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sexta-feira, 2 de maio de 2014

A verdade, sem retoques...

Aos 71 anos, vivendo de parca aposetnadoria do INSS, sem plano privado de saúde dependo hoje do SUS e seus bons serviços. Por isso, tocam-me profundamente as matérias que valorizam o programa federal do "Mais Médicos". 

Esta abaixo, foi tirada do Blog "Lata D´Agua SP - Política sem racionamento" e vale a pena ser lida.


Mais Médicos versus mercadores da saúde

Dilma reafirmou na semana passada o que a maioria das pessoas atendidas no País tem dito, desde a implementação do Programa Mais Médicos - em julho do ano passado -, que os médicos cubanos são mais requisitados pelos prefeitos por serem mais atenciosos que os profissionais formados no Brasil.

Em jantar com jornalistas esportivos em razão da Copa do Mundo, na segunda-feira (28), a presidenta elogiou o tratamento dos profissionais cubanos do programa Mais Médicos, definindo-o como mais "humano". "O padrão de atendimento dos cubanos é melhor que o nosso", afirmou Dilma, em relação ao tratamento inicial oferecido aos pacientes pelos médicos brasileiros nos serviços públicos de saúde. Segundo ela, ao todo são 14 mil médicos cubanos trabalhando no País.



Se 75% da população é favorável ao programa, porque em muitas cidades do País tem gente vendo pela primeira vez um médico hoje, amanhã, depois e depois atendendo na Unidade Básica de Saúde, esse sentimento somente não seria manifestado pela presidenta caso fosse insensível à aprovação popular e ao sentimentos de gestores.

Mas, o Conselho Federal de Medicina (CFM), aquele que controla a máfia do jaleco branco - que inclui alguns profissionais que se formaram médicos não para atender no sistema público, investigar as causas de uma doença e buscar a cura ou a minimização da dor, mas para ganhar muito dinheiro e ser chamado de doutor - divulgou nota ontem (1º), feriado do Dia do Trabalhador, rechaçando a declaração da presidenta Dilma.

"Tal afirmação representa mais uma agressão direta e gratuita aos 400 mil profissionais que têm se empenhado diuturnamente no suporte às políticas de saúde e no atendimento à população nas redes públicas e privada", diz trecho da carta aberta à presidenta.

Vejam que interessante, o CFM afirma no documento que a medicina brasileira está entre as melhores do mundo, embora o sistema público esteja em crise. 

Senhores, a Organização Mundial da Saúde recomendava em 2011 para que países em desenvolvimento conhecessem a Estratégia Saúde da Família, que na avaliação da organização internacional, é uma das mais eficazes no que tange ao acolhimento no território. Esqueceram de dizer que a crise no SUS ocorre fundamentalmente pela falta de médicos para garantir atendimento com continuidade.

A entidade aproveita a carta para repetir os mesmos pedidos: aumento de investimentos em saúde, modernização da gestão do setor e criação de uma carreira pública para os médicos e outros profissionais do SUS. "Apenas acompanhamos pela TV o anúncio de um programa de importação de profissionais que está longe de resolver de forma estruturante o caos da saúde", critica.

Realidade

É, mas a realidade é outra, senhores! Que o diga a agricultora Francilene Oliveira da Silva, que amargou longos 12 anos com uma ferida na perna até se tornar uma úlcera. Ela peregrinou por Natal, Mossoró e outras cidades da região procurando um médico para curar uma úlcera, mas não tinha sucesso. Começava o tratamento várias vezes, mas não resolvia o problema, até começar a ser tratada pela médica cubana Yuleisi de La Cruz Carmenaty, do programa Mais Médicos, que acompanhou Francilene durante um mês e meio até conseguir curá-la.

Francilene é moradora do município de São Miguel, sertão do Rio Grande do Norte (RN), com aproximadamente 22 mil habitantes, a cidade recebeu três profissionais do programa Mais Médicos e hoje conta com nove médicos no serviço de Atenção Básica. Número que permitiu aumentar a cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF).

“A gente teve uma melhora grande na atenção básica. Nunca conseguíamos atingir nem 80% de cobertura, agora estamos com quase 100% da população coberta”, contou Maria Shimeny Emídio Vieira, secretária municipal de Saúde de São Miguel (RN), à equipe do Blog da Saúde. Segundo Maria, a maior dificuldade era encontrar médicos que pudessem cumprir a carga de 40 horas semanais nasUnidades Básicas de Saúde (UBS).

A Dra. Yuleisi contou que Francilene sofre de insuficiência vascular, o que provocou sua úlcera. “Como a infecção era muito forte, os cremes somente não resolviam. Tivemos que receitar um antibiótico para acabar com a infecção. Depois ficamos hidratando e acompanhando a evolução da ferida”, explica Yuleisi. A paciente ressaltou ainda a importância dos métodos fitoterápicos que a médica receitou e que ajudaram muito na cura.

Segundo a agricultora, hoje a UBS é o único lugar que ela, os vizinhos e toda a população da região se dirigem para buscar um atendimento médico. Após curar a úlcera, Francilene continua frequentando o posto de saúde para levar os filhos, que sofrem de epilepsia. “O posto de saúde quase sempre estava sem médicos e muitas vezes só era atendida por enfermeiras”, conta Francilene. Agora ela e os filhos podem ser acompanhados periodicamente por uma médica.

Ou seja, não adianta espernear pela "reserva de mercado", porque os profissionais médicos que chegaram de Cuba, Argentina, Espanha e tantos outros lugares, assim como os brasileiros que se formaram fora do Brasil e até alguns formados aqui em terras brasilis e comprometidos com a profissão, têm um diferencial: gostam de atender, acolher e oferecer resolutividade. O resto é mercantilismo....

Sobre o Mais Médicos

Lançado pela presidenta Dilma Rousseff, o Programa Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de aperfeiçoar a formação de médicos na Atenção Básica, ampliar o número de médicos nas regiões carentes do país e acelerar os investimentos em infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde.

O governo federal já enviou 13.235 médicos aos municípios do Brasil, muitos dos quais que não tinham um médico sequer em suas unidades básicas de saúde, porta de entrada do sistema público. Esse número de médicos garante a assistência direta a 45,6 milhões de pessoas na atenção básica. E para aqueles que acreditam que esse será o provisório para sempre, o Mais Médicos também prevê ações estruturantes voltadas à expansão e descentralização da formação médica no Brasil. Até 2018, serão criadas 11,4 mil novas vagas de graduação em Medicina e mais de 12 mil novas vagas de residência médica.
(Mariáh, com informações do Blog da Saúde e Uol)
Foto: Francilene Oliveira da Silva e Yuleisi de La Cruz Carmenaty (Blog da Saúde)