Querem mais superavit primário? Pois vejam de quem isso tira dinheiro: dos pobres
2 de Dezembro de 2013 | 00:05 Autor: Fernando Brito
O blog Dinheiro Público,
da Folha, publica três gráficos que reproduzo a seguir, com alterações,
para mostrar a evolução dos gastos do Governo Federal com benefícios
sociais – aposentadorias, pensões, auxílios diversos, seguro-desemprego,
abono salarial, assistência a idosos e deficientes e, a partir do
Governo Lula, o Bolsa Família.
Acrescentei aos gráficos o valor que representam como porcentagem do
PIB brasileiro, corrigido, como os demais valores, pelo IPCA.
Verifique, abaixo, como foi o volume e perfil destes gastos no início do governo Fernando Henrique.
Repare que as despesas da previdência significavam mais de 80% dos
gastos totais. Estes, por sua vez, representavam 5,45% do Produto
Interno Bruto do país.
Logo no início do governo Lula, registrou-se uma pequena elevação:
Repare que as aposentadorias e pensões continuaram representando mais
de 75% do total, porque além do crescimento natural, tiveram um salto
com as antecipações de aposentadorias causadas pela reforma da
Previdência, a dobra dos auxílios a deficientes e idosos e o início do
Bolsa Família.
Agora, o último gráfico mostra o que ocorreu durante o Governo Lula e os dois primeiros anos do Governo Dilma.
Fica claro que, se os gastos do Governo Federal tivessem se mantido
nos níveis recebidos por Lula de Fernando Henrique, crescendo apenas na
proporção em que crescia a economia, seria fácil manter a geração de
superávits primários num nível até acima do que os governos do PSDB
fixavam.
Como estes benefícios, na maioria, são relacionados ao
salário-mínimo, é fácil imaginar a redução de gastos se os governos
Lula/Dilma não tivessem produzido uma elevação do mínimo, de cerca de
60%, nos seus governos.
Não são os gastos de custeio da máquina pública ou o da remuneração
dos servidores que estão representando um aumento de despesas públicas.
É o que tem sido transferido – em aposentadorias, pensões, auxílios e
abonos – aos segmentos mais frágeis do povo brasileiro e que faz girar a
economia brasileira.
Quem defende superavits maiores tem de ter a honestidade – e a
crueldade – de dizer que é destas pessoas que se terá de tirar, até
porque são os mesmos que defendem a continuidade de uma política de
juros altos que, todo ano, consome dois terços do valor que se destina a
estes gastos sociais.
E assuma ser o que é: algoz dos pobres.