Depois da inversão do ônus da prova no julgamento da Ação Penal 470 - o "mensalão que não houve" - agora Grão Tucanato - vale dizer Aécim e a Folha de S. Paulo, querem investigar quem encaminhou a denúncia da roubalheira nos trilhos de metrô e trens em São Paulo à Política Federal. Eles não se preocupam com quem roubou e quanto foi roubado não. Para eles o que interessa é esconder a ladroagem.
O Estadão deu assim a notícia:
Cardozo diz que apenas cumpriu seu papel
Ministro diz que adotou procedimento padrão ao enviar para a Polícia Federal documentos recebidos de deputado sobre cartel de trens
Fausto Macedo e Ricardo Chapola - O Estado de S.Paulo
O ministro José Eduardo Martins Cardozo (Justiça) disse
hoje que simplesmente cumpriu o seu papel e dever ao encaminhar para a
Polícia Federal relatório que apontava suposto esquema de corrupção
envolvendo políticos tucanos em cartel no setor metroferroviário de
governos do PSDB em São Paulo, entre 1998 e 2008. Cardozo disse que o
relatório, acompanhado de documentos, lhe foi entregue pelo deputado
licenciado Simão Pedro (PT), secretário municipal de Serviços da gestão
Fernando Haddad (PT).
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Ed Ferreira/Estadão
'Mandei para a PF examinar a plausibilidade', diz ministro
O relatório não estava assinado, diz o ministro. O Estado identificou
Everton Rheinhemer, ex-executivo da Siemens, como autor do documento.
Ele fez delação premiada na Polícia Federal e na promotoria estadual –
em troca do perdão judicial, conta o que diz saber sobre conluio de
multinacionais e propinas para agentes públicos.
"Em junho, aproximadamente, o Simão me procurou e entregou essa
documentação com o relatório e pediu-me que encaminhasse à PF. Ali tinha
uma característica: era um relatório minucioso em alguns aspectos,
acompanhado de cópias de documentos. Adotei o procedimento padrão.
Mandei para a PF examinar a plausibilidade."
Cardozo disse que, nesses casos, a PF faz uma análise preliminar
antes de decidir que procedimento deve seguir. Como a documentação fazia
referência a propinas para políticos e também a cartel de trens – esta
parte já sob investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) –, a PF em Brasília decidiu enviar a documentação com 16 apensos
para a Superintendência Regional da PF em São Paulo, onde é conduzido
inquérito sobre o caso.
"Creio que aí se deu uma confusão", diz o ministro. "O delegado
(Bráulio Galloni, de Brasília) achou que os documentos eram oriundos do
Cade e incluiu esta informação no ofício endereçado à PF em São Paulo.
De fato, não foi o Vinícius (Carvalho, presidente do Cade) que fez o
encaminhamento à PF. Eu tomei essa medida, porque é meu dever. Aí surgiu
esse tiroteio. Se eu não faço isso, vão me acusar de prevaricação. Da
mesma forma, se o Cade tivesse recebido (os papéis) também teria que
mandar para a PF."
O ministro disse que recebeu o deputado petista em sua residência de
São Paulo, em um fim de semana. "Ele disse que queria conversar comigo. O
Simão é um cara muito correto, muito sério, me passou a documentação.
Ele disse: ‘preciso que investigue, já há investigações em curso,
representei ao Ministério Público Estadual, então estou entregando a
você’".
Cardozo disse lamentar "que isso (o relatório) tenha vazado, porque
pode atingir a imagem de pessoas que muitas vezes não tem nada com os
fatos investigados". Ele afirmou que prontamente atenderá, "com o maior
prazer", se for convidado para depor na Câmara.
"Quando a PF investiga algum adversário político, tido como
adversário do governo, dizem que o ministro está instrumentalizando a PF
para os desígnios governamentais. Mas quando a PF investiga aliados do
governo, dizem que o ministro perdeu o controle da PF. Não há
escapatória." / FAUSTO MACEDO e RICARDO CHAPOLA