A direita e o conservadorismo brasileiros tentaram de todas as formas possíveis e até agora imagináveis, assumir o poder no País. Levaram um presidente ao suicídio; impediram outro pelo parlamentarismo; bateram às portas dos quartéis para derrubar um presidente democraticamente eleito; usaram os militares e seu nacionalismo contra um comunismo que nunca existiu, tentaram cooptar um caçador de "marajás"; elegeram um vendilhão que fez terra arrasada em seu governo e até bolinha de papel tentaram...
Agora, depois de episódios lamentáveis e tenebrosos em Honduras e no Paraguay, investem em nova via para chegar ao governo e acabar de vez com o Brasil. E Miguel do Rosário, no "Tijolaço" levanta a dúvida que já não é mais dúvida e sim certeza...
STF virou um partido político?

As primeiras notícias deste domingo são alarmantes. Na Folha, me
deparo com a seguinte manchete: Congresso inerte é risco à democracia,
diz ministro do STF (Luis Barroso).
Concordo com a frase. Com certeza, milhares de brasileiros repetem-na
diariamente em botequins, cafés e universidades. Só que não ela não cai
bem num ministro do Supremo, ainda mais para justificar uma invasão de
poderes. Barroso diz que o STF tem de “empurrar a história”. Sim,
ministro, mas para onde? Para o abismo?
O STF acabou de protagonizar a mais vergonhosa de suas atuações em
décadas, que foi o julgamento da Ação Penal 470, onde condenou sem
provas e se submeteu covardemente às ordens da mídia, e agora vem posar
de paladino da democracia?
Ao apelar a uma suposta “voz das ruas”, o STF tenta se redimir da
vergonha que foi a Ação Penal 470 e salvar-se do naufrágio de seu
prestígio segurando uma bola de chumbo, pois ele apenas atropela os
instrumentos que a democracia pressupõe para avaliar a vontade do povo, e
que não inclui, definitivamente, enquetes subjetivas empíricas sobre o
que as ruas pensam.
Ainda neste domingo, ficamos sabendo (via Dora Kramer,
Estadão) que a ex-ministra do STF, Ellen Gracie, se filiou ao PSDB no
dia 5 de outubro. Gracie foi nomeada para o STF por Fernando Henrique e
sua filiação tem coerência, portanto. Mas é uma prova de que FHC, nesse
ponto, foi muito mais esperto que Lula: nomeou tucanos orgânicos para o
Supremo (Gilmar Mendes e Ellen Gracie).
A direita está cada vez se aproximando mais do Judiciário. Falta
agora a esquerda entender que não é inteligente nomear raposas para
tomar conta do galinheiro.
Ainda segundo a colunista do Estadão, Joaquim Barbosa já admite que
pretende seguir carreira política. Dora Kramer é direta: Barbosa estuda
entrar numa legenda de oposição ao PT. Numa pirueta de incrível cinismo,
Barbosa diz apenas cuidar para que sua atitude não ponha em dúvida o
seu comportamento no julgamento do mensalão. Imagina se não cuidasse!
A coluna de Kramer é um balão de ensaio. Tem toda a pinta de ter sido
profundamente discutida, tanto com Barbosa quanto com os “conselheiros
mais frequentes” do ministro, que são “marcadamente de oposição”.
“Sobre a hipótese de vir a compor uma chapa como candidato a vice-presidente, não abre nem fecha portas.”
“A melhor porta de entrada na política, na avaliação resultante
das consultas feitas pelo ministro, seria uma candidatura ao Senado pelo
Rio de Janeiro.”
Ao final do texto, Dora vaza o sonho da direita. Ao responder enquete
sobre se aceitaria ou não Joaquim Barbosa como seu parceiro eleitoral,
Aécio Neves responde o seguinte (citado por Dora): “Nosso respeito pelo
ministro é tão grande que sequer aventamos essa hipótese”.
O amor não é lindo?
Dora, a cupido, ainda bota uma azeitoninha na empada de Aécio, ao
acrescentar que o PSDB “anda precisando de reforço justamente no Rio,
domicílio eleitoral do ainda presidente do Supremo.”
Não poderia encerrar esse post, contudo, sem lembrar dois artigos do Código de Ética da Magistratura, conforme publicado no site do Conselho Nacional de Justiça:
Art. 7º A independência judicial implica que ao magistrado é vedado participar de atividade político-partidária.
Art. 8º O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a
verdade dos fatos, com objetividade e fundamento, mantendo ao longo de
todo o processo uma distância equivalente das partes, e evita todo o
tipo de comportamento que possa refletir favoritismo, predisposição ou
preconceito.
PS: Esses dois artigos deveriam ser tatuados em partes visíveis no
corpo dos juízes, assim que entrassem no STF; talvez isso evitasse
vexames, como foi ver Ayres Brito assinando prefácio de livro de Merval
Pereira.