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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Eu estou aqui para confundir, não informar...




Abelardo Barbosa, o Chacrinha, notabilizou-se nos seus programas de TV por tiradas que acabaram por entrar na história da TV brasileira. A mais notória delas é "Eu estou aqui para confundir, não para informar"...

Com esse episódio da roubalheira dos governos tucanos e o cartel dos trens em São Paulo, os mais emplumados tucanos e a m´dia da Casa Grande estão fazendo uso da frase e usando a tática de acusar ministro, descredenciar investigação da Polícia Federal e e embaralhar notícias com dados e mais dados tudo jogado de maneira a saturar e embaralhar o principal - o desvio de propina para políticos do PSDB apurado por autoridades suiças - jogando tudo na vala comum do dise-que-me-disse... 

Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa comenta: 


A DESINFORMAÇÃO

"O processo da desinformação é uma das técnicas mais elaboradas para ludibriar o pressuposto da objetividade no jornalismo. Em publicidade, isso é virtude; no jornalismo, é pecado mortal.
A técnica é até simples: manipulam-se os significados possíveis de uma informação e entulha-se o contexto com redundâncias, que irão ecoar continuamente a mesma base de significados, até exaurir o receptor do processo de comunicação. As manchetes, artigos e editoriais condicionam o significado; o noticiário produz a redundância desinformativa.
Pode-se afirmar que, quanto mais próximo o receptor estiver do contexto da informação, mais facilmente ele será ludibriado pelas redundâncias, porque o distanciamento ajuda a separar o som original de seus ecos.
Se o produtor do conteúdo jornalístico quiser condicionar o entendimento de um determinado fato, ele destaca um significado específico e depois satura o receptor com informações aleatórias que irão dificultar a apreensão de outro significado para o mesmo acontecimento. Quanto mais próximo do evento, mais o receptor será iludido pelas redundâncias.
Pode-se observar, por exemplo, que o noticiário sobre os escândalos envolvendo autoridades paulistas com a máfia dos fiscais da prefeitura de São Paulo e com a formação de um cartel nas obras do metrô e dos trens metropolitanos faz mais sentido quando é produzido com uma visão mais distante do local dos fatos.
A quinta-feira (28/11) oferece uma oportunidade interessante para analisar esse fenômeno, que costuma ser explorado pela mídia tradicional, principalmente nos assuntos de política e economia. Por exemplo, se o leitor de jornais lembrar da “inflação do tomate”, vai perceber como o aumento do preço de um único produto agrícola foi usado para vender a ideia de que o Brasil estava mergulhando no abismo da inflação.
Personagens blindados
Para fazer o exercício que propomos, basta comparar as primeiras páginas dos jornais paulistas O Estado de S.Paulo e Folha de S. Paulo com o carioca O Globo, nas edições de quinta-feira (28).
O Estado, que no dia anterior havia feito estardalhaço com declaração de líderes do PSDB sobre um dos muitos documentos que compõem o inquérito sobre o cartel de trens, publica uma manchete na qual o principal acusado de organizar o esquema e a lavagem do dinheiro afirma que não pagou propina a políticos.
A Folha, que na véspera também havia dado grande repercussão às queixas de políticos tucanos, abandona o assunto na primeira página mas reconhece, em reportagem interna, que os papéis que apontam para o envolvimento de autoridades mais graduadas estão sendo investigados desde 2009. 
O Globo, que na quarta-feira também havia destacado a denúncia dos políticos do PSDB, de que um dos documentos havia sido falsificado para envolver o partido, se distancia da controvérsia ao publicar, na manchete da quinta-feira, que “PT e PSDB fazem guerra de versões sobre dossiê”.

Texto completo em:  http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/redundancia_e_desinformacao