Hoje pela manhã eu me irritei com a postagem de uma coxinha com um vídeo da Brahma alterado para satirizar a Copa do Mundo. Fui lá, não aguentei e postei uma resposta malcriada sugerindo que devíamos mesmo acabar com tudo neste país de merda e mudar para Miami....
Mas, curiosamente, logo depois dei com este texto do Leonardo Sakamoto e me dei conta de que estava agindo como mais um imbecil na internet...
Por isso, não sendo este um blog de auto-ajuda mesmo assim pensei importante partilhar isso com os meus leitores:
Dez dicas para não ser visto como idiota na internet
sex, 14/02/2014 - 00:37
Leonardo Sakamoto
Uma amiga ligou e confessou estar #xatiada com o clima cada vez
mais violento das redes sociais e páginas da internet, com pessoas
pedindo o sangue umas das outras. Como se a nossa sobrevivência
dependesse de postagens e tuítes destruidores. Ela queria saber se o
mundo enlouqueceu ou se estava sensível demais.
Atravessamos a adolescência da internet, em que as pessoas estão com
os hormônios à flor da pele, descobrindo para que servem certas partes
do corpo, e fazendo besteira loucamente.
Os formadores de opinião têm
uma parcela grande de responsabilidade em incendiar o pessoal que não
estava acostumado com o debate público. E feito uma criança que nunca
viu um gatinho, maltrata o bichinho quando ganha um.
Cultura política deveria ser algo melhor fomentado, desde cedo, não
só via estrutura formal de educação, mas ao longo da vida através de
espaços públicos e meios de comunicação, evitando simplificações
políticas, onde há complexidade de matizes e zonas cinzentas. E
mostrando que temos o direito de discordar das pessoas e continuar amigo
delas, apesar do beicinho de desaprovação dos que estão à nossa volta.
Para ajudar nisso, listei, com a ajuda de amigos, dez dicas para não
ser um idiota na internet. Pois um pouco, é claro, todos somos.
Bora lá:
1) Não existe Verdade absoluta. O que temos são pontos de vista e é
até aceitável que cada um veja o seu como a sua verdade suprema. Então,
defenda o seu argumento mas sem nunca esquecer que ele é apenas isso: a
interpretação do mundo que você resolveu chamar de sua. E que, do outro
lado, tem uma pessoa – não um perfil, página ou conta de twitter.
2) “Tá bom, mas não se irrite!'', como dizia o sábio Roberto Bolaños.
Você não acha idiota alguém que entra no carro e passa a ver provocação
em tudo no trânsito? Então, não faça o mesmo com o teclado. Respire,
acalme-se, conte até dez. Coloque uma musiquinha do Kenny G.
3) Antes de postar, pergunte-se: este comentário é realmente
necessário? Não estou dizendo relevante porque provavelmente não é, tal
qual este post. Mas necessário. Se está postando algo só para magoar
alguém, putz, sinto informar que você tem problemas sérios… E recuse
pauperizações. Porque o discurso indignado fundamentado na própria
indignação não vale nada: o vazio conceitual de muita gente faz com que
suas posições se confundam. Sejam de esquerda, sejam de direita. Se é
pra falar mais, num mundo já tão saturado de palavras, que se fale bem.
4) Petralhas. Tucanalhas. Amantes da Coreia do Norte e de Cuba.
Burguesia fétida e morfética. Mensaleiro. Trensaleiro. Esquerdista
caviar. Direitista pão com manteiga. Corinthiano. Sabia que atacar o
argumentador ao invés do argumento em um debate entrega o quão vazio
você é?
5) Leve o Facebook e o Twitter menos a sério. Vou revelar uma coisa
que, talvez, não acredite: o mundo vai continuar girando mesmo sem suas
postagens nas redes sociais. Aterrorizante, não? Pois, na maioria das
vezes, elas são conversas de boteco digitais. Um papo com breja não é
tão importante quanto o nascimento da primeira filha, então,
contenha-se.
6) Primeiro, leia um texto inteiro (e não apenas o título) e tente
entender o que a pessoa escreveu antes de comentar. Nem tudo é preto no
branco, considere tons de cinza. Lembre-se que a língua portuguesa tem
figuras de linguagem – ironia, principalmente. Não insira palavras e
ideias que não estão na postagem alheia ou aplique intepretações malucas
escondidas que só os paranóicos vêm. Vai por mim, nem tudo na internet
foi publicado para te irritar.
7) Você não está sozinho quando posta uma abobrinha. Milhares de
pessoas podem estar lá vendo. Faça um teste: vá até a conexão das
estações Consolação e Paulista do metrô e grite a plenos pulmões aquelas
coisas fora da casinha que você costuma gritar na rede. Se ninguém
estranhar, publique.
8) Há pessoas preocupadas apenas em ganhar debates e ignoram as dores
do outro. E ofendem, xingam, maltratam, espantam. E há aquelas que
querem construir algo através deles. E ouvem, entendem, toleram,
absorvem. Qual desses grupos você acha que vai deixar saudades se
partir?
9) Opiniões díspares não devem nos afastar e discordâncias não devem
nos separar. Aliás, ninguém concordará com tudo o que está aqui, pois
esta lista é arbitrária como toda lista, repleta de equívocos. Nada é
tão certo. Nada é tão simples.
10) Aprenda a rir de si mesmo. Todos temos estilos, contradições,
somos caricatos. Leitores atentos percebem isso e vão cutucar você. Não
se ofenda. Ria junto. Diz muito sobre a inteligência de uma pessoa a
capacidade de autocrítica que ela tem. Enfim, #somostodosridiculos.