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sábado, 7 de dezembro de 2013

Simples assim...

"Essa mesma imprensa, que em nome da moral, fala tanto do Zé Dirceu, esconde o outro lado que estava com 445 kilos de cocaína dentro de um helicóptero e não conta pra ninguém. É uma anomalia daquilo que a gente deseja que é a liberdade de imprensa", afirmou Lula, esta noite, em encontro com vereadores de São Paulo.

Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula
"Essa mesma imprensa, que em nome da moral, fala tanto do Zé Dirceu, esconde o outro lado que estava com 445 kilos de cocaína dentro de um helicóptero e não conta pra ninguém. É uma anomalia daquilo que a gente deseja que é a liberdade de imprensa", afirmou Lula, na noite passada, em encontro com vereadores de São Paulo.

Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula


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Imagine se o helicóptero com 450 quilos de cocaína fosse de Genoíno


 
 
Por Bob Fernandes - Terra Magazine
 
Vem aí um novo capítulo da novela político-policial do Brasil. Quem seria o dono do Hotel Saint Peter, onde José Dirceu quer trabalhar em Brasília?
 
E José Genoino segue nas manchetes. Ele renunciou ao mandato, e assim não teria como não estar nas manchetes. O problema é quanto ao que e quem não chega, ou não permanece nas manchetes.
 
O ministério público requisitou a suspensão de 10 contratos para reforma de trens em São Paulo. O tal escândalo dos trens e metrô.
 
O promotor Marcelo Milani diz que um pacote de reforma de trens em São Paulo custou mais do que a compra de trens novos.
 
Segundo Milani, em 4 dos contratos não houve competição. Só foi apresentada uma proposta por lote. Valor destes 4 contratos? R$ 1 bilhão e 600 milhões.
 
Cada trem reformado, só o trem, custou 80% do preço de um trem novo, informa o promotor.
 
O metrô alega que a reforma de cada trem custou 60%, e não 80% de um novo trem. Vamos ver o fôlego desse trem…e desse escândalo.
 
Há 8 anos, José Adalberto Vieira da Silva foi preso no aeroporto de Congonhas. Ele era assessor do então deputado estadual no Ceará, e hoje líder do PT na Câmara, José Guimarães. Que é irmão de Genoino.
 
Adalberto foi preso com US$ 200 mil numa valise e US$ 100 mil na cueca, isso em meio às investigações do chamado "mensalão". Hilário, chocante e monumental escândalo, aquele dos "dólares na cueca".
 
Adalberto assessorava Guimarães, lá no Ceará. Mas foi Genoíno quem, mesmo sem indício ou prova alguma contra ele, pagou a conta na gigantesca repercussão daquele fato.
 
Tem gente que não exerce o livre arbítrio. E, por consequência, analisa os outros pelo que carrega dentro de si mesmo, pelo que é.
 
Quem é assim não aceita que liberdade de escolha e liberdade na crítica possam conviver numa só pessoa.
 
Maior cronista do Brasil, Luis Fernando Veríssimo declarou voto no PT por mais de uma vez. E, aos 77 anos, Veríssimo segue dizendo o que pensa. Outro dia ele escreveu:
 
-Proponho o fim da hipocrisia no julgamento de casos de corrupção no país. Oficialize-se, já, dois sistemas de pesos e medidas diferentes. Um que só vale para o PT… e outro para os outros, principalmente o PSDB.
 
Como previsível, aplausos de um lado da arquibancada. O outro lado da arquibancada vaiou. Ou fez que não leu. A proposta de Veríssimo provoca reflexão. E a imaginação.
 
Imagine, cara amiga, caro amigo, que José Genoino não está condenado à prisão. E que ele não é deputado, e sim senador.
 
Imagine que Genoino e um dos seus filhos, que seria deputado, têm um helicóptero. E que nesse helicóptero o piloto é preso, pela Polícia Federal, com 450 quilos de cocaína.
 
Imagine a dimensão, a duração e extensão, o tamanho da repercussão. 
 
Já imaginou?
 
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Foi redator-chefe de CartaCapital. Trabalhou em IstoÉ (BSB e EUA) e Veja. Repórter da Folha de S.Paulo e JB, fez "São Paulo, Brasil" no GNT/TV Cultura. Comentarista da TVGazeta e Rádio Metrópole (BA)