Sou do tempo da Maria Fumaça que nos obrigava, quando andávamos nos trens da saudosa Rede Mineira de Viação, a usar capas e proteção contra fagulhas e fuligem...
Mas, hoje, esse negócio de trem - literalmente falando e não na generalização de nós mineiros - parece ser a coisa mais espetacular do mundo... para os tucanos, é claro.
Veja só o que diz o Miguel do Rosário em matéria de hoje no "Tijolaço":
Suíça enviará ao Brasil documentos comprovando propinoduto tucano
Tucano é um bicho feliz. Desde 2009 que se sabe da propina de 1
milhão de dólares recebida por Robson Marinho, conselheiro no Tribunal
de Contas do Estado de São Paulo, para aprovar os contratos da Alstom.
Mesmo assim, ele continou firme e forte em seu cargo, sem ser muito
incomodado pela imprensa nem pelo Ministério Público.
Trecho de matéria publicada na Rede Brasil Atual, em agosto deste ano:
Em agosto de 2009, a juíza Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, da
13ª Vara da Fazenda Pública da capital paulista, determinou o sequestro
de bens do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Robson Marinho,
incluindo US$ 1 milhão depositado em contas na Suíça, segundo o
Ministério Público paulista. O motivo foi a acusação de recebimento de
propina da empresa francesa Alstom por contratos com o Metrô. Marinho
negou, mas o MP viu motivos robustos para prosseguir na investigação,
que corre em sigilo.
Mas parece que este trensalão da alegria, que já rodou muito, pode
estar chegando a sua última estação. E não é com “domínio de fato”, nem
com provas do tipo: “a literatura assim me permite”, nem com ilações
vagas. É documento, prova física, incontestável.
Segundo reportagem da Istoé deste final de semana, chegarão ao
Brasil, nas próximas semanas, documentos suíços comprobatórios da
participação de Marinho e outros tucanos graúdos, como Jorge Fagali
Neto, nos esquemas de corrupção e cartel no sistema de trens de São
Paulo.
Leia abaixo a íntegra da matéria publicada na edição da Istoé desta semana:
*
Arquivo Alstom
Chegam ao Brasil documentos da Suíça sobre o esquema de corrupção
que originou o escândalo do Metrô paulista. São provas de que políticos
do PSDB receberam propina da multinacional francesa em troca de
contratos na área de energia
Pedro Marcondes de Moura, na Istoé.
O PSDB paulista começará 2014 da mesma forma que terminou 2013:
enrolado em um escândalo de corrupção. De acordo com promotores e
procuradores ouvidos por ISTOÉ, em fevereiro está prevista a chegada ao
Brasil de uma leva de documentos até então em posse de autoridades
suíças. Eles comprovam, segundo os investigadores, o pagamento de
propina pela multinacional francesa Alstom para obtenção de contratos
com estatais da área de energia. A papelada inclui registros bancários e
movimentações financeiras feitas no país europeu por suspeitos de se
beneficiarem do esquema, como Robson Marinho, chefe da Casa Civil
durante o governo Covas, e Jorge Fagali Neto, ex-diretor dos Correios do
governo Fernando Henrique Cardoso. Até agora, dez pessoas foram
indiciadas pela Polícia Federal. Entre elas está o tucano Andrea
Matarazzo, secretário estadual de José Serra e Mário Covas. O Ministério
Público paulista e o Ministério Público Federal esperam a nova leva de
documentos há três anos. Em agosto, quando estavam em vias de ser
enviados, Robson Marinho e Fagali Neto ingressaram na Justiça suíça para
impedir que as informações sobre suas contas chegassem às mãos dos
responsáveis por investigar o caso no Brasil. Recentemente, no entanto, o
pedido foi negado. Agora só falta a autorização do juiz do Tribunal
Penal de Bellinzona, na Suíça, para que os papéis desembarquem no País.
Marinho foi alçado por Covas ao cargo de conselheiro do Tribunal de
Contas do Estado (TCE-SP). No exercício da função, teria julgado
regulares contratos da Alstom em troca de suborno. Além de viajar com
despesas pagas, Marinho recebeu, de acordo com promotores, US$ 1 milhão
em propina em uma conta na Suíça, bloqueada pela Justiça. Seu patrimônio
é extenso – inclui até uma ilha em Paraty, no Rio de Janeiro. Em uma
leva de documentos já enviada, as suas iniciais (RM) aparecem em um
memorando da Alstom que identifica os benefi-ciários da propina. Os
indícios de seu envolvimento chamam a atenção. Em um trecho do documento
em francês, RM aparece como “ex secretaire du governeur” ou
ex-secretário do governador. Já outro diz que o dinheiro é destinado ao
“le tribunal de comptes”, Tribunal de Contas.
(Acusado: O conselheiro do Tribunal de Contas Robson Marinho é investigado por receber propina para aprovar contratos)
O desembarque dos documentos deve complicar também a situação de
Jorge Fagali Neto. Ex-secretário de Transportes e diretor dos Correios
na gestão FHC, ele é acusado de usar o seu trânsito no tucanato para
favorecer a Alstom. Para tanto, recebeu da empresa cerca de 7,5 milhões
de euros, no banco Safdié, na Suíça. O dinheiro, que está bloqueado,
veio de outra conta no país: a Marília, aberta sob o número 18.626 no
Multi Commercial Bank, atual Leumi Private Bank. Como ISTOÉ mostrou, ela
foi usada para abastecer o esquema. Pelo envolvimento com a máfia do
setor elétrico, Fagali foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção
passiva, entre outros crimes. As informações suíças devem dar mais
subsídios às acusações. Irmão do ex-presidente do Metrô na gestão Serra,
Fagali é alvo de suspeitas de ter operado também na área de transporte
sobre trilhos com a Alstom e também com a multinacional Siemens. E-mails
entregues por uma ex-secretária dele ao MP mostram sua proximidade com
lobistas, servidores paulistas, políticos e empresas envolvidas no
esquema disseminado nas sucessivas gestões do PSDB.