Novos empregos dobram em fevereiro: é a “crise” da Dilma
"Brasil dobra criação de empregos formais em fevereiro".
Não sou eu quem está dizendo, mas a Folha. Só que se engana quem
imagina que esta é a manchete do jornal. Nem saiu na primeira página. A
notícia mais importante para os trabalhadores brasileiros saiu num pé de
página do caderno Mercado.
É assim que costuma agir a nossa isenta imprensa, ao contrário da
máxima de Rubens Ricupero: o que é bom a gente esconde; a notícia ruim é
superdimensionada e ganha todos os destaques, como se pode ler na
manchete de capa do caderno: "Rombo do setor elétrico pode subir R$10
bi". Na mesma página, outra previsão catastrófica: "Luz levará inflação
ao topo da meta, fiz FGV". Poder, tudo pode. O problema é que raramente
estas previsões se confirmam, e depois ninguém fala mais nisso.
No mesmo dia, no mesmo país, na direção oposta, o site de política
Brasil 247 mostra os primeiros números da economia em 2014, todos eles
positivos: "Com prévia de crescimento de 2,26% em janeiro, aumento de
3,1% na atividade industrial, criação 111% maior de empregos no primeiro
mês do ano sobre mesmo período de 2013 e manutenção de investimentos,
economia real deixa pregadores da catástrofe falando sozinhos".
O aumento de 3,1% na indústria foi medido pelos economistas do Banco
Itau, lideres implacáveis da bancada financeira de oposição ao governo,
que também verificou um aumento de 2,1% no comércio varejista.
O que vão dizer agora os analistas, colunistas, comentaristas e
blogueiros que vinham anunciando a "crise" final do governo Dilma?
Depois, eles ficam surpresos com as pesquisas que apontam folgada
liderança de Dilma na corrida presidencial, não entendendo como os fatos
e os eleitores se recusam a obedecer às suas apocalípticas previsões
sobre a chegada do fim do mundo.
No próximo final de semana, deve ser divulgada nova pesquisa Ibope e
aí veremos de novo aquele chorrilho de explicações dos "especialistas"
tentando entender o "fenômeno" da presidente, que é diariamente
massacrada na mídia e continua com altos índices de aprovação para o seu
governo. Os sábios só se esquecem de uma coisa: o que importa para a
maioria dos trabalhadores/eleitores é justamente o nível de emprego e de
renda, que continuam mostrando números positivos.
Arranca-rabos no Congresso Nacional entre o governo, o PMDB e o PT,
palanques estaduais, fofocas sobre as "regalias" de ex-dirigentes do PT
presos na Papuda, problemas nos estádios da Copa do Mundo, críticas
sobre a modesta minirreforma ministerial _ tudo isso passa longe da
cabeça do eleitor na hora de decidir o seu voto. Vai ver no ponto de
ônibus se alguém sabe quem é Eduardo Cunha.
Se está satisfeito com a vida que leva, com o emprego e a renda que
conquistou, vota pela continuidade; caso contrário, vota na
oposição, desde que alguém lhe apresente um bom motivo para isso e lhe
garanta uma vida melhor com propostas concretas e não só discursos. Até
agora, não apareceu este personagem, e já andam falando até em colocar
FHC como vice de Aécio Neves para salvar a candidatura tucana, enquanto
Eduardo Campos e Marina Silva ainda discutem a relação antes de
oficializar o casamento várias vezes adiado.
Entre a vida real e a vida retratada pela mídia há um abismo cada vez maior.