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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Triste sina...

No jornalismo, a ilustração, o cartunismo e as charges ocupam lugar de destaque nas edições diárias de jornais e hoje até em programas de TV. O Brasil já teve e tem nomes de expressão no cartunismo, destacando-se entre eles Henfil e Lan, por exemplo, ainda que este último seja italiano de nascimento, uruguaio de adoção e brasileiro de coração. 

Mas, entre os nosso cartunistas há aqueles que acabaram por aderir a uma espécie de tea-party jornalístico que não faz jus aos seus bons traços. Os irmãos Caruso estão entre eles. O deboche e a falta de sensibilidade empobreceram sua capacidade criativa e eles colocaram lápis, tintas e ideias a serviço do jornalismo de esgoto. 

Hoje está lá na rede: 


 
A MORTE CEREBRAL DE UM CARTUNISTA. 
 
Conheci Chico Caruso em 1977, ocasião em que ele já despontava como um dos melhores caricaturistas brasileiros de todos os tempos. Na época, eu e alguns amigos, como Gualberto Costa (criador do Prêmio HQ Mix) e Ricardo Dantas, fazíamos uma revista underground de quadrinhos, em São Paulo, a Capa. 
 
Um dia, promovemos um jogo de futsal: o time da revista Capa contra os criadores da revista Balão, genial publicação surgida na USP, em meados dos anos 70, em que os irmãos Caruso (Paulo e Chico), entre outras feras, deram seus primeiros traços. 
 
O jogo terminou em 4 x 1 pra eles. A vida seguiu e cada um tomou seu rumo. Depois de breve passagem pelo finado JB, Chico foi contratado pel'O Globo, lá homiziado até hoje, e lá se vão 30 anos de casamento - feliz, presumo. 
 
Nos últimos anos, acompanho, cada vez mais constrangido, a derrocada moral do elemento, que teima em produzir aquelas ridículas "charges" animadas no Jornal da Globo (não por acaso, apenas William Babaack acha graça naquelas idiotices). 
 
 Pois, para mim, Chico Caruso morreu hoje, ao estampar no jornalão golpista e pestilento dos sonegadores este desenho abjeto e cruel. 
 
Que Chico Caruso vá publicar seus cartuns mefíticos no Quinto dos Infernos, para deleite do dono da casa, com quem ele negociou sua alma por alguns trocados.