Uma análise feita pelo Blog "Crônicas do Motta" mostra que Tim Maia, na sua direta linguagem críticaa tinha razão sobre algumas coisas no Brasil:
O país dos absurdos
"Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita."
Seja como for, é uma sentença perfeita.
Tim morreu em 1998, antes portanto de Lula ter assumido a presidência.
O país, depois dele, tem menos pobres, mas eles continuam de direita.
As prostitutas continuam a se apaixonar, os cafetões a ter ciúmes e os traficantes a se viciar.
"A coisa que eu mais odeio é a hipocrisia. É a mentira da mentira" - é outra frase atribuída ao extraordinário cantor, assim como essa:
"Eu não aguento mais a imprensa. Ela está mais preta do que marrom. Todo jornalista gostaria de ser artista, todo redator é aquele que não conseguiu ser escritor e todo mundo quer ser cantor."
Ou mais essa:
"O Brasil é uma terra de mestiço pirado querendo ser puro-sangue."
Como é fácil perceber, não é à toa que os amigos chamavam Tim de "o Síndico" - a sua capacidade de perceber a "alma" do brasileiro era notável.
É verdade que, nos anos em que viveu, ele teve um farto material à sua disposição para dar, como se diz, asas à sua imaginação.
Nem tanto, porém, quanto teria hoje.
Afinal, devem ser poucos os lugares do mundo em que o acusado de um crime tem de provar que é inocente; em que o presidente da mais alta corte judiciária compra imóvel em Miami em nome de empresa fantasma; em que a imprensa não acha importante noticiar a corrupção no governo no maior Estado e na maior cidade da federação; em que notórios contraventores ditam a pauta de reportagem da maior revista do país; em que delegados que desbaratam esquemas de crimes do colarinho branco viram réus da ação; em que procuradores públicos põem em gavetas erradas pedidos de investigação; em que senadores pedem esclarecimentos ao ministro da Justiça por ele ter mandado investigar criminosos.
Fatos como esses, acho, seriam demais até para um Tim Maia.
Para dar conta de tamanha tarefa ele teria de contar com a ajuda, em tempo integral, de outro brasileiro com faro único para descobrir e revelar a canalhice do brasileiro, o infatigável Stanislaw Ponte Preta, criador do imorredouro Festival de Besteiras que Assola o País, o Febeapá.
Que dupla!
E que país!