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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O recado bem dado...

No "Fora da Pauta" do Portal Luís Nassif Online encontram um texto assinado por Diogo Costa que trata desse episódio das críticas no site do PT ao neto do Nordeste,  Eduardo Campos, aquele dos olhinhos verdes, e que bem traduz a importância dessa nova "crise" que a Mídia da Casa Grande quer jogar no colo da Dilma... 

Significados de um revelador episódio

ENTRELINHAS

 
Causou certo burburinho no dia de anteontem o texto veiculado através da página do Partido dos Trabalhadores no facebook. Tratava-se de um texto com críticas ao atual ocupante do Palácio das Princesas. Um texto brando, suave e ameno, incomparável com as críticas que o Partido dos Trabalhadores sofre diuturnamente pelo aparelho oligopólico de mídia de Pindorama.

Ao que parece esse texto foi apenas um recado do tipo: "Olá, estamos aqui e sabemos o que você fez no verão passado. Abraço". Ou, já que estamos a falar de redes sociais, uma "cutucada" (que até hoje não descobri direito para que serve...). Prestou, ao fim e ao cabo, para confirmar algumas teses que antes figuravam como hipóteses no horizonte próximo. Imediatamente os veículos oligopólicos de mídia se refestelaram ao dar amplo destaque negativo ao Partido dos Trabalhadores, acusando-o de atacar a outrem.

Brevemente o PSDB, principal partido oposicionista e oponente primordial do PT há vinte anos, saiu em defesa de um jovem neto que não era Aécio, mas sim o de olhos verdes. Ao medir a temperatura do episódio nota-se que repetir-se-á em 2014 os mesmos procedimentos havidos em 2006 e em 2010. Em 2006 com Heloísa Helena e em 2010 com Marina Silva. E quais são estes episódios?

Os episódios em questão, e que repetir-se-ão, dizem respeito aos tapetes vermelhos e rosas brancas, além de fartos espaços midiáticos que serão oferecidos com indisfarçável contentamento aos que se dispuserem a cumprir o papel de se opor, com maior ou menor virulência, ao Partido dos Trabalhadores.

Assim como Heloísa e Marina foram tratadas com todo o carinho pelos meios oligopólicos no passado, os que se dispuserem a repetir o posicionamento de ambas em 2014 também receberão honras e amigos editoriais interessados em interromper o processo político iniciado em 2003.

O que pode mudar com relação aos tempos passados é o papel do PSDB (o PSDB ainda existe?). O partido que comanda os dois maiores estados do país parece estar em profunda letargia, mergulhado numa hibernação política da qual não sabe como sair. Aécio Neves tem se esmerado em ser uma liderança displicente. Poucos dias antes do fim do prazo para filiações e trocas partidárias (05 de outubro de 2013) o neto de Tancredo, ao invés de acelerar conversações em solo pátrio, preferiu ir para os EUA e falar mal do Brasil. Que baita tirocínio político!

Ao que parece Aécio teve até agora uma vitória de Pirro sobre José Serra, que já lhe custou, pelo menos por enquanto, o apoio do PPS. E assim vai caminhando, errático, o maior partido de oposição. Terceirizaram a ação política para os grandes meios de imprensa durante anos e agora parecem sedados e conformados com a falta de perspectivas. Sempre reativos, sempre respondendo (com platitudes) aos posicionamentos do governo federal ou sempre chancelando as letras de colunistas marcadamente anti petistas.

Não é triste constatar que um partido que ficou durante oito anos na presidência da república, e que há vinte anos rivaliza com o Partido dos Trabalhadores, prestou-se ao ridículo papel de sair em apaixonada defesa de seu mais novo aliado (que pode inclusive ultrapassá-lo dentro em breve na corrida eleitoral)?

Ora, no episódio do texto já referido é possível aventar várias teses, mas é impossível negar que a exposição pública ficou única e exclusivamente com o PT e com o rapaz nascido na terra natal de Luiz Inácio Lula da Silva! O PSDB se auto relegou ao papel de um prestimoso auxiliar do jovem dos olhos verdes, pronto para socorrê-lo dos "ataques" do PT! Existe algo mais patético?

É por essa e outras que Dilma Rousseff continua nadando de braçadas. O PSDB abdica de ser um partido e parece fazer questão de se colocar como um satélite (da mídia e da "nova" oposição). O partido de Marina Silva, por sua vez, vive o dilema de ter participado durante onze longos anos do governo federal, beneficiando-se diretamente de tal participação, e agora estar as voltas com o giro de 180º empreendido por seu presidente. Como explicar ao povo brasileiro que alguém possa virar a casaca de maneira tão brusca e cuspir tão alegremente no prato em que comeu até ontem?

Talvez vejamos ao final de 2014 um processo de fusão interessante no Brasil. O desenrolar do processo político caminha célere para a emergência de um novo pólo oposicionista. O PSDB se esforça para abdicar do papel de liderança maior da oposição em favor de outra força que ainda não se sabe se está madura para assumir esta responsabilidade.

Não seria mais producente que o PSB e o PSDB confirmassem no futuro próximo o noivado que saboreiam desde o ano passado? A única briga deste casamento seria para batizar a criança concebida com tanto amor e carinho pelas duas enamoradas agremiações... Nada que uma boa conversa não resolva. Se permitem a provocante ousadia, ficaria até interessante batizar a criança de PSDB do B, mantendo o número 40 e as duas aves que hoje caracterizam os noivos.

Por fim, o que sobrou do "episódio do facebook" foi algo praticamente insignificante em seu sentido político. Dilma Rousseff não sofreu arranhão algum, o PT ganhou visibilidade, ainda que negativa por parte da imprensa mercantil (o que em si não é ruim, pois já ocorre desde 10 de fevereiro de 1980) e o PSDB revelou que está cada vez mais próximo de abdicar de sua condição de principal contendor oposicionista.

Quanto ao rapaz do giro de 180º graus, vai trilhando o caminho dos fáceis aplausos que ontem e antes de ontem foram feitos em favor de Heloísa Helena e de Marina Silva. Aplausos que vão e que vem como o vento.

Na política é possível fazer várias coisas, mas é triste quando se perde a identidade. Repetindo, para recuperar-se do processo corrosivo de diluição de sentidos possivelmente os netos famosos venham a criar, dentro em breve, o PSDB do B. Seria mais honesto com a militância de ambas as agremiações.

A fusão seria apenas a oficialização e a materialização do que já ocorre, na prática, em quase todo o território nacional.