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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Beneficiando o andar de cima...

Uma boa análise sobre o badalado "superavit primário" é feita pelo "Tijolaço" em texto primoroso para começar a semana... 

Querem mais superavit primário? Pois vejam de quem isso tira dinheiro: dos pobres

2 de Dezembro de 2013 | 00:05 Autor: Fernando Brito
bolsa
O blog Dinheiro Público, da Folha, publica três gráficos que reproduzo a seguir, com alterações, para mostrar a evolução dos gastos do Governo Federal com benefícios sociais – aposentadorias, pensões, auxílios diversos, seguro-desemprego, abono salarial, assistência a idosos e deficientes e, a partir do Governo Lula, o Bolsa Família.
Acrescentei aos gráficos o valor que representam como porcentagem do PIB brasileiro, corrigido, como os demais valores, pelo IPCA.
Verifique, abaixo, como foi o volume e perfil destes gastos no início do governo Fernando Henrique.
gastos1
Repare que as despesas da previdência significavam mais de 80% dos gastos totais. Estes, por sua vez, representavam 5,45% do Produto Interno Bruto do país.
Logo no início do governo Lula, registrou-se uma pequena elevação:
gastos2
Repare que as aposentadorias e pensões continuaram representando mais de 75% do total, porque além do crescimento natural, tiveram um salto com as antecipações de aposentadorias causadas pela reforma da Previdência, a dobra dos auxílios a deficientes e idosos e o início do Bolsa Família.
Agora, o último gráfico mostra o que ocorreu durante o Governo Lula e os dois primeiros anos do Governo Dilma.
gastos3

Fica claro que, se os gastos do Governo Federal tivessem se mantido nos níveis recebidos por Lula de Fernando Henrique, crescendo apenas na proporção em que crescia a economia, seria fácil manter a geração de superávits primários num nível até acima do que os governos do PSDB fixavam.
Como estes benefícios, na maioria, são relacionados ao salário-mínimo, é fácil imaginar a redução de gastos se os governos Lula/Dilma não tivessem produzido uma elevação do mínimo, de cerca de 60%, nos seus governos.
Não são os gastos de custeio da máquina pública ou o da remuneração dos servidores que estão representando um aumento de despesas públicas.
É o que tem sido transferido – em aposentadorias, pensões, auxílios e abonos – aos segmentos mais frágeis do povo brasileiro e que faz girar a economia brasileira.
Quem defende superavits maiores tem de ter a honestidade – e a crueldade – de dizer que é destas pessoas que se terá de tirar, até porque são os mesmos que defendem a continuidade de uma política de juros altos que, todo ano, consome dois terços do valor que se destina a estes gastos sociais.
E assuma ser o que é: algoz dos pobres.