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terça-feira, 1 de abril de 2014

Só precisa melhorar o governo...




A frase do título, completamente fora de contexto, foi dita na manhã desta terça feira, pela apresentadora do programa “Fala Brasil” da TV Record, por volta das onze horas, logo após a apresentação de matéria copiada da TV inglesa sobre a atenção que despertam crianças sozinhas no meio da rua. Depois de afirmar que “o povo brasileiro é maravilhoso” pela atenção que dá aos menores que aparentam abandono, a moçoila, sem mais aquela se sai com a frase “só falta melhorar o governo”...


Sem qualquer ligação com a matéria ou com um ponto específico do que foi apresentado, a apresentadora, a morena das duas que ocupam a bancada do programa - Carla Cecato, a da esquerda na foto, se não me engano - fez uso da mais antiga técnica de manipulação do telespectador que se conhece na triste história da mídia nacional e razão para que muitos ainda acreditem que o Brasil em 31 de março de 1964 seria transformado numa “grande Cuba” com uma República sindicalista e comunista que comeria criancinhas e profanaria templos.

O uso do genérico “governo” nos remete de pronto ao governo federal, vez que qualquer linguista ou filólogo há de admitir que a referência aos governos do município e do Estado sempre se caracteriza pela adjetivação, ficando para a União a referência genérica de "governo"... Isso mostra a busca subliminar da apresentadora ao fazer campanha política num programa de cunho popularesco na emissora do Bispo Macedo.

Ao contrário da sua principal concorrente que usa a técnica da edição dirigida de seus programas para levar ao ar apenas as chamadas “pautas negativas”, o que a apresentadora do programa fez foi propaganda eleitoral explícita e clara ao praticamente dizer “nós temos que melhorar o governo, tirando esse aí...!”

O governo do PT por incompetência ou temor reverencial se tornou, nos últimos anos, subserviente e omisso em relação aos absurdos do comprometimento partidário da grande mídia brasileira a ponto de ter o seu ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, considerado hoje uma das maiores nulidades que jamais ocupou a cadeira daquele Ministério. A todos nós, telespectadores, nos parece que o PT se acumplicia à própria oposição numa omissão que lhe atinge e que finge não ver, afetando gravemente a democracia e o direito no País.

Propaganda eleitoral subliminar ou travestida de subterfúgios é manipulação e isso está na Lei Eleitoral e muitos foram os políticos que já perderam mandatos ou foram condenados por infringir a regra. Regra que, no entanto, não vale para o partido da Presidente Dilma Roussef, acovardado diante do poder das emissoras de TV e grandes órgãos da mídia impressa.

O que aconteceu antes de 31 de março de 1964 já deveria servir de lição e exemplo não apenas ao Partido dos Trabalhadores, mas a todo brasileiro consciente de que a manipulação de noticiário sempre leva a mudança indevida nos rumos da democracia, constituindo-se, por isso, da mais grave distorção da vontade popular na prática do voto.

A emissora do Bispo e suas concorrentes, quase de forma unânime, usam e abusam desse artifício. Na Globo são as edições manipuladas do noticiário do Jornal Nacional ou as opiniões dos “comentaristas” contratados da GloboNews. Na Bandeirantes a edição de noticiário sempre com um lado só, o de favorecimento à oposição, com os comentários fora de propósito de Ricardo Boechat e Boris Casoy. Agora na Record esses comentários que levam as pessoas mais simples e sem preparo político a absorver o conceito: é preciso mudar o governo...

Creio mesmo que, na verdade, é preciso mudar o Ministro e o governo se assumir, e à Record, procurar caminho mais digno para se opor a sua concorrência.

A fala da moça está no fim deste vídeo: 

http://noticias.r7.com/videos/fala-brasil-testa-o-que-o-brasileiro-faz-ao-ver-uma-crianca-perdida-/idmedia/533ab9870cf2e8e708ce5033.html