Se a Petrobras não se defende, quem a defenderá?
Autor: Fernando Brito - "Tijolaço"
Corretíssima a observação do Luís Nassif, na CartaCapital,
de que a falta de informações da Petrobras faz com que, para parte da
opinião pública vire ”papel passado a versão de que a Astra adquiriu a
Pasadena por US$ 42,5 milhões e revendeu para a empresa brasileira por
US$ 1,2 bilhão”.
Não é a primeira e não será a última vez que a Petrobras sofre e
sofrerá uma campanha difamatória, haja ou não fatos que sirvam de base
real a isso.
Em 2009, claro que também próximo a um processo eleitoral, a empresa criou um blog, o Fatos e Dados – e enfrentou, com informação, toda a campanha que se fazia sobre ela.
Desta vez, porém, não saem nem fatos nem dados da empresa.
Restam apenas, portanto, as versões.
Nassif elenca os detalhes da história, o que não cabe aqui, numa análise político-administrativa.
Claro que, em qualquer grande empresa, pública ou privada, há bons e
maus negócios e, volta e meia, até casos de esperteza de ocupantes de
cargos de direção.
Mas está claro que não podem ser levadas a sério algo tão grosseiro
quanto o que se está alegando, o comprar uma refinaria por mais de US$ 1
bilhão, quando fora adquirida um ou dois anos antes por menos de 5%
deste valor.
Qualquer pessoa com alguma experiência em empresas sabe que um
contrato destes não é feito sem passar por diversas avaliações internas,
de funcionários permanentes, de carreira, das áreas técnicas e
jurídicas.
Não é um “vai lá e compra”.
Nem uma transação assim teria o aval de auditorias internas ou externas (como a do Citibank).
A desculpa do ex-diretor que conduziu o processo, de que enviou o
contrato com 15 dias de antecedência aos integrantes do Conselho de
Administração é ridícula.
Nãos apenas porque foi desmentida por um dos insuspeitos integrantes
privados do Conselho – o empresário Jorge Gerdau Johanpeter, que até
estava no convescote de Aécio – mas porque o contrato, em si, só serve
aos altos dirigentes de uma empresa para comparação com os pareceres que
recebeu dos especialistas técnicos, econômicos e jurídicos que
validaram seus termos.
Mas o que impera, solitário, na avalanche de notícias sobre a Petrobras - clique aqui para ver a disparidade da cobertura da Globo sobre
este caso e o dos trens paulista,s onde há provas e até confissões –
são afirmações vagas, escandalosas, sobre situações impossíveis numa
empresa cheia dos controles externos da chamada governança corporativa
e, ainda que se possa descrer dos nossos, também sujeita às regras da
lei Sabanes-Oxley, aplicável a todas as empresas com ações na Bolsa de
Nova York, que prevê uma série de mecanismos de auditoria e seguranças
confiáveis.
Os defensores da Petrobras – a quem a mídia chama de “blogueiros
sujos” – não estamos pedindo anúncios, destes que a empresa distribui em
quantidade a seus inimigos.
Pedimos, apenas, informação – e não exclusiva, mas pública.
Ninguém pode ser pretensioso ao ponto de achar que sua própria
integridade pessoal é forte o suficiente para resistir a uma onda de
exploração e ódio político contra nossa maior empresa, a Petrobras, e
nosso maior tesouro, o pré-sal.