteres Sem Fronteiras não
goza de isenção para dar esse pitaco.
A ONG é sensivelmente opositora de governos de esquerda e sua preocupação com jornalistas costuma seguir a mesma tendência.
Quando tropas americanas atacaram o hotel Palestina em Bagdá e três
jornalistas que cobriam a invasão dos EUA no Iraque morreram, a ONG não
fez estardalhaço. No mesmo dia a sede da TV Al Jazeera também foi
atacada. O RSF não condenou as mortes. E há inúmeros outros exemplos.
Causa desconfiança o fato da entidade ser financiada por campanhas
americanas contra governos que lhe são contrários. Cuba e Venezuela são
fregueses de carteirinha. Quem faz os aportes em nome do governo dos
Estados Unidos é a National Endowment for Democracy (Fundação Nacional
pela Democracia). Maxime Vivas, escritor francês, lançou há alguns anos o
livro ‘A Face escondida do RSF’ no qual indica as relações da
organização com o governo dos Estados Unidos e com a CIA.
Foi Vivas quem denunciou a cumplicidade do fundador e diretor Robert
Ménard do Repórteres sem Fronteiras com os órgãos norte-americanos de
inteligência ao mencionar o Center for a Free Cuba e a NED como
seus únicos patrocinadores durante aquela longa gestão. Ménard, tal
qual Reinaldo Azevedo, ameaçou processar o escritor, mas bateu em
retirada. Tempos depois, manifestou sua simpatia pela Frente Nacional,
partido de extrema-direita da França que prega o racismo, a xenofobia e
demais devaneios.
A Veja nos últimos dias tem se referido a ela como a “respeitada
organização Repórteres Sem Fronteiras”. Como diria Gilberto Gil: procure
saber.